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Ásia

Contra Coreia do Norte, EUA realizam testes nucleares subcríticos

Testes do gênero são o terceiro realizado pelo governo Biden, que empreende também manobras militares conjuntas com a Coreia do Sul

No último dia 14, os Estados Unidos da América (EUA) realizaram testes nucleares “subcríticos”, um tipo de experimento realizado para estudar as propriedades dos materiais nucleares, como plutônio e urânio, sem desencadear uma explosão nuclear. Esses testes são chamados de “subcríticos” porque a quantidade de material físsil usada é insuficiente para atingir a massa crítica necessária para sustentar uma reação em cadeia nuclear. Segundo a Administração Nacional de Segurança Nuclear (NNSA, na sigla em inglês) do Departamento de Energia dos EUA, esses testes serviram para recolher “dados essenciais” acerca de suas ogivas.

Protesto de autoridades

O governador da província de Nagasaki, Oishi Kengo, apresentou um protesto contra um recente teste nuclear subcrítico conduzido pelo governo norte-americano. Em carta enviada ao embaixador dos EUA no Japão, Rahm Emanuel, no sábado, dia 18, ele afirmou que esse teste aceleraria a corrida armamentista nuclear.

Em ato similar, o prefeito da cidade de Nagasaki, Shirō Suzuki, escreveu uma carta de protesto ao presidente norte-americano Joe Biden e Emanuel, colocando que os testes nunca poderão ser permitidos. Ainda estabeleceu que isso atropela os desejos dos sobreviventes da bomba atômica e de outros que esperam pela paz.

Os testes ocasionaram um retesamento nas relações políticas pelo mundo, com um dos primeiros países a expor a tensão sendo a Coreia do Norte. Em comunicado, o país asiático afirmou que os EUA “não têm o direito de comentar a ameaça de guerra nuclear de ninguém”. Ainda, houve o envio de submarino nucleares pelos EUA para a Coreia do Sul no ano passado, fato que não ocorria há décadas, bem como o planejamento de “um verdadeiro exercício de operação nuclear” com Seul em Agosto.

O ministro prometeu que o Norte protegeria “completamente” os seus direitos e interesses em resposta à crescente ameaça nuclear dos EUA e ameaçou “consequências catastróficas” caso o imperialismo mantenha a continuidade dos exercícios militares conjuntos, concebidos supostamente para simular uma resposta ao potencial uso de uma arma nuclear por parte de Pyongyang.

“Eficácia das ogivas nucleares”

A NNSA, externou em comunicado na quinta-feira, (16), que “depende de experimentos subcríticos para coletar informações valiosas para apoiar a segurança, a confiabilidade e a eficácia das ogivas nucleares da América, sem o uso de testes de explosivos nucleares”.

Assim, supostamente, esse teste não configura uma “explosão nuclear”, respeitando o Tratado de Interdição Completa de Ensaios Nucleares (CTBT), assinado em 10 de Setembro de 1996 pela Assembleia Geral das Nações Unidas, em Nova Iorque.

Mantendo a suspensão de testes nucleares subterrâneos, iniciada em 1992, cinco anos depois essas explosões foram substituídas por testes nucleares subcríticos. Todavia, mesmo estes experimentos podem ocasionar a chamada “supercriticidade”, quando uma reação nuclear em cadeia cresce exponencialmente, como em explosões nucleares.

Mais uma peça

Este foi o primeiro experimento da “série Nimble”, terceiro no governo Biden, e 34º no formato subcrítico anunciados desde 1992, realizado pelo Laboratório Nacional Lawrence Livermore, com apoio do Laboratório Nacional de Los Alamos. Para a NNSA, “este experimento e todos os 33 experimentos subcríticos anteriores dos EUA foram consistentes com o padrão de rendimento zero do Tratado de Proibição Abrangente de Testes Nucleares”.

Para um alto funcionário da NNSA, essa seria uma política de desenvolvimento a longo prazo, sem contraria a política de “rendimento zero”: “Planejamos aumentar a frequência desses experimentos subcríticos para que possamos continuar coletando dados importantes sobre elementos que compõem armas nucleares, sem a necessidade técnica de retornar a testes subterrâneos de explosões nucleares.”

CTBT ainda não ratificado pelos EUA

Atualmente o CTBT é assinado por 181 países e ratificado por 151, entre os signatários que não ratificaram o tratado pelo seu parlamento consta os EUA. Um dos motivos desta ausência de ratificação foi a rejeição do Senado norte-americano à definição incompleta de “explosão nuclear”.

A dubiedade no texto do CTBT, poderia acarretar a interpretação de impedimento de muitos dos experimentos nucleares para desenvolvimento bélico energético. Essa possibilidade ocasionou o questionamento pelo Senado, mesmo com a defesa Departamento de Estado dos EUA de que se poderia contornar essa situação com experimentos subcríticos.

O questionamento do Senado EUA é pertinente, haja vista que esse instrumento legalmente sujeitaria os EUA a situação similar à imposta aos países subdesenvolvidos. Eles não desejam abrir mão de sua autonomia nesta importante questão.

“Rendimento zero”

A política de “rendimento zero” significa o impedimento de pesquisas apresentando fissão do combustível superior à absolvição sem nova fissão, impossibilitando o estudo de reações auto sustentáveis. Na prática, essa política limitaria o desenvolvimento ao ponto de tornar inatingível pelos países em desenvolvimento, o patamar de dominação nuclear atual das nações desenvolvidas.

Embora nem os EUA considerem essas limitações, um impedimento em absoluto com demonstrado pela seção denominada “atividades não afetadas pelo tratado” da explicação do Departamento de Estado:

“É importante enfatizar que o Artigo I proíbe apenas explosões nucleares, e não todas as atividades que envolvam liberação de energia nuclear. É claramente entendido (…) que os EUA continuarão a realizar uma série de atividades relacionadas com armas nucleares (…), algumas das quais, embora não envolvam uma explosão nuclear, podem resultar na libertação de energia nuclear. Tais atividades (…) poderiam incluir: (…) experimentos utilizando reatores de explosão rápida ou de pulso; experimentos usando instalações de energia pulsada; fusão por confinamento inercial (ICF) e experimentos similares; (…) e experiências hidrodinâmicas, incluindo experiências subcríticas envolvendo material físsil.

No que diz respeito à CIF, a declaração dos EUA feita na Conferência de Revisão do Tratado de Não Proliferação – TNP de 1975 estabeleceu que as fontes de energia “envolvendo reações nucleares iniciadas (…) não são consideradas explosões nucleares e não são proibidas pelo Tratado.” Essa política se configura num decreto de morte aos sistemas nucleares de países que ainda não dominam plenamente essa tecnologia.

Intimidação e preparativo no mesmo ato

No programa transmitido pela Causa Operária TV “Análise da Terça”, o presidente nacional do Partido da Causa Operária, Rui Costa Pimenta, apontou o duplo caráter da ação. Tanto intimidatório, como apontado pela Coreia do Norte, quanto preparativo como afirmado pela NNSA.

“Acho que é, ao mesmo tempo, uma tentativa de intimidação dos inimigos e, também, faz parte da preparação militar norte-americana. Tudo que vemos no mundo aponta para: vai ter guerra, vai ter crise, vai ter problema”, declarou Rui.

 

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