O Rio Grande do Sul enfrenta uma crise humanitária desencadeada por intensas chuvas que assolaram o estado desde a última segunda-feira, resultando em uma série de consequências devastadoras. De acordo com dados fornecidos por autoridades locais, o desastre já ceifou a vida de mais de 75 pessoas, deixou 103 desaparecidas e incontáveis feridas. Além disso, cerca de 840 mil casas sem água e luz.
Enquanto a população lida com as consequências catastróficas das chuvas, a discussão sobre a responsabilidade política ganha destaque. O governador do estado, Eduardo Leite, do PSDB, deve ser o centro do debate entre a relação da política neoliberal do “bolsogay” e a consequência dos desastres naturais. Em declaração, Leite classificou a situação como o “maior desastre climático do estado”, enfatizando a necessidade de evitar mais perdas humanas.
Por outro lado, o presidente Luis Inácio Lula da Silva visitou a região, prometendo apoio federal para reconstrução e assistência às vítimas. Assegurando que não faltariam recursos governamentais para enfrentar a crise, Lula reforçou o compromisso em auxiliar a população gaúcha afetada pela tragédia.
Um ano se passou desde que a falta de estrutura de prevenção para enchentes e ciclones no Rio Grande do Sul resultou na perda trágica de mais de 70 vidas. No entanto, a dor e a devastação estão ainda maiores hoje em dia. O governo Leite, além de apontar o desastre climático, aponta o dedo para o fenômeno climático El Niño como principal culpado dos efeitos extremos, enquanto nega que haja negligência e uma política criminosa de austeridade fiscal no estado gaúcho.
Na escala estadual, o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, apenas finge que busca alguma solução. Em 2023, o governo gaúcho reduziu drasticamente o financiamento destinado à Defesa Civil, passando de R$ 1 milhão para apenas R$ 100 mil. Este valor foi ainda mais reduzido em 2024, para meros R$ 50 mil. Além disso, a Gestão de Projetos e Respostas a Desastres Naturais também sofreu cortes significativos, com uma diminuição de quase R$ 1,4 milhão em seu orçamento entre 2022 e 2023. A responsabilidade de Leite também vai além dos cortes de financiamento. Durante sua gestão, a Secretaria Estadual do Meio Ambiente (Sema) foi desmantelada e fundida com a Secretaria Estadual de Infraestrutura.
Para garantir que os interesses das grandes empresas prevalecessem sobre a segurança civil, o governo de Leite aprovou uma série de projetos de lei que flexibilizaram as regulamentações. Além disso, a política de Zoneamento Ecológico-Econômico (ZEE) do RS permaneceu engavetada durante sua gestão, apesar dos esforços anteriores para sua implementação entre 2012 e 2019. O dinheiro investido nessas iniciativas acabou beneficiando apenas os interesses corporativos, enquanto o estado permaneceu mais vulnerável a desastres naturais.
Entretanto, a política criminosa do governo estadual de extrema-direita em lidar com os desastres naturais no Rio Grande do Sul não passou despercebida. A falta de investimentos em prevenção e resposta a desastres provocou indignação em todo o país, com especialistas e ativistas denunciando a priorização dos interesses econômicos em detrimento da segurança e do bem-estar da população.
Diante da tragédia recorrente e da evidente negligência das autoridades, torna-se urgente repensar as políticas de prevenção e resposta a desastres no Rio Grande do Sul. É necessário que a classe trabalhadora e entidades que representam os interesses dos operários lutem e não caiam no conto neoliberal de que “não é hora de falar de política”. A hora é justamente agora e essa política, defendida pela burguesia, é a política de quem sabe que tem culpa no cartório. Confira a fala do companheiro Felipe, militante do PCO no Rio Grande do Sul:
“O cenário é de caos total. Em virtude das sucessivas implementações de políticas neoliberais de precarização do estado e de privatizações, quando nos deparamos com um evento inesperado não há estrutura para socorrer a população. A maior parte das iniciativas está sendo capitaneada por voluntários, e nem o governo nem a prefeitura tomam iniciativas concretas de coordenar esses esforços difusos. O resultado é o que está sendo mostrado Brasil afora: pessoas sem casa, com fome, a estrutura do estado detonada, e sem previsão de retorno à normalidade.”