No artigo No aniversário da Nakba, o enfraquecimento dos inimigos da Palestina alimenta o sonho de libertação, publicado pelo Opinião Socialista, o Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado (PSTU) apresenta uma tese muito interessante para explicar a situação política internacional. Segundo a agremiação morenista, os “inimigos da Palestina” estariam simplesmente “enfraquecidos”. E, portanto, o “sonho de libertação” agora estaria mais próximo.
Que a libertação de um povo seja apenas um “sonho” para o PSTU, já é de se esperar. Estamos, afinal, diante de uma organização que não está envolvida em absolutamente nenhuma luta de libertação, nem mesmo em uma luta que possa ser considerada nacionalista.
O partido morenista, por exemplo, defende os interesses das grandes petroleiras internacionais de manter o petróleo brasileiro embaixo do solo. Sob o pretexto de combater um suposto “aquecimento global” alegado pela Organização das Nações Unidas, o PSTU criticou recentemente o presidente Lula por ter dito que “a Petrobrás não vai deixar de prospectar petróleo, temos que lembrar isso, porque o combustível fóssil ainda vai funcionar por muito tempo na economia mundial”.
O PSTU também deu todo apoio aos batalhões nazistas ucranianos em seu genocídio contra as populações russas da região do Donbas. Nada menos que 14 mil pessoas foram assassinadas naquela região. Mas, para o PSTU, mais importante que a vida dessas pessoas era apoiar a “luta contra a corrupção” do antigo governo ucraniano.
Para um partido que não luta, a libertação só pode ser mesmo um “sonho”. Isto é, uma dádiva, um presente. Algo que acontece por acaso.
Essa, no entanto, não é a realidade dos palestinos. O enfraquecimento de seus inimigos – isto é, do imperialismo – é necessariamente um resultado de sua própria luta de libertação nacional. Foi a ação revolucionária dos palestinos e de seus aliados que fez com que o imperialismo estivesse tão debilitado como hoje está.
O PSTU não explica em detalhes por que o imperialismo está enfraquecido simplesmente porque isso não lhe é conveniente.
Para demonstrar que o imperialismo não “se enfraqueceu”, mas sim “foi enfraquecido”, o PSTU teria de admitir, por exemplo, que a insurreição talibã em 2021 teria sido um movimento de características revolucionárias. Pelo contrário: sua ex-candidata a presidente da República, Vera Lúcia, utilizou seu perfil nas redes sociais para criticar o grupo armado que tomou o poder no Afeganistão.
Para demonstrar quem foi que enfraqueceu o imperialismo, o PSTU teria de defender a operação militar russa na Ucrânia, um dos mais extraordinários acontecimentos militares das últimas décadas. Essa é a primeira vez na história que o governo de um determinado país está prestes a vencer uma guerra contra os Estados Unidos da América. Para o PSTU, no entanto, o que importa é defender o regime nazista de Kiev.
Para demonstrar quem deixou o imperialismo enfraquecido, o PSTU teria de aplaudir o golpe nacionalista que os militares nigerinos deram contra o presidente fantoche Mohamed Bazoum. Contudo, os morenistas preferiram sair ao ataque contra a junta nacionalista, alinhando-se ao imperialismo na pressão contra o novo governo.
Por fim, o PSTU teria de admitir que as ações do Hamas, do Irã e de todo o Eixo da Resistência liquidaram a autoridade do imperialismo mundo afora. Não se trata, portanto, de um mero “enfraquecimento”, mas sim de uma rebelião mundial que está levando ao colapso da ordem mundial. Hamas, Irã, Rússia, Níger e Iêmen são parte de um movimento revolucionário, que está colocando em xeque a dominação imperialista.