Nessa sexta-feira (26), o YouTube informou à equipe da Causa Operária TV (COTV) que o canal, assim como os canais identificados como “parceiros”, não poderiam mais receber apoio financeiro de sua audiência, seja por assinaturas ou por contribuições espontâneas, os “super chats”, seja pela quantidade de visualizações nos vídeos. Acrescentou ainda, em caso de censura flagrante, que havia retirado do canal 37 vídeos, todos coincidentemente relacionados à firme campanha de defesa da Palestina. Destacamos os detalhes dessa atitude absurda do monopólio norte-americano em nossa edição de ontem.
Para aqueles que puderem continuar apoiando essa imprensa revolucionária, que apesar de desmonetizada, segue sua operação no YouTube, convidamos nossos leitores a contribuir participando da campanha de membros pelo Catarse. Segundo a equipe da COTV, “tornando-se Membro pelo Catarse, o assinante ajuda a Rede COTV a ficar menos exposta às restrições do YouTube, usufruindo dos mesmos benefícios“. Para contribuir, basta acessar a plataforma por meio deste link.
A atitude arbitrária do YouTube contra o Partido não ocorre de forma isolada, acontece numa semana de grande movimentação do sionismo contra seus opositores em escala mundial. As universidades norte-americanas, a começar pela tradicional Universidade de Columbia, em Nova Iorque, foram tomadas por uma onda de protestos de estudantes contra o genocídio em Gaza. Segundo balanço realizado pelo jornal norte-americano The Washington Post, mais de 50 universidades em mais de 20 estados norte-americanos se tornaram palco de protestos e ocupações em solidariedade ao povo palestino e em quase todas as oportunidades, esses estudantes e professores enfrentaram dura repressão policial. Até o momento, já são mais de 900 presos.
A situação evoluiu de tal maneira que o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netaniahu, fez uma pausa no planejamento da invasão de Rafá, a cidade ao sul de Gaza que atualmente abriga mais de um milhão e meio de refugiados palestinos, para realizar um pronunciamento:
“O que está acontecendo nos campi universitários dos Estados Unidos são terríveis multidões antissemitas. Tomaram conta das principais universidades, eles pedem a aniquilação de Israel, atacam estudantes judeus, atacam faculdades judias. Isso é remanescente do que aconteceu nas universidades alemãs em 1930″, declarou.
As manifestações estudantis, além de se espalharem pelos Estados Unidos, chegaram à Europa, onde receberam a mesma cortesia do aparato repressivo francês. A primeira universidade a se levantar contra o genocídio em Gaza foi o Instituto Parisiense de Estudos Políticos, também conhecida como Sciences Po, lugar onde o próprio presidente francês Emmanuel Macron estudou, algo que não implicou solidariedade alguma com os estudantes.
Outro episódio de destaque foi a flotilha que levava cerca de cinco toneladas de alimentos e medicamentos para a população de Gaza. Organizada por diversos ativistas ao redor do mundo, a flotilha encontra-se agora aportada na Turquia, impedida de prosseguir viagem por clara complicação imperialista. Duas embarcações, que navegavam com a bandeira de Guiné-Bissau, tiveram a autorização para usar a bandeira revogada pelo país africano e precisam regularizar a situação. Ao mesmo tempo, o governo turco, sob pressão alemã e norte-americana, exigiu o preenchimento de novos formulários e a procura de um novo porto em Istambul para as embarcações.
Na mesma semana, em audiência no Congresso brasileiro, um médico palestino foi convidado a falar sobre a situação humanitária em Gaza. Durante o evento, um militante do PCO trajando camiseta do Hamas tranquilamente distribui aos parlamentares cartazes e panfletos impressos pelos Comitês de Luta em parceria com o Partido para a campanha em defesa da Palestina em ato que “chocou” a direita nacional.
Não é possível estabelecer uma relação entre este evento e a ação contra a COTV e seus parceiros – além da Loja do PCO que foi derrubada pelo serviço de hospedagem israelense Wix -, mas é evidente que a censura sionista precisa intensificar para conter o repúdio que se generaliza contra os crimes do Estado nazista de “Israel”.
O imperialismo intensifica sua política de repressão, seja por meio de um ataque aos direitos democráticos da população – como no caso do PCO -, seja por meio de violência física – como nos casos dos estudantes norte-americanos -; pois a derrota da ocupação sionista na Palestina se aprofunda cada vez mais. Quer dizer, a situação de “Israel” é dramática, essa é a causa de toda a repressão vista ao redor do mundo.
Finalmente, as declarações por parte do Estado sionista de que seu exército está derrotando a resistência palestina não passam de propaganda. Não só figuras importantes da resistência, como também analistas militares de países imperialistas afirmam categoricamente que são as tropas israelenses que estão sendo derrotadas, sendo expulsas de várias regiões na Palestina, como é o caso de Khan Yunis.
Ao mesmo tempo, como foi dito, o governo Netaniahu organiza uma invasão a Rafá, cidade onde estão alocados mais de 1,5 milhão de palestinos que, desde o dia 7 de outubro, foram expulsos de outros lugares da Palestina para a cidade, que faz fronteira com o Egito. Caso se concretize, essa operação pode resultar em um dos maiores banhos de sangue da história. É, nesse sentido, uma espécie de compensação: “Israel” precisa massacrar cada vez mais a população pela falta de resultados que obteve até agora no terreno militar.
Além disso, na semana que antecedeu a censura ao PCO, o Irã realizou a operação Promessa Cumprida, colocando completamente em xeque a posição militar de “Israel” no Oriente Próximo. Com isso, caso a ocupação sionista decida levar adiante a invasão de Rafá, será responsável por uma crise gigantesca que envolverá vários países da região, podendo, inclusive, causar uma guerra, uma ampliação do atual conflito.
O problema é que “Israel” não tem condições de embarcar nessa ampliação do conflito, algo que foi mais do que comprovado pela ação iraniana.
Fica claro que a crise é muito grande, pode-se dizer que é inédita. A pressão internacional, por sua vez, joga lenha na fogueira dessa crise e, para impedir que a situação exploda de vez, o imperialismo precisa reprimir o máximo possível qualquer mínima manifestação de solidariedade à causa palestina. É daí que vem a repressão nas universidades norte-americanas, é daí que vem o aumento da censura no Brasil e no mundo.
Setores da esquerda nacional embarcaram na tese de que não existe liberdade de expressão irrestrita e que, portanto, deveríamos defender a censura, a saber, contra o bolsonarismo. Mas se a censura contra os apoiadores do ex-presidente acontece a conta-gotas, sem nenhum ganho para o movimento popular, justificam a censura em escala mundial que se impõe contra todos os que ousam levantar a cabeça contra o sionismo.