A Frente Democrática para a Libertação da Palestina (FDLP), uma organização política e militar palestina de orientação maoísta, desempenhou um papel significativo na luta palestina pelo reconhecimento nacional e pela autodeterminação. Hoje, é um dos principais grupos que formam o eixo de resistência ao lado do Hamas, da FPLP e Jiade Islâmica.
Fundada em 1968 por Nayef Hawatmeh, um palestino de origem jordaniana e de família cristã católica grega, a FDLP se separou da Frente Popular para a Libertação da Palestina (FPLP) devido a diferenças ideológicas e estratégicas – mas unindo forças na luta contra o inimigo sionista em comum. A FDLP estabeleceu sua sede em Damasco, na Síria, e tornou-se membro da Organização para a Libertação da Palestina (OLP), buscando uma Palestina democrática e popular, onde árabes e judeus pudessem coexistir sem discriminação – tal como a política defendida pelo Partido da Causa Operária, que defende uma Palestina laica e plural, livre das amarras dos colonos e ocupantes sionistas.
Ao longo de sua história, a FDLP manteve uma postura crítica em relação aos governos árabes, argumentando que muitos deles ignoravam as forças conservadoras dentro do mundo árabe e passavam pano para “Israel”. O grupo defendia uma autoridade nacional palestina.
A FDLP ganhou popularidade entre os palestinos na Síria, no Líbano e em outras regiões, com presença menor na Faixa de Gaza e na Cisjordânia, além de entre os palestinos cristãos. Seu braço armado, as Brigadas de Resistência Nacional, esteve envolvido em algumas operações militares, embora em menor escala, desde a Primeira Intifada, e apesar de seu engajamento militar, a FDLP também desempenhou um papel político ativo. Apresentou candidatos em eleições palestinas, como Taysir Khalid nas eleições presidenciais de 2005 e formou alianças eleitorais em 2006. No entanto, seu poder político permaneceu limitado.
A FDLP manteve relações próximas com outros partidos árabes de esquerda, como a Organização de Ação Comunista no Líbano, e seu jornal semanal, Al-Hurriya, foi publicado em vários países árabes. No entanto, enfrentaram algumas divisões internas ao longo de sua história. Uma cisão ocorreu em 1991, resultando na formação de uma facção mais moderada liderada por Yasser Abd Rabbo. Além disso, a organização recusou-se a participar de conferências de paz e rejeitou os Acordos de Oslo em 1993, reconhecendo a capitulação total e completa provocada pela OLP. Embora a FDLP tenha lutado para manter sua relevância política e militar, sua influência diminuiu ao longo dos anos, especialmente após a Segunda Intifada e a mudança do cenário político regional.
Mencionado anteriormente neste artigo, Naif Hawatmeh foi o fundador da Frente Democrática para a Libertação da Palestina (FDLP), sendo uma figura proeminente nos movimentos de resistência palestinos. Ele esteve envolvido em lutas armadas em várias regiões, incluindo Jordânia, Líbano, Iraque, Iêmen do Sul e Palestina. Nascido em 17 de novembro de 1938, em Salt, Jordânia, Hawatmeh dedicou sua vida a causas nacionalistas e de esquerda.
A carreira política de Hawatmeh começou na década de 1950, quando se juntou ao Movimento Nacionalista Árabe (MNA) na Jordânia, representando sua ala esquerdista. Ele enfrentou perseguição das autoridades jordanianas e foi forçado a se esconder antes de buscar exílio no Líbano e posteriormente no Iraque. Ele desempenhou um papel significativo em várias atividades revolucionárias e conflitos armados durante esse período. Em 1967, Hawatmeh co-fundou a Frente Popular para a Libertação da Palestina (FPLP) com Georges Habash e Ahmed Jibril. No entanto, diferenças dentro da organização levaram à já conhecida divisão.
Ao longo de sua liderança, Hawatmeh defendeu princípios nacionalistas árabes, mantendo relações próximas com os governos da Síria e da Rússia. Apesar de enfrentar desafios, incluindo tentativas de assassinato, ele permaneceu comprometido com a causa palestina e a busca por um estado democrático e secular.
Sob a liderança de Hawatmeh, a FDLP tem se envolvido ativamente na resistência armada contra Israel, colaborando diretamente com partidos políticos mais populares na própria Gaza e Cisjordânia, como o Hamas. A ala paramilitar da organização, as Brigadas da Resistência Nacional, realiza comuns operações contra alvos israelenses. Apesar de sua idade avançada e dos desafios decorrentes dos conflitos na região, Naif Hawatmeh permanece uma figura central na política palestina, advogando por uma resolução justa e equitativa para o conflito israelo-palestino.
No último mês, o atual dirigente político da Frente Democrática para a Libertação da Palestina (FDLP), Jamil Kasem, em entrevista ao Diário Causa Operária, destacou a importância da resistência armada palestina na luta contra a ocupação sionista em Gaza. Ele enfatizou a união das formações políticas e a unidade exemplar entre as organizações envolvidas na resistência, destacando que essa cooperação é fundamental para derrotar as forças de ocupação militar na região. Kasem também discutiu a relevância do 7 de outubro nesse contexto, considerando-o um marco histórico que impactará o futuro do povo palestino na luta contra o sionismo.