O governo dos Estados Unidos vetou o reconhecimento da Palestina pela Organização das Nações Unidas (ONU) como um membro pleno, e portanto, de ser um Estado reconhecido pela entidade. A votação ocorreu no último dia 18, tendo nove votos favoráveis entre os membros rotativos do Conselho de Segurança, três entre os membros permanentes (França, Rússia e China), uma abstenção (do Reino Unido) e apenas o voto contrário de Washington (capital norte-americana). Sendo um integrante permanente do Conselho, o voto norte-americano tem poder de veto à proposta, o que a fez ser derrotada.
Votaram a favor da Palestina Argélia, Guiana, Japão, Malta (presidente rotativo do Conselho), Moçambique, Serra Leoa, Eslovênia, Coreia do Sul e até mesmo o Equador, cujo governo fizera o papel de garoto de recados de Washington no caso denunciado pelo sítio The Intercept, que expôs os telegramas diplomáticos usados para pressionar os demais países a não deixarem o fardo do veto apenas com os norte-americanos. O décimo rotativo do Conselho, a Suíça, absteu-se.
Além do voto criminoso, a votação deu nova mostra do cinismo do imperialismo, que em seu voto. “Os EUA votam ‘não’ nessa resolução do Conselho de Segurança. Novamente, os EUA mantém seu forte apoio à solução de dois Estados. Esse voto não reflete oposição ao Estado da Palestina”, disse o representante norte-americano, embaixador Robert A. Wood. Analisado friamente e à revelia de seus efeitos práticos para o povo palestino, o despudor de declarar que o voto “não reflete oposição” à Palestina quando é exatamente isso o que se produz, embora cômico, tem um aspecto importante, na medida em que dá novo reforço ao significado prático da política de “dois Estados”, a saber, um palestino e outro sionista.
No mundo real, “dois Estados” significa que “Israel” continuará roubando territórios palestinos e dos demais países árabes, e massacrando os povos da região, enquanto toda uma demagogia distracionista se desenvolve, para que, na prática, apenas “um Estado” exista de fato: “Israel”.
O embaixador russo, Vassily Nebenzia, criticou duramente o voto da principal potência imperialista do mundo: “Hoje poderia ter entrado para a história como o dia que o mundo fez justiça aos palestinos após 75 anos. Porém, nossos colegas americanos não concordam com isso. A história não vai perdoar vocês”, disse.
Para Nebenzia, ao exercer seu veto, os EUA demonstraram “o que realmente pensam dos palestinos”. Segundo o diplomata, a consideração da nação imperialista sobre os palestinos é que “eles não merecem ter seu próprio Estado”.
O representante de Moscou (a capital russa) disse por fim que os EUA estão fechando os olhos para os “crimes de Israel” contra civis em Gaza, bem como para a continuação da atividade de assentamentos ilegais na Cisjordânia ocupada. “O objetivo é quebrar a vontade dos palestinos, forçá-los de uma vez por todas a se submeterem ao poder ocupante, transformá-los em servos e pessoas de segunda classe e, talvez, de uma vez por todas, forçá-los a sair de seu território nativo”, disse ele, acrescentando por fim que “essa política só está tendo um impacto oposto”.
Digno de nota ainda, o embaixador israelense na ONU, Gilad Erdan, foi alvo de protesto enquanto começava sua fala. Liderados pela delegação russa, outras delegações deixaram a sala, num sinal de oposição ao discurso israelense.
Em seu discurso, Erdan acusou a resolução do Conselho de Segurança como um “prêmio aos [terroristas]” envolvidos no ataque de 7 de outubro pelo grupo palestino Hamas, que governa Gaza.
“Se essa resolução for aprovada – Deus nos livre – ela não deverá mais ser conhecida como Conselho de Segurança, mas como o conselho do ‘terror'”, disse, acrescentando que “a única coisa que um reconhecimento unilateral forçado de um Estado palestino fará é tornar quase impossível qualquer negociação futura.” Erdan ainda chamou a Autoridade Palestina (AP), que representava a Palestina no fórum em Nova Iorque, de “entidade amante do genocídio que não merece nenhum status” na entidade.
“A ONU não está comprometida com o multilateralismo. Infelizmente, agora ela está comprometida com o multiterrorismo”, disse Erdan. “Hoje a máscara finalmente caiu. O Conselho de Segurança da ONU se expôs.” Por fim, o representante israelense criticou a ONU por colocar em votação uma resolução considerada “destrutiva e imoral” para o regime sionista.
Fica claro, pela votação norte-americana e a reação israelense, que a despeito de todo o falatório na ONU, é a ação dos partidos da Resistência Palestina. A ação armada do povo palestino e de sua vanguarda armada é o único caminho para encerrar toda a opressão e o martírio do qual são vítimas há quase cem anos.
De cinismo em cinismo, de ataque em ataque, a ditadura mundial esclarece que, na prática, “dois Estados” significa o Estado de “Israel” oprimindo barbaramente o povo palestino, que jamais terá nenhum benefício por abaixar a cabeça e aceitar a brutalidade sionista. É a luta armada, travada pelo Hamas e os demais partidos revolucionários que lutam contra a ditadura sionista, pela expulsão dos invasores e o reestabelecimento de uma Palestina livre, e democrática, que pode fazer do país invadido um Estado pleno e soberano.