Há 76 anos, em 14 de maio de 1948, o genocida Davi Ben-Gurion proclamou a declaração do estabelecimento do Estado de “Israel” sobre a Palestina. Segundo o documento, a partir da meia-noite daquele dia, um Estado judeu, com o nome de “Israel”, entraria em vigor com o fim do Mandato Britânico. Ben-Gurion, que à época era o chefe-executivo da Organização Sionista Mundial e presidente da Agência Judaica para a Palestina, se tornaria o primeiro primeiro-ministro de “Israel”.
O sionismo e o imperialismo, através de sua máquina de propaganda, sempre divulgaram a mentira de que a criação de “Israel” foi uma luta dos judeus para evitar que o holocausto ou mesmo os pogroms se repetissem. Igualmente, o povo palestino é propagandeado como agressores dos judeus. E, se um novo holocausto acontecesse, eles seriam os causadores.
Uma mentira para tentar justificar a limpeza étnica da Palestina, assim como as mentiras contadas sobre o Hamas servem de pretexto para o genocídio na Faixa de Gaza.
Nesse sentido, apesar de a Nakba ser, para os palestinos, no dia 15 de maio, com o roubo das terras palestinas se intensificando após essa data, a declaração de estabelecimento do Estado de “Israel” foi precedida de inúmeros ataques e massacres perpetrados por sionistas contra palestinos durante o Mandato Britânico, a exemplo dos de Sasa, Deir Yassin, Ein al Zeitun, Abu Shusha e outros
Tais massacres foram perpetrados por tropas fascistas do sionismo, as quais estavam organizadas em três milícias, a Haganá, a Irgun e a Leí, às vezes separadas, às vezes atuando em conjunto. A partir de 14 de maio, Haganá se tornou as forças armadas de “Israel” e, no decorrer do ano seguinte, os fascistas da Irgun e da Leí foram progressivamente incorporados às tropas oficiais.
Além da ação das milícias fascistas, só foi possível a Ben-Gurion declarar o estabelecimento de “Israel” tendo o apoio do imperialismo britânico, cuja primeira declaração de apoio formal ao sionismo se deu em 1917, com a Declaração Balfour, em que o então secretário das Relações Exteriores do Império Britânico, Arthur Balfour, em carta endereçada ao banqueiro Lionel Walter Rothschild, declarou que “o Governo de Sua Majestade vê com favor o estabelecimento na Palestina de um lar nacional para o povo judeu, e fará todos os esforços para facilitar a consecução deste objetivo”.
Entre os anos de 1936 e 1939, a repressão do exército imperial britânico, auxiliado pela Haganá e pela Irgun, à Revolução Palestina foi fundamental para que o sionismo pudesse declarar o estabelecimento de “Israel” em 14 de maio de 1948. Afinal, a Revolução foi alvo de repressão de tipo fascista, com a destruição e desmantelamento de praticamente todas as organizações de resistência do povo palestino, que ficaram sem sua capacidade de reagir à limpeza étnica em 1948.
Em 29 de novembro de 1947, a Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) adotou a Resolução 181, mais conhecida como Plano de Partição da Palestina. Segundo essa resolução, com o fim do Mandato Britânico, o território palestino deveria dar origem a dois Estados independentes, um árabe, e um judeu, economicamente vinculados. Aos árabes, que eram mais de 2/3 da população, foram reservados 42% do território. Aos judeus, menos de 1/3, ficariam com 56%. Em que pese o conteúdo da resolução ter sido, por si só, um crime contra o povo palestino, esse crime foi muito além do conteúdo. Ela serviu à política de aproximações sucessivas de Ben-Gurion e o principal setor do sionismo, pois era um reconhecimento internacional. Consequentemente, serviu à declaração de estabelecimento de um Estado judeu sobre toda a Palestina. Ilan Pappé, historiador judeu israelense, esclarece isto em sua obra A Limpeza Étnica da Palestina:
“Por mais insatisfeito que estivesse com o mapa da ONU, Ben-Gurion percebeu que, dadas as circunstâncias – a total rejeição do mapa pelo mundo árabe e pelos palestinos – a delimitação das fronteiras finais permaneceria uma questão em aberto. O que importava era o reconhecimento internacional do direito dos judeus de terem um Estado próprio na Palestina.”
Quanto à Grã-Bretanha, ela “permitiu que a limpeza étnica acontecesse, diante dos olhos de seus soldados e oficiais, durante o período do Mandato, que chegou ao fim à meia-noite de 14 de maio de 1948”, segundo Pappé.
No mês que antecedeu a declaração de estabelecimento de “Israel”, a Consultoria, o órgão político máximo do sionismo à época, colocou em marcha o Plano Dalet, o diagrama da limpeza étnica, sobre o qual já escrevemos neste Diário:
Após o dia 14 de maio, a ofensiva sionista se intensificou e, no decorrer de um ano, expulsou mais de 800 mil palestinos de suas terras. Um crime que marcou não apenas aqueles palestinos, mas todas as gerações seguintes, que sempre lutaram por retornarem à suas terras, libertando-as da ditadura nazista de “Israel”
Hoje, o Hamas lidera essa luta, e toda a população palestina se levanta em armas contra o Estado sionista. No 76º aniversário da fundação de “Israel”, a Revolução Palestina está em marcha novamente. No 77º, haverá um Estado sionista?