O imperialismo segue levando adiante uma intervenção na Geórgia, país do Cáucaso localizado ao sul da Rússia. O alvo é o governo de Vladimir Putin, mas, dada a sua força, os países do entorno são utilizados como base de sustentação da ofensiva, o caso mais importante sendo a própria Ucrânia. No caso da Georgia são as ONGs que trava uma disputa contra o governo que se dá em torno da chamada lei dos agentes estrangeiros, que tem como objetivo expor as ONGs que são financiadas pelo imperialismo. A projeto de Lei avança o parlamento, mas no sábado (18) a presidenta, Salome Zourabichvili, o vetou.
Em um pronunciamento na televisão, ela afirmou: “Hoje eu vetei a lei russa. Esta lei é essencialmente russa em sua essência e espírito. Ela contradiz nossa constituição e todos os padrões europeus, então representa um obstáculo em nosso caminho europeu. Este veto é legalmente correto e será encaminhado ao parlamento hoje. Esta lei não está sujeita a quaisquer mudanças ou melhorias, então o veto é muito simples. Esta lei deve ser revogada”. No entanto, esse veto só irá atrasar a aprovação da legislação, não bloqueá-la. Isso porque o parlamento pode anular o veto com uma votação adicional.
As ONGs criticam o projeto de lei, pois ele se assemelha à legislação russa, mas ignoram que ele também se assemelha a legislação dos EUA e de diversos outros países que se precavem contra intervenções estrangeiras. O PL basicamente exige que organizações não governamentais e veículos de imprensa com mais de 20% de seu financiamento proveniente de fora da Geórgia se registrem como entidades “defensoras dos interesses de um poder estrangeiro”. Parece algo bem razoável, o projeto inclusive diminuiria a influência da Rússia caso ela estivesse financiando organizações que se colocam contra os interesses da Georgia.
A punição para as ONGs que recusarem a fazê-lo e a divulgar informações sobre financiamento estrangeiro, será uma multa de 25.000 laris (US$ 9.360), seguida de multas adicionais de 20.000 laris (US$ 7.490) para cada mês de não conformidade a partir de então. Na terça-feira (14), o Parlamento da aprovou o projeto de lei proposto pelo partido Sonho Georgiano, que está no poder desde 2022. Essa crise, por sua vez, não começou agora, mas sim em 2023, quando houve a primeira iniciativa de aprovar o PL.
O primeiro-ministro Irakli Kobakhidze, do SG, sinalizou a disposição de seu partido de considerar as emendas propostas por Zourabichvili à lei, caso ela as apresente em seu documento de veto. Entretanto, a presidenta está atuando contra o partido do governo e descartou a possibilidade de entrar em “negociações falsas, artificiais e enganosas” segundo ela.
O imperialismo faz uma campanha contra o PL. Inclusive estimulando protestos que se tornaram muito violentos ao estilo das clássicas “revoluções coloridas”. É algo muito interessante, pois o único motivo para imaginar que um protesto surgirá contra uma lei de interferência estrangeira é justamente, pois o país está sobre interferência estrangeira. O que acontece na Georgia é que as ONGs são uma potencial força golpista a serviço dos interesses da OTAN e o governo está se prevenindo contra isso.
Por exemplo, Eka Gigauri, chefe da filial georgiana da Transparência Internacional, a ONG “anticorrupção” que opera no país há 24 anos, afirmou que: “a implicação seria que eles poderiam congelar nossos ativos”. A organização é financiada principalmente por governos do imperialismo europeu. No seu portal internacional inclusive há o orçamento completo, é estranho, portanto, que haja uma preocupação coma lei. Parece apenas uma campanha contra o governo georgiano.
O que está em jogo?
O caso da Georgia é prefeito para se entender a disputa do imperialismo no entorno da Rússia. O país está em estado de efervescência mas pouco se fala de sua própria realidade interna. O imprensa imperialista alega que a intervenção e da Rússia. Enquanto isso os georgianos tentam aprovar uma lei contra interferência estrangeira. A realidade é que outra pequena nação está sendo usada como ponta de lança do imperialismo para desestabilizar a Rússia.
Isso foi feito em outros momentos naquela região. A Chechenia há duas décadas era um desses focos, mas visto que ela faz parte da Rússia, Putin conseguiu acertar a situação e agora o imperialismos foi expulso. A Georgia por sua vez é um ponto de disputa antigo, inclusive houve uma curta guerra em 2008 entre os georgianos e os russos. E qual foi a origem dessa guerra? O fato da OTAN iniciar o processo para incorporar a Georgia.
Finalmente aparece a origem da questão. Tal qual na Ucrânia, é a OTAN quem está por detrás da crise na Georgia. O imperialismo realiza uma intervenção na tentativa de controlar o governo, como fizeram em 2014 na Ucrânia, e assim tornar o país uma de suas bases militares. Nesse caso os planos não parecem que estão funcionando. No entanto, caso a OTAN seja vitoriosa o que acontecerá é que a Georgia se transformará em uma nova Ucrânia pois isso é uma questão existencial para a Rússia. E quem irá mais sofrer é o povo da própria Georgia.
