As chuvas e alagamentos no Rio Grande do Sul estão sendo utilizadas tanto pela esquerda identitária quanto pela direita. A primeira culpa as mudanças climáticas, enquanto a segunda tenta culpar Lula pela falta de assistência ao estado.
Até o momento o número oficial de mortes é de 56 pessoas, segundo a Defesa Civil. Há ainda 68 desaparecidos. Além disso, pelo menos dez mil pessoas perderam suas casas e pertences, número a se confirmado.
Principalmente a região central do Rio Grande do Sul foi afetada pelas fortes chuvas que têm provocado inundações, deslizamento de terra, rompimento de barreiras, além de outros danos, como 188 trechos de rodovias bloqueados.
Os números parciais são os seguintes:
Municípios afetados: 281
Pessoas em abrigos: 8.296
Afetados: 377.497
Desaparecidos: 68
Desalojados: 32.000
Mortes: 56
Na capital, Porto Alegre, o Guaíba transbordou inundando ruas e avenidas. O aeroporto Salgado Filho foi fechado.
“Mal menor”
Eduardo Leite, o atual governador do Rio Grande Sul, tinha se apresentado como ‘terceira via’ nas últimas eleições presidenciais, o que o fez cair nas graças da esquerda pequeno-burguesa. Já nas eleições para governador (2022), o tucano tinha ficado em segundo lugar, atrás de Onyx Lorenzoni (PL). Com auxílio da esquerda, no entanto, pôde se reeleger, pois se tratava, segundo a ‘esquerda’, de vencer o fascismo, encarnado por Lorenzoni, homem de Bolsonaro.
Leite venceu Lorenzoni com quase meio milhão de votos. Para isso, recebeu apoio do PT e do PDT. Eis a política do ‘mal menor’.
Neoliberalismo
Eduardo Leite, que também conseguiu votos dos identitários, pois se declarou homossexual nas presidenciais, tem se notabilizado por sua gestão neoliberal. O tucano privatiza tudo o que consegue ou resta de patrimônio público. No estado já se privatizou a companhia de energia elétrica – o que tem sido uma verdadeira tragédia –; a companhia de saneamento, o Porto de Rio Gande, o Metrô de Porto Alegre. É o neoliberalismo parasitando sem limites.
Os neoliberais entregam tudo para o mercado especulativo com a promessa de que vai tudo melhorar. Em vez disso, como se vê, os serviços se deterioram rapidamente. O Estado ‘economiza’, cumpre o teto de gastos, imposto pelo mesmo mercado, e não sobra nada para obras públicas, vai tudo para as mãos dos bancos e outros tubarões.
Mudanças climáticas?
Há tempos que se vem debatendo a alteração no regime de chuvas no Rio Grande do Sul, o que demandaria obras de prevenção. O que nunca foi feito.
Setores oportunistas, a esquerda ongueira, a grande imprensa, aproveitam para alardear as ‘mudanças climáticas’, como se o clima fosse um fenômeno estático.
Com a esquerda dominada pelas ONGs, e a paralisia do governo, há uma verdadeira campanha da direita nas redes sociais contra o governo Lula, que aproveitou para mandar o Exército resgatar pessoas ilhadas no Rio Grande do Sul. Mas isso ainda é pouco.
Não há uma campanha para denunciar os cortes nas verbas públicas exigido pela direita para alimentar a sanha dos bancos, que ficam mais de 40% do orçamento público na forma de cobrança de juros da dívida.
Deveria ser feita uma auditoria da dívida pública para demonstrar o quão fraudulento é o parasitismo do sistema financeiro. Deveria ser suspenso o pagamento de juros, mas o governo federal está acuado, não mobiliza a população contra a direita neoliberal, que encontra em Eduardo Leite um espécime ideal.
Balanço
A esquerda deveria agora refletir sobre sua política equivocada de apoiar o ‘mal menor’. Assim com apoiou Joe Biden contra Donald Trump, apoiou também um bolsonarista mal disfarçado: Eduardo Leite.
O saldo desse apoio é criar uma confusão na esquerda, na classe trabalhadora, que não consegue identificar e combater seus verdadeiros inimigos.
Eduardo Leite é o principal culpado pela tragédia no Rio Grande do Sul, não é nenhuma ‘mudança climática’.
Temos que, primeiro, denunciar o neoliberalismo e seus representantes, como Eduardo Leite; e também desmascarar essa esquerda que tem feito campanha para a ‘direita civilizada’, o que só tem causado prejuízos políticos e materiais para a classe trabalhadora.