Conhecido em todo o planeta pelo pseudônimo “Lênin”, o russo Vladimir Ilyich Ulyanov, nascido em 22 de abril de 1870, na cidade de Simbirsk (rebatizada como Ulyanovsk em sua homenagem), foi o principal líder da Revolução Russa e um dos maiores revolucionários que já existiram, tendo sido fundamental para a ascensão do governo bolchevique em 1917 e consequentemente, para a formação do primeiro Estado operário da história.
Oriundo de uma família pequeno-burguesa mais abastada, o jovem Ulyanov recebeu a sólida educação destinada aos membros das esferas superiores da burocracia czarista. Seu irmão mais velho, Alexandre “Sasha” Ulyanov, foi um dos líderes do grupo revolucionário Pervomartovtsi, tendo sido executado aos 21 anos por conspirar contra o czar Alexandre III em 1887, fato que influenciaria profundamente o futuro dirigente bolchevique. À época da morte do irmão, Vladimir tinha então 17 anos.
Nessa fase, tornou-se um crítico ferrenho do regime czarista, dedicando-se a atividades clandestinas, as quais seriam responsáveis por várias prisões, ainda na Universidade de Kazan, onde cursara Direito. Concluindo os estudos em 1892, é preso pela primeira vez em 1895, com 25 anos, já militando no Partido Operário Social Democrata Russo (POSDR).
Condenado à Sibéria em 1897, exila-se no exterior, vivendo na Suíça, onde continuou seu ativismo político e desenvolveu seus estudos do marxismo, que conhecera na universidade. No país da Europa Ocidental, continua suas atividades revolucionárias, incluindo sua participação ativa na Segunda Internacional Socialista, organização que reunia os partidos socialistas de diferentes países.
Além disso, Vladimir Ulyanov (como ainda era conhecido) também continuou escrevendo e publicando obras políticas, participando de debates e conferências internacionais, mantendo também contato com outros líderes e intelectuais socialistas. Retorna ao seu país natal em 1897 e em 1903 (já conhecido pelo pseudônimo “Lênin”), participa do primeiro Congresso do POSDR. Tem um papel fundamental no racha do partido, do qual se originam dois grupos distintos: os “Mencheviques” (palavra russa que significa “minoria”, em português) e os “Bolcheviques” (“maioria”).
Liderados por Lênin, os bolcheviques se opõem aos mencheviques (liderados por Julius Martov e também o “pai” do marxismo russo, Plekanov) em uma questão que seria decisiva para a organização revolucionária: a discordância entre quem poderia ser considerado militante do partido e qual seria a sua estrutura organizacional. Os bolcheviques defendiam que apenas quem cumpria com determinados deveres era um militante de fato, ao passo que os mencheviques defendiam que os direitos de militantes fossem estendidos a qualquer um que fosse filiado, além de se opor ao centralismo democrático, proposto pelos bolcheviques para organizar internamente o partido. Esse modelo de organização partidária proposto por Lênin estabelecia parâmetros para que o partido funcionasse de forma disciplinada e coesa, com o congresso partidário estabelecendo as diretrizes estratégicas e uma direção centralizando a militância para o cumprimento das tarefas necessárias aos objetivos políticos. Os mencheviques, por sua vez, defendiam uma maior descentralização, opondo-se à atuação disciplinada do partido, apresentando já as tendências pequeno-burguesas que se acirrarão ao longo da história russa.
Ao longo dos anos seguintes, Lênin continuou sendo o principal dirigente do Partido Bolchevique, promover a política revolucionária por meio da agitação e propaganda, e organização de atividades clandestinas. Após o fracasso da Revolução de 1905, Lênin foge novamente da Rússia, exilando-se na Suíça outra vez. De lá, manteve seu trabalho revolucionário, organizando o jornal bolchevique Pravda e as atividades políticas do partido.
Em 1917, durante a Primeira Guerra Mundial e em meio à crise revolucionária na Rússia que já derrubara o czarismo em fevereiro (março, no calendário gregoriano), Lênin liderou os bolcheviques na Revolução de Outubro, um golpe de Estado que derrubou o governo provisório e estabeleceu o primeiro governo dos trabalhadores da história. Essa revolução marcou o início de uma nova era na história da humanidade, sendo o principal marco da decadência do capitalismo e da transição social rumo ao socialismo.
A ascensão do proletariado ao poder na Rússia foi resultado de décadas de trabalho árduo, liderança eficaz e uma compreensão profunda das condições políticas e sociais que distinguiu Lênin entre todos os marxistas após os próprios Marx e Engels, e também depois.
Após a Revolução de Outubro, Lênin tornou-se o líder supremo da Rússia Soviética e do Partido Comunista, liderando o país durante o período turbulento de guerra civil e contra as potências imperialistas, que invadiram a recém-formada União das Repúblicas Socialistas Soviética (URSS). Sob sua liderança, a República Soviética consegue repelir o restolho do imperialismo no país, consolidando a revolução e sua viabilidade histórica.
Talvez o líder mais influente do século XX e seguramente um dos mais importantes que já existiram, Lênin mantém-se fiel aos objetivos revolucionários, mesmo a consolidação dos comunistas na URSS, dando início à III Internacional Comunista, entidade que pretendia organizar um partido revolucionário mundial. Antes disso, no entanto, falece em 21 de janeiro de 1924, aos 53 anos, devido a complicações de um derrame.
A importância de Lênin para a humanidade é imensurável. Sua contribuição mais significativa foi a compreensão do marxismo a ponto de conseguir adaptá-lo à conjuntura russa e da etapa em que o capitalismo transforma-se no imperialismo, marcada pelo fim da livre-concorrência e o estabelecimento da ditadura dos monopólios.
É de Lênin a obra que permitirá a compreensão deste fenômeno novo, explicado na obra Imperialismo, Etapa Superior do Capitalismo (tema do último curso da Universidade de Férias do Partido da Causa Operária, ocorrido em janeiro de 2024). Também do revolucionário russo, origina-se a teoria sobre o partido revolucionário, algo fundamental para os trabalhadores combaterem a opressão da burguesia e se firmarem como força política dominante.