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Política Internacional

O ‘liberalismo’ já fracassou e o imperialismo é decadente

Estadão assume que política imperialista está em crise e inventa mundo mágico do liberalismo

O jornal O Estado de S.Paulo publicou um editorial, O perigoso cerco ao liberalismo, neste domingo, 5 de maio, no qual aponta que, “passado apenas um século da vaga totalitária que desafiou a democracia e o liberalismo e resultou na 2ª Guerra Mundial, os valores que definem o Ocidente voltam a ser desafiados de maneira frontal”.

Segundo o jornal, que expressa com clareza a política pró-imperialista e golpista da burguesia brasileira, o “liberalismo” estaria cercado pelo que chama de “eixo da revolta” — mais conhecido como “Eixo da Resistência” — e pela extrema-direita de tipo fascista.

O Estado diz que esse “eixo da revolta” é liderado pelo China, “contra os valores ocidentais”, e “tem na Rússia, no Irã e na Coreia do Norte os principais associados”. Percebe-se, então, que são os países que têm uma política mais abertamente agressiva contra o imperialismo, ao que chegamos à conclusão que o “liberalismo” é a política dos grandes monopólios capitalistas, justamente os responsáveis pelo afundamento do antigo liberalismo e democracia burguesa dos tempos áureos do capitalismo.

Quando define a democracia e o liberalismo como “os valores que definem o Ocidente”, o jornal está simplesmente inventando uma situação que há muito tempo não existe. A democracia e o liberalismo, de fato, foram os “valores” que definiram o “ocidente” — isto é, os grandes países capitalistas — durante um tempo no século XIX, quando surgia o capitalismo. No entanto, desde a evolução do capitalismo para sua última fase, o imperialismo, esses “valores” foram totalmente substituídos pela política de rapina dos monopólios: ditadura, ataques aos direitos democráticos, controle intenso do mercado mundial (quer dizer, sem livre mercado), etc.

Portanto, ao demonstrar sua preocupação com o “cerco ao liberalismo”, o Estado de S.Paulo está se preocupando por um sistema político que não existe há quase 200 anos. Na verdade, o órgão está demonstrando sua preocupação com a crise completa do imperialismo. Por isso, o jornal reconhece que o “eixo da revolta” “vem ganhando adeptos e simpatias ao redor do mundo, exatamente por desafiar um status quo, liderado pelos Estados Unidos e pela Europa”.

O jornal também mostra seu desagrado com o governo de Luiz Inácio Lula da Silva, que, apesar das vacilações, não adota a política oficial do imperialismo: “O Brasil governado pelo PT é um dos países que expressaram admiração pelo ‘eixo da revolta’, seja por meio de uma política externa que dá razão a agressores quando o agredido é ocidental, seja pelo apreço demonstrado pela liderança do PT à ‘democracia efetiva’ da China. O Irã, que por sua vez lidera o ‘eixo da resistência anti-imperialista’, integrado por um seleto grupo de entidades terroristas do Oriente Médio, foi calorosamente aceito no Brics, o bloco dominado pela China, do qual o Brasil faz parte. Toda essa miscelânea de ressentidos com o Ocidente, numa reedição do Terceiro Mundo dos tempos da guerra fria, ganhou o nome fantasia de ‘Sul Global’”.

Nesse trecho, podemos ver mais claramente a política imperialista defendida pelo jornal. Primeiro, Lula deveria ser um total capacho do imperialismo e apoiá-lo nas suas guerras por procuração contra países oprimidos que se revoltam. Por isso, critica “a política externa que dá razão a agressores quando o agredido é ocidental”. Naturalmente, está se referindo à política de Lula moderadamente favorável aos palestinos, contra “Israel”, e aos russos, na Ucrânia.

Segundo, para atacar aqueles que se revoltam contra o imperialismo, o Estado chama as organizações árabes de “terroristas”. Uma palavra da moda com a política “antiterrorista” dos EUA no século XXI, política que é usada para justificar suas invasões e guerras. Os “terroristas” de hoje poderiam ser substituídos pelos “subversivos” da época das ditaduras militares na América do Sul, etc.

