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Campanha da Palestina

Ofensiva sionista no Brasil exige resposta à altura

O ato do dia 15 de maio demonstrou que a esquerda precisa mudar radicalmente sua política, ou está fadada a ser esmagada pelo sionismo-bolsonarismo

No dia 15 de maio, o dia da Nakba, a catástrofe palestina, aconteceram atos em todo o mundo em defesa dos palestinos. Em São Paulo, aconteceu o protesto mais importante no Brasil, na Avenida Paulista. Ele foi maior que as últimas manifestações, não por mérito dessa manifestação, mas porque as anteriores foram muito pequenas. O motivo para isso é simples: a esquerda brasileira, em quase sua totalidade, capitulou diante do sionismo. Apenas o Partido da Causa Operária (PCO) e elementos isolados como Breno Altman levam a luta adiante de forma contundente. Mas a atual situação não permite mais tal descaso.

O que está acontecendo no mundo inteiro é uma contraofensiva do imperialismo. As derrotadas na Ucrânia e na Palestina estão levando o imperialismo ao desespero. No caso da Ucrânia, se fala abertamente em guerra nuclear. Já na Palestina, o imperialismo continua sustentando um genocídio em Gaza. Para eles, o gigantesco desgaste político que é manter um genocídio ainda é melhor que a derrota.

Nessa conjuntura, foi organizada uma contraofensiva, uma nova tentativa de superar a crise por parte do imperialismo. O primeiro passo é o recrudescimento das ditaduras no mundo inteiro, o crescimento da repressão no mundo é fruto disso. Os métodos a princípio são dois: a censura e a repressão policial. Os protestos dos estudantes nos Estados Unidos e na Europa mostram a política imperialista de reprimir de maneira extremamente truculenta os estudantes e demais protestos. Em alguns casos, como na Universidade da Califórnia, foram usadas milícias fascistas para desmontar o acampamento de estudantes.

No quesito censura, o ataque é ainda maior. Avança a política de censura generalizada nas redes sociais. O TikTok é a principal vítima, mas isso se expressa em todas elas. O X de Elon Musk, que se diz defensor da liberdade de expressão, quando a questão é Palestina, se dobrou aos sionistas e aumentou a censura. Há também os projetos de lei absurdos como a lei canadense que prevê prisão perpétua para o “antissemitismo” e a lei dos EUA que usa uma definição sionista de antissemitismo que abrangeria até mesmo partes da Bíblia.

Mas a censura e a repressão policial são só o começo dessa contraofensiva. O imperialismo, desesperado com suas derrotas em todo o mundo, reagirá com gigantesca violência. Tudo é possível. Na América Latina, isso é ainda mais concreto, basta ver os vizinhos do Brasil, sendo Milei, na Argentina, o principal. Há, também, as ditaduras no Peru e no Equador. Na Bolívia e na Colômbia, os movimentos golpistas crescem. No Uruguai, domina a extrema direita, algo que deve acontecer no Chile em breve. A contraofensiva aqui será fulminante.

Para onde ir?

O ato da Nakba em São Paulo mostrou o que a esquerda não pode fazer. Foi um ato pequeno, convocado apenas para os próprios militantes. Não houve convocação com antecedência e não houve convocação real, com panfletos, mobilização nas escolas e universidades, nos sindicatos. Finalmente, não há uma mobilização real no geral.

É como se fosse um ato de faz de conta, voltado para a própria esquerda e seus grupos. Até porque a maior parte das organizações não faz uma campanha em defesa da Palestina, a sua grande atividade são justamente esses atos ou encenações como fizeram na “ocupação” de dois dias na USP.

A questão política também é crucial. Essas organizações não têm uma política real de defesa da Palestina. Eles têm a política da ONU, a política da Igreja, uma defesa humanitária. Abandonaram completamente a política da esquerda de defender os povos que lutam por sua libertação. Passaram-se sete meses e continua o mesmo. O mundo inteiro já vê o Hamas como o grande vencedor da guerra, mas a esquerda continua preocupada com a opinião da Globo, da Folha, de Bolsonaro e de Netaniahu.

Essa questão é crucial. Neste momento, o movimento mais forte do mundo em defesa da Palestina é o dos EUA. Ele é forte justamente porque os estudantes defendem abertamente a resistência armada do povo palestino, pois são contra o sionismo, contra o Estado de “Israel” e, assim, não se dobram ao sionismo. Essa questão é crucial para dar força à mobilização dos Estados Unidos. Eles têm uma política concreta: a vitória da resistência.

A esquerda, no ato de São Paulo, falava em “Palestina livre, operária e socialista” algo muito bonito, mas que não tem nada a ver com a realidade. Se alguém levantasse a palavra de ordem de “por uma Palestina islâmica”, estaria muito à esquerda desses setores, pois ao menos estaria defendendo de forma indireta a vitória do Hamas, o Movimento de Resistência Islâmica. Os governos da China, da Rússia e da Turquia já fazem reuniões públicas com o Hamas, mas a esquerda ainda está em 1993, capitulando como a Organização pela Libertação da Palestina (OLP).

O método da esquerda é simples, existe há mais de 150 anos, é o método do movimento operário. Mobilizar pessoas, fazer reuniões, formar comitês, ir nos locais de trabalho, nas escolas e universidades, fazer uma ampla convocação da mobilização, não fazer apenas atos, mas todo tipo de atividade. Isso é uma verdadeira campanha. No Brasil, infelizmente, o PCO é o único a travar a luta dessa forma.

Por fim, é preciso destacar um aspecto crucial da luta dos EUA. A luta pode ser em defesa da Palestina, mas ela está acuando completamente os dois lados do imperialismo. O lado mais forte, de Joe Biden, mas também o trumpismo. A mobilização foi tão avassaladora que o trumpismo está rachando com sua ala sionista. É uma demonstração do que pode ser feito no Brasil tanto com a direita tradicional, quanto com o bolsonarismo.

Ambos apoiam um genocídio, ou seja, é um dos melhores momentos possíveis para ter ganhos políticos para a esquerda. Mas esse ganho só pode se dar pela mobilização e aqui está o cerne do problema. A esquerda ou assume uma postura de mobilização, ou será esmagada pelo sionismo-bolsonarismo.

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