Em meio a uma das maiores catástrofes já ocorridas na história recente do Brasil, a primeira-dama Rosângela “Janja” Lula da Silva e o empresário Felipe Neto decidiram organizar uma ação de muito, muito mau gosto. Ao tomarem ciência de que uma égua estaria em cima do telhado de uma casa no Rio Grande do Sul, ilhada por causa das cheias que acometeram mais da metade dos municípios gaúchos, Neto e Janja passaram a fazer uma campanha em torno do “salvamento” do animal.
Após o lobby em prol do salvamento da égua, ela acabou sendo resgatada pelo Corpo de Bombeiros. Após o resgate, até mesmo o presidente Lula comentou o caso: “ontem a noite fui dormir inquieto com a imagem de um cavalo no telhado. Eu fico pensando o que aquele cavalo tava pensando sozinho em cima de um telhado, eu não sei como aquela telha não quebrou. Hoje já fiquei sabendo que salvaram o cavalo, espero que ninguém monte nele por um bom tempo, porque ele merece descanso“.
Se não tivesse acontecendo nada de importante no País e uma égua, sabe-se lá por que, foi parar em cima de um telhado, seria até aceitável que uma criança fizesse um vídeo chorando para que alguém resgatasse o bicho. Uma primeira dama, não. Não em um país onde metade da população é desempregada ou subempregada. Onde dezenas de milhões de pessoas vivem do Bolsa Família.
Mas fazer tal campanha no momento em que quase 300 municípios estão debaixo d’água é realmente inacreditável. Mostra uma insensibilidade total com o sofrimento das pessoas que perderam seus pertences, que não têm para onde ir e que perderam os seus entes queridos. Enquanto mais de cem pessoas já perderam a vida nas cheias, e centenas de crianças se encontram desaparecidas, gastar um único centavo, mobilizar um único profissional que seja para salvar uma égua revela uma total indiferença com o sofrimento da população gaúcha.
O caso também serve para desmascarar quem é Felipe Neto. Para fazer demagogia, o empresário é bastante ativo. Para salvar uma égua, no mesmo instante surge sua imagem. No entanto, diante do sofrimento do povo palestino, silêncio. Diante do assalto dos banqueiros ao orçamento público, silêncio.
Janja e Felipe Neto, no entanto, não estão sozinhos em campanhas desse tipo. O Ministério da Igualdade Racial, sob comando de Anielle Franco, em declaração recente, defendeu que ciganos e quilombolas fossem os “primeiros da fila” ao receberem auxílio em meio às cheias. Em outras palavras, que se dane a esmagadora maioria do povo gaúcho! O que importa é fazer demagogia para o seu grupinho.