Ontem (26) deu-se a segunda fase das eleições gerais da Índia, em que cerca de cem milhões de indianos foram às urnas para escolher 88 dos 543 membros do Lok Sobha, a câmara baixa do parlamento indiano (equivalente ao Congresso Nacional brasileiro) e depositar os seus votos à presidência. Nestas eleições de 2024, o número total de cidadãos com direito a voto é de aproximadamente 968 milhões, um aumento de cerca de cinquenta milhões em relação às últimas eleições, de 2019, em que cerca de 600 milhões de pessoas votaram.
Não é possível votar de fora da Índia: cidadãos indianos residentes no exterior devem retornar a sua zona eleitoral em seu país natal caso queiram participar do pleito. Além disso, indianos com dupla nacionalidade não têm direito a voto, dada a restrição constitucional a outra cidadania.
Devido à enorme população do país, o maior processo eleitoral da história humana foi dividido em sete fases. Com um intervalo aproximado de uma semana entre cada uma, as votações se concluirão no dia primeiro de junho, e a contagem dos votos três dias depois. Os votos são depositados em urnas eletrônicas, ou outras máquinas equivalentes, que, devido à necessidade legal de não estarem a mais de dois quilômetros de distância dos povoados, mesmo os mais afastados, ultrapassam a casa das cinco milhões de unidades, distribuídas em cerca de um milhão de mesas de voto. Cerca de quinze milhões de pessoas trabalharão no processo eleitoral, entre mesários, seguranças, etc.
Introduzidas nas eleições indianas de maneira paulatina ao longo dos anos noventa, as urnas eletrônicas ocupam uma posição polêmica também no outro país-membro dos BRICS+. Em março deste ano, Rahul Gandhi, candidato do Congresso Nacional Indiano, partido líder da coalizão INDIA (Indian National Development Inclusive Alliance, ou Aliança Inclusiva pelo Desenvolvimento Nacional Indiano) oposição ao Partido do Povo Indiano de Narendra Modi, quem Gandhi descreve como rei, disse que a “alma do rei eram as máquinas de votação eletrônicas”.
Figuras importantes do principal partido de oposição fazem uma campanha aberta contra o uso de urnas eletrônicas e pelo retorno ao voto em cédulas impressas. No entanto, no mesmo mês, a Suprema Corte Indiana rejeitou uma petição do Partido do Congresso pelo retorno ao voto impresso. Ao contrário do Brasil, um dos únicos três países, ao logo de Bangladesh e Butão, em que são utilizadas urnas eletrônicas para eleições nacionais sem que haja comprovante físico algum, na Índia é impresso um comprovante do voto que permite uma auditoria manual do resultado de cada urna, caso necessário.
Nas duas fases já concluídas, cerca de 68% do eleitorado compareceu às urnas e as votações de 189 das 543 zonas eleitorais já foram concluídas. Apesar da crescente hostilidade entre as figuras centrais dos dois blocos políticos, todas as pesquisas eleitorais indicam a manutenção de Modi na presidência e a maioria esmagadora da coalização Aliança Democrática Nacional, liderada pelo seu partido, no Lok Sabha.