No artigo Contra-ataque iraniano cria mais incertezas no Oriente Médio, publicado pela Liga Internacional dos Trabalhadores – Quarta Internacional (LIT-QI), organização da qual o Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado (PSTU), um tal Fábio Bosco apresenta o balanço da entidade acerca da retaliação iraniana ao ataque de “Israel” a sua Embaixada na Síria. Segundo a LIT-QI, tudo não passaria de uma “ação teatral”, uma vez que contou “com o aviso prévio de 72 horas” e que “a ação não teria continuidade”. Por isso, “deixou a certeza que o regime iraniano não atacará Israel para defender os palestinos, mas apenas para se defender”.
Podemos resumir a posição da LIT-QI da seguinte forma: a retaliação iraniana contra “Israel” não tem valor nenhum para a luta do povo palestino. Não teria, no final das contas, valor algum para a situação política internacional. É uma posição ridícula, que vem na contramão até mesmo do que a imprensa internacional já falou sobre o assunto.
O fato, no entanto, é que essa é a primeira vez que “Israel” é atingido dessa maneira em 50 anos. O objetivo do Irã não era o de destruir “Israel” e matar toda a sua população – neste sentido, não há porque criticar os avisos prévios. O objetivo do país persa era claro: mostrar ao mundo inteiro que é capaz, sim, de provocar um grande estrago no território ocupado pela entidade sionista.
Do ponto de vista político, o Irã liquidou o que é chamado de força de dissuasão de “Israel”. Isto é, antes, se alguém atacasse “Israel”, a entidade sionista reagiria com o triplo de intensidade. Sem o poder de dissuasão de “Israel”, a situação no Oriente Médio mudou completamente. É um aprofundamento da crise da dominação imperialista, que já vinha se expressando nos golpes nacionalistas na África, na guerra da Ucrânia e na insurreição afegã.
A questão da continuidade, por sua vez, não é fato. O Irão encerrou a operação no mesmo dia porque ela foi um sucesso: ele estabeleceu uma nova correlação de forças no Oriente Próximo. No entanto, os militares iranianos foram a público avisar a “Israel” que sabem onde fica cada posto nuclear da entidade sionista, em uma clara ameaça de novos ataques caso “Israel” ousasse algo contra o país persa.
Não é à toa que a LIT-QI queira ignorar o tamanho do estrago causado pela retaliação do PSTU. O objetivo da liga é causar uma intriga contra o Irã em meio ao movimento de apoio à Palestina. Ao dizer que “o regime iraniano não atacará Israel para defender os palestinos, mas apenas para se defender”, a LIT-QI quer dizer: palestinos, não se aliem ao Irã, que é o Estado que mais tem apoiado a sua luta. Em outras palavras, é o mesmo que dizer: palestinos, lutem sozinhos, sem armas, sem apoio, contra um dos exércitos mais poderosos do mundo.
O que a LIT-QI precisaria explicar é que, se o Irã não está disposto a apoiar a luta dos palestinos, por que é que existe o Eixo da Resistência, fato publicamente conhecido. E por que é que é também notório que a Guarda Revolucionária Iraniana é reconhecida como a grande arquiteta desse eixo.
As calúnias contra o Irã são uma calúnia contra o Eixo da Resistência. E, como tal, contra a luta dos palestinos. É um favor que a LIT-QI e o PSTU estão fazendo a Benjamin Netanyahu.