Na última sexta-feira (19), o portal de jornalismo investigativo conhecido como Declassified UK, ou, em tradução livre, “Reino Unido tornado público”, fundado em 2019 por Matt Kennard e Mark Curtis, trouxe a público um relatório que aponta como Reino Unido e “Israel” já haviam premeditado e acordado uma parceria para a promoção do genocídio na Palestina, afirmando ter a intenção de combater “ameaças compartilhadas.”
O genocídio em curso, que até agora já assassinou mais de 40 mil mártires, foi premeditado pelo governo do Reino Unido, segundo as informações contidas no relatório vazado pelo portal britânico.
Assinado em março de 2023 entre os dois países, o relatório declarava que ambos os Estados se comprometiam a reforçar sua parceria estratégica e militar a fim de avançar contra “ameaças compartilhadas”, ou seja, a resistência palestina e seus aliados, nomeadamente o Hamas e o Hesbolá, partidos políticos considerados por ambos os países como “terroristas”. O reforço dessa parceria se deu na forma de exercícios e treinamentos militares em conjunto, como a partilha de informações acerca de segurança e defesa.
Como parte do acordo, o Reino Unido forneceu apoio militar significativo a “Israel” durante sua invasão de Gaza, com a Força Aérea Real realizando missões de vigilância e hospedando treinamento para militares israelenses. O Reino Unido facilitou ainda mais as operações militares dos EUA, permitindo o fornecimento de armas através de sua base no Chipre.
O relatório citou o Irã como uma das ameaças compartilhadas, e foi definida como prioridade a desestabilização do país persa, a sabotagem de sua influência no Oriente Médio e o bloqueio das suas iniciativas tendentes ao desenvolvimento de tecnologia nuclear. “Vamos trabalhar para garantir que o Irã nunca tenha capacidades de armas nucleares”, assinala o acordo.
O acordo vai muito além de formalidades, e traça um curso de ação para os dois países que se colocam como “aliados naturais”, caracterização que desconsidera a posição de pária internacional que “Israel” adquiriu e seus crimes contra o povo palestino. O curso de ação inclui uma seção intitulada “Antissemitismo, deslegitimação e viés anti-Israel”, que antecipa a defesa excepcional do Reino Unido das ações de “Israel” em Gaza dentro de fóruns internacionais.
Ao longo do acordo, são traçados diversos planos e condutas para que a autoridade britânica blinde “Israel” contra críticas afirmando a existência de um foco indevido contra Israel, quando, na verdade, os “verdadeiros inimigos” seriam outros.
Existe, ainda no compromisso, o estabelecimento do que é um acordo militar secreto assinado entre o Reino Unido e “Israel” em dezembro de 2020, descoberto pelo UK Declassified através de um tweet das Forças de Ocupação Israelenses (IOF).
O governo do Reino Unido não divulgou o acordo e supostamente se recusou a torná-lo público, citando razões de segurança nacional. Segue alguns trechos do acordo, conforme retratado pelo portal UK Declassified:
“Londres e Telavive também se comprometeram “a tomar ações decisivas e concertadas contra terroristas e entidades terroristas designados globalmente”, um aceno ao Hamas e ao Hesbolá.”
“Desde o início do ataque, a Força Aérea Real realizou dezenas de missões de espionagem sobre Gaza e pelo menos seis militares israelenses receberam treinamento no Reino Unido.”
“Nove aviões militares israelenses visitaram o Reino Unido, com o governo britânico se recusando a dizer o que está a bordo. Declassified também descobriu que os militares dos EUA têm fornecido armas a Israel usando a base do Reino Unido em Chipre. Nada disso perturbou a mídia nacional do Reino Unido. Mas tudo isso é consistente com as promessas contidas no acordo.”