Terceiro, o BRICS é apontado como “um bloco dominado pela China, do qual o Brasil faz parte”. A primeira colocação serve para tentar desmoralizar o bloco, apontando-o com um instrumento chinês de dominação mundial, o que não é fato. O BRICS, fundado por Brasil, Rússia, Índia e China, é uma entidade de união dos principais países oprimidos em busca de conquistar alguma independência política e econômica em relação ao imperialismo.

Após nos apresentar o “eixo da revolta”, o jornal explica o “cerco ao liberalismo” pela extrema direita:

“Enquanto isso, a extrema direita também se organiza de maneira global contra os valores ocidentais. Na mais recente Conferência de Ação Política Conservadora – Cpac, principal palco de líderes e formuladores do ultraconservadorismo –, realizada na Hungria, novos ataques foram disparados contra os alvos preferenciais dessa turma: a imprensa, o Judiciário, os imigrantes, os intelectuais, as minorias em geral e, sobretudo, o ‘Ocidente liberal’. O ex-presidente americano Donald Trump, líder inconteste dos reacionários, mandou um vídeo no qual parabeniza os ‘patriotas húngaros’ que estão ‘na vanguarda da batalha para resgatar a civilização ocidental’”.

“A ‘civilização ocidental’ nomeada por Trump inclui herdeiros do franquismo espanhol, argentinos devotos da motosserra de Javier Milei, os Bolsonaros e os representantes de partidos xenófobos da Itália, Polônia, França e Alemanha, todos em concertação articulada para disputar eleições. Para o anfitrião, o primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán, vencer as eleições significará ‘colocar fim à inglória era que o Ocidente atravessa’. Ou seja, a vitória eleitoral é vista como uma espécie de chancela para o projeto de destruição da mesma democracia que a ensejou”.

“Essa destruição se dá por meio da desmoralização dos valores mais caros à democracia, como, por exemplo, a liberdade de expressão, meramente utilitária para essa gente saudosa de ferozes ditaduras. Na prática, eles defendem não o Ocidente como berço da democracia liberal, da emancipação do indivíduo e dos direitos humanos, acima de nacionalidades, credos e fronteiras, e sim um ‘Ocidente’ ultranacionalista, anti-iluminista e fundamentalista – e não há nada menos democrático e liberal do que isso”.

Que todos os citados são fascistas ou fascistóides, não há dúvida. Mas de onde se tira a conclusão que “colocar fim à inglória era que o Ocidente atravessa” significa defender um “projeto de destruição” da democracia? Isso só poderia ser verdade se o “ocidente” fosse realmente um baluarte de democracia, uma mentira.

Ao contrário, o “ocidente” — os países imperialistas — é responsável pela política de censura generalizada nas redes sociais, por promover o banho de sangue na Faixa de Gaza, por realizar golpes de Estado contra governos opositores, etc. Ele também não defende a liberdade de expressão e não é contra a “democracia liberal” e “a emancipação do indivíduo e dos direitos humanos, acima de nacionalidades, credos e fronteiras”.

O surgimento da extrema direita é simplesmente um resultado disso. Por um lado, da política agressiva do imperialismo. Por outro, da total falência do bloco político majoritário do imperialismo e sua política neoliberal.

Mas apresentando os dois blocos, o jornal conclui: “Assim como no século passado o nazi-fascismo e o stalinismo tinham como meta implodir a democracia liberal como ideia, o ‘eixo da revolta’ e os direitistas ‘iliberais’ de hoje lutam para desacreditar o Ocidente democrático e cosmopolita. Os valores liberais sobreviveram às guerras do século XX, ao custo de milhões de mortos, mas, como se vê, o risco de que venham a perecer está longe de ter desaparecido”.

Primeiro, importante ressaltar, novamente, que “os valores liberais” já estão mortos há muito tempo. Segundo, o “Ocidente democrático e cosmopolita” já está desacreditado e, em crise. E, terceiro, por isso mesmo o Estado de S.Paulo gastou tinta para atacar os dois setores políticos que ameaçam a estabilidade do imperialismo mundial.

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