Aquilo que é tido como tragédia e desastre ambiental, como se fosse algo que ocorresse por conta do acaso, é uma estratégia de mistificação da ineficácia do sistema capitalista em preservar a vida dos seres humanos, porque a sua lógica de funcionamento apenas vislumbra o lucro das grandes empresas monopolistas internacionais.
Basta que uma situação dessas ocorra, para que seja despejada nas mentes das pessoas a massiva propaganda de demagogia da imprensa burguesa, não explicando o fundamental desses fenômenos sociais e ambientais.
O Estado do Rio Grande do Sul enfrenta um dos episódios mais difíceis da sua história, sendo atingido por fortes chuvas e enchentes nos últimos dias.
A Defesa Civil anunciou um aumento de 146,1% no número de pessoas desabrigadas que estão em abrigos do disponibilizados pelo poder público, saindo de 19.368 mil pessoas para 47.676. O número de pessoas desalojadas teve um crescimento na casa de 20%, saindo de 129.279 para 153.824. A quantidade de pessoas afetadas saiu de 873.275 mil pessoas, para 1.178.226 de pessoas, o equivalente a 35%.
O número de pessoas mortas chegou a 95 e de feridos são 339. A perspectiva é de que as chuvas somente diminuam daqui a 10 dias.
Até o presente momento é impossível mensurar a quantitativamente tudo aquilo que foi perdido, tendo em vista que as perdas não param de crescer, conformes podemos observar com os dados acima.
A extinção do Ministério das Cidades, do Conselho das Cidades e da Conferência das Cidades; O fim da construção da Política Nacional de Desenvolvimento Urbano e do Sistema Nacional de Desenvolvimento Urbano, e as políticas públicas de prevenção de risco e de investimentos em infraestrutura; A destruição nos últimos anos do Sistema Nacional de Habitação de Interesse Social e do Fundo Nacional de Habitação de Interesse Social, bem como as demais políticas públicas voltadas para produção habitacional; constituem o cerne da situação drástica que vive hoje o Rio Grande do Sul.
Políticos como o governador Eduardo Leite (PSDB-RS) e Sebastião Melo (MDB-RS), foram apoiadores ávidos da política neoliberal implementada pelos governos golpistas de Michel Temer (MDB-SP) e Jair Bolsonaro (PL-RJ), que destruiu a estrutura das políticas públicas e os investimentos fundamentais para evitar esse tipo de acontecimento, com o intuito de destiná-los para o enriquecimento desenfreado do sistema financeiro nacional e internacional à custa da vida das pessoas, como podemos verificar com esse caso.
É preciso denunciar e explicar para a população a raiz dos problemas enfrentados atualmente, para que todos saibam quem são os verdadeiros responsáveis por aquilo que é apontado como um desastre de forma abstrata. Tudo o que esta acontecendo, poderia ser evitada se existisse uma política de Estado para o desenvolvimento urbano.