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Brasil

O poeta que foi ministro de Vargas e morreu em acidente de carro

Ronald de Carvalho foi uma importante figura literária brasileira e poeta particular do então presidente Getúlio Vargas

Nesta quinta-feira (16), completam-se 131 anos do nascimento do poeta particular de Getúlio Vargas, Ronald de Carvalho. Morto aos 41 anos de idade em um acidente automobilístico enquanto era secretário do então presidente, o intelectual foi uma importante figura da literatura brasileira, onde se destacou tanto com seus trabalhos de origem parnasiana e simbolista, quanto com sua participação no modernismo.

Natural do Rio de Janeiro, Carvalho trabalhou como jornalista no Diário de Notícias, do então diretor Ruy Barbosa. Ele se bacharelou em 1912 e rumou para a Europa, onde cursou filosofia e sociologia. Em seu retorno para o Brasil entrou para o Itamarty, onde serviu cargos diplomáticos de relevância nas embaixadas de Paris e de Haia.

Carvalho conviveu com Tristan Tzara onde viu a gênese do dadaísmo em Paris e fundou em Lisboa em 1915 a revista Orpheu, publicação literária que teve impacto no universo das letras e contou com a participação de escritores como Fernando Pessoa e José de Almada Negreiros. O poeta ainda participou no Brasil da Semana de Arte Moderna de 1922, mesmo com o caráter simbolista e parnasiano de suas obras.

Vale registrar também que já em 1923, Carvalho tomou posição contrária às vanguardas, conforme destaca em artigo a pesquisadora Laura Rivas Gagliardi em texto publicado na revista Literatura e Sociedade, vinculada ao Departamento de Teoria Literária e Literatura Comparada, da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo.

Livro Toda a América com a versão espanhola de Francisco Villaspesa

No texto ela inicia: “Quem visse Ronald de Carvalho a frente do palco no Theatro Municipal de São Paulo, declamando ‘bravamente’ o poema “Os Sapos, de Manuel Bandeira na segunda das três noites de festival da Semana de Arte Moderna, em 1922, talvez estranhasse o confronto com o academicismo vindo de alguém que pouco antes, em 1919, havia sido agraciado com dois prêmios da Academia Brasileira de Letras, respectivamente para o livro Poemas e Sonetos e para a Pequena História da Literatura”.

Em seguida apresenta como Carvalho era visto pelos seus contemporâneos. Mario de Andrade, por exemplo, apresenta o poeta em um ensaio de 1932 como o “protótipo perfeito do malandro intelectual”. Já Sérgio Buarque de Holanda e Prudente de Moraes Neto, em 1925, afirmavam que Carvalho tinha um “temperamento profundamente clássico” e “diz tudo o que quer. Só o que quer”. Por fim, Manoel Bandeira declarou em 1924 que seu temperamento seria “avesso ao tumulto lírico moderno”. As falas se dão sobretudo em relação ao seu trânsito tanto no universo parnasiano e simbolista, quanto ao modernista, que rejeitou na sequência.

Gagliardi destaca que, por um lado, o paradoxo não deveria ser uma surpresa, pois era um fenômeno característico da primeira geração do modernismo que ainda estava presa aos modelos e convenções do passado mesmo com o anseio de atualização. “Por outro lado, trata-se de um traço específico do percurso intelectual de Ronald de Carvalho, que se adaptou às circunstâncias: se em 1920 criticou o tom modernizante do livro de poemas Carnaval, de Manoel Bandeira, em 1921 ofereceu sua casa para receber os poetas Mario de Andrade e Oswald de Andrade, que buscavam apoio de intelectuais cariocas para sua agitação vanguardista”, comenta a pesquisadora.

Fato é que em um concurso do Diário de Notícias de 1932, Carvalho foi eleito o “príncipe dos prosadores brasileiros, sucedendo Coelho Neto.

A parte sua carreira literária e sua participação diplomática, Ronald de Carvalho foi secretário de Getúlio Vargas na Presidência da República, cargo que exerceu até sua morte em um acidente automobilístico no dia 15 de fevereiro de 1935.

Obras

Suas obras mais conhecidas são Poemas e Sonetos, publicada em 1919 e premiada pela Academia Brasileira de Letras; Pequena História da Literatura Brasileira (1919); Epigramas irônicos e sentimentais (1922); e Toda a América (1926). Outras obras de Ronald de Carvalho são Luz Gloriosa de 1914, Estudos Brasileiros de 1924 e As Imagens do México de 1929.

A Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin, órgão da Pró-Reitoria de Cultura e Extensão Universitária da Universidade de São Paulo (USP), mantém em seu acervo digital obras do autor em português, francês e espanhol. Acesse e baixe os livros de Ronald de Carvalho.

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