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1º de Maio

Um mau prenúncio para as eleições municipais

Esquerda encara realidade que poderá golpeá-la significativamente caso não haja uma mudança de postura

A esquerda se esqueceu completamente da importância das mobilizações. No último 1º de Maio, dia internacional do trabalhador, observou-se um esvaziamento ainda maior dos atos, que não conseguiram reunir sequer míseras duas mil pessoas, sendo uma tendência preocupante para os próximos pleitos municipais. A falta de engajamento e motivação entre os setores progressistas pode resultar em uma derrota eleitoral significativa, conforme analisado por lideranças e analistas políticos, como o presidente nacional do PCO Rui Costa Pimenta.

O fracasso dos atos do Dia do Trabalhador evidenciou a desmobilização geral da esquerda, assim como a desmoralização dos setores burocráticos e pequeno-burgueses da esquerda, enquanto a direita, liderada pelo governo Bolsonaro, continua a fortalecer suas fileiras. Esse desequilíbrio na mobilização política pode ter consequências sérias nas eleições municipais, onde o desempenho da esquerda já está sob escrutínio.

Um dos aspectos-chave dessa desmobilização é a falta de iniciativa dos partidos de esquerda em manter uma presença ativa e constante entre os eleitores. Como observado nas ruas e no último evento, a ausência de campanhas consistentes, congressos partidários e atos públicos tem contribuído para a dissipação do apoio popular. Outro ponto fundamental é a assimilação de pautas impopulares e que nada têm a ver com os interesses dos trabalhadores, como a censura, a repressão popular, o cerceamento às liberdades de expressão e democráticas, a defesa intransigente de pautas identitárias associando-as à censura direta e por aí vai.

O Partido dos Trabalhadores (PT), em particular, realiza cálculos eleitorais que sequer são compreensíveis sob a ordem prática. O maior partido de esquerda da América Latina, em vez de lançar candidatos próprios, está endossando figuras de outras legendas da direita, como no caso de Eduardo Paes, no Rio de Janeiro, que é um verdadeiro carrasco dos mais pobres e governa a capital fluminense de mãos dadas com a burguesia e a especulação imobiliária. Essa abordagem não só pode, como aliena a base eleitoral do PT, os trabalhadores e todos os eleitores de forma geral que tenderiam a se identificar nas pautas da esquerda, além de fortalecer candidaturas que não representam em nada os interesses da classe operária.

Em São Paulo, por sua vez, há o investimento sólido na candidatura de Guilherme Boulos, do PSOL, que como se não bastasse a derrota explícita para o Partido dos Trabalhadores em apoiar um candidato saiu às ruas contra o governo Dilma (na campanha Não Vai Ter Copa) e não representa os trabalhadores, também enfrenta desafios. Indo bem em uma ou outra pesquisa, já que representa os interesses da pequeno-burguesia de Moema, Boulos enfrenta um cenário extremamente desfavorável, tendo as estratégias postas ainda mais em “xeque” a partir do momento em que se enxerga que a movimentação do PT foi trazer a golpista Marta Suplicy para compor chapa. Como se não fosse ruim o suficiente ter Boulos como candidato, ter uma traidora, que mudou de Partido e votou a favor do golpe em Dilma, como representante do PT nas eleições municipais na maior cidade da América Latina é uma verdadeira tragédia política; proveniente de um cálculo político inenarrável.

O fracasso do 1º de Maio conversa com toda essa questão, pois escancara ainda mais a falta de uma narrativa coesa para enfrentar o bolsonarismo. Sob a falsa premissa de combate ao fascismo ou ao próprio bolsonarismo, a esquerda virou as costas para as pautas populares, virou as costas para a defesa dos trabalhadores, virou as costas para as liberdades democráticas, e se assustou quando parte dos trabalhadores virou as costas para ela de volta. Enquanto a direita se une em torno do ex-presidente, enxergando a sua figura como fator de união, a esquerda encontra-se não dividida, mas perdida em sua própria base, sem princípios, e sem uma estratégia clara para combater as políticas e ideologias da extrema-direita. O fracasso do 1º de Maio reflete como não há mais uma crença da esquerda na importância da mobilização popular, sendo ela capaz de até mesmo criticar as aglomerações realizadas pela direita. Não se deve criticar o fato da direita ter colocado pessoas nas ruas. Pelo contrário. A política da esquerda deveria ser colocar dez vezes mais, convocando os trabalhadores, sindicados ou não, acionando a CUT e o MST, assim como as demais entidades populares.

O cenário político atual sugere uma possível aliança entre setores da burguesia e o bolsonarismo, o que poderia deixar a esquerda marginalizada caso não se organize de maneira eficaz. Diante desses desafios, a esquerda precisa reavaliar suas estratégias para ontem, reconectando-se com sua base e desenvolvendo uma abordagem com base nos princípios marxistas para enfrentar os obstáculos políticos que se apresentam, não apenas com base em cálculos eleitorais fajutos. Caso contrário, as eleições municipais podem resultar em um golpe significativo para todo o campo da esquerda no Brasil.

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