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Editorial

O calcanhar de Aquiles do governo Lula

Política do governo Lula em relação ao Estado é o seu aspecto mais frágil

A cada tanto, Vera Magalhães, Merval Pereira e todo o quadro de colunistas venais da imprensa capitalista mira seus canhões contra Lula. Quase sempre, o assunto é o mesmo: seu apoio a “ditadores”, como Nicolás Maduro; suas críticas a “democratas”, como Benjamin Netaniahu; e seu “intervencionismo” na roubalheira da Petrobrás. Em resumo, a cada vez que o governo tenta dar uma guinada à esquerda e se choca com os interesses do grande capital, se depara com os latidos dos serviçais dos grandes monopólios da comunicação.

Acontece que esse aspecto do governo, essa sua inclinação de caráter nacionalista, é o que ele tem de mais forte. É o que fez com que milhões de pessoas saíssem às ruas em 2022 por julgar que valeria à pena se mobilizar para elegê-lo. O que há de mais fraco do governo, contudo, é algo que raramente se vê a imprensa reclamar: a sua política em relação aos direitos democráticos.

Ainda que tenha sido forjado na luta contra a ditadura militar, o presidente da República não tem uma ideologia muito bem definida no que diz respeito ao Estado. E, para piorar, é vítima da pressão que um setor da esquerda nacional vem fazendo em torno de dois assuntos: a censura e a repressão policial.

A questão da repressão apareceu em alguns episódios, embora não ocupe propriamente o primeiro plano da atuação do governo. Apareceu, por exemplo, quando Lula lançou, junto com o então ministro Flávio Dino, um pacote de medidas profundamente antidemocráticas. E aparece também hoje quando o governo, acuado pela extrema direita, sancionou o fundamental do chamado “fim das saidinhas”.

Não há dúvidas de que essa política faz com que o governo perca bastante apoio entre a população pobre, vítima da arbitrariedade da polícia. E, tampouco, o governo ganha apoio entre os setores mais conservadores, uma vez que estes sabem, muito bem, que apenas a extrema direita tem condições de levar adiante uma política repressiva à la Sargento Fahur.

A questão da censura, por sua vez, já se transformou em um grande problema político para o governo. Isso porque, ao ficar paralisado diante da postura ofensiva da extrema direita, Lula optou por selar um pacto com seu pior inimigo: o Judiciário, representante dos interesses do imperialismo no regime político. Ainda que Lula não seja propriamente o responsável pela censura no País, resolveu se aliar aos grandes censores, fornecendo toneladas de munição para que a extrema direita lhe ataque.

A aliança de Lula com a política antidemocrática do Judiciário é tão explícita que permitiu que a extrema direita bolsonarista, notoriamente defensora da ditadura militar, acusasse seu governo de integrar um “complexo industrial da censura”. Nesse complexo, que teria o Judiciário como quartel-general, a Advocacia-Geral da União (AGU) seria a principal representante do governo, uma vez que instituiu uma procuradoria em defesa da “democracia”.

É de fato facilitar o trabalho dos inimigos. Ao invés de a AGU atuar como o próprio nome indica, defendendo os interesses reais da União, como deveria fazê-lo no crime de lesa-pátria cometido por Jair Bolsonaro (PL) ao vender a Eletrobrás; o órgão está sendo utilizado para promover a censura. Bolsonaro, que poderia sofrer dezenas de acusações por ter piorado a vida dos trabalhadores, ganhou de presente o título de perseguido pelo Estado.

Se a AGU já integrava o “complexo industrial da censura”, agora a extrema direita ganhará mais motivos para acusar – com razão – o órgão de ser autoritário. A AGU decidiu enviar uma notícia de fato ao Supremo Tribunal Federal (STF) contra os jornalistas que publicaram informações sobre a atuação ilegal do STF. É surreal!

Além de apoiar uma política muito impopular e favorecer os seus adversários, o governo Lula, ao abraçar a repressão, está ainda abraçando Alexandre de Moraes, uma figura que está sendo descartada pelo regime. Se não mudar de política, o governo Lula ficará com o mico na mão, apoiando a censura, enquanto a extrema direita seguirá avançando no regime e acusando a esquerda de ser aliada do seu maior opressor: o Estado capitalista.

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