Diante de uma das maiores catástrofes da história brasileira, que são as enchentes no Rio Grande do Sul, a imprensa capitalista, além de fazer uma campanha sistemática para não politizar o debate, ainda saiu com uma palavra de ordem verdadeiramente genocida: nada de se aproveitar da tragédia para promover “populismo fiscal”. Isto é, nada de parar de dar dinheiro aos bancos. Nada de ajudar a população que perdeu sua casa, que está passando fome.
A preocupação fiscal expressa com fidelidade qual a concepção que a burguesia tem do Estado. Para os capitalistas, o Estado é tão somente uma máquina para garantir os lucros estratosféricos dos bancos. Uma máquina para expropriar toda a riqueza produzida pelo povo brasileiro e para reprimir qualquer contestação a essa política criminosa.
Calhou de a catástrofe acontecer justamente em um estado governado por um dos piores capachos dos bancos. Eduardo Leite é o político neoliberal exemplar: faz tudo o que os bancos mandam, desde mandar a polícia bater em manifestantes a privatizar o estado inteiro. A situação no estado gaúcho escancarou que o governador do Rio Grande do Sul não é um governador do povo gaúcho, mas um mero operador do assalto dos capitalistas à população.
No momento em que quase meio milhão de pessoas perderam as suas casas, no momento em que a população passa fome, Eduardo Leite se encontra paralisado. O governador nunca esteve preparado para fazer nada pela população, a não ser tirar o dinheiro público, cortar, privatizar etc. Agora, quando é necessário tomar iniciativas para salvar a vida de milhares de pessoas, ele não sabe o que fazer. E, mesmo que soubesse, ele não botaria a mão no bolso, pois seus patrões não permitiriam.
A destruição promovida pelos capitalistas é tão grande que o estado sequer tem Defesa Civil. O governador reduziu a verba a quase zero e, agora, também não tomou uma única iniciativa para aumentar o seu efetivo. A situação é tão dramática que o governo estadual sequer foi capaz de enviar pessoas para retirar corpos que estão boiando pelas ruas gaúchas. É um espetáculo monstruoso. É como se o Brasil tivesse retornado a 1500, quando não havia Estado. Quando era cada um por si e Deus por todos.
É preciso, portanto, que o governo federal, que foi eleito em um amplo processo popular, intervenha. Que suspenda todas as dívidas do estado gaúcho com a União e que disponha os recursos necessários para salvar a vida da população gaúcha. É preciso contratar imediatamente milhares de pessoas para trabalhar na Defesa Civil, garantir um auxílio emergencial de um salário mínimo para cada um dos atingidos pelas enchentes e proibir a especulação com venda de produtos de primeira necessidade.