Dentre partidos, países e milícias populares que fazem parte do Eixo da Resistência, o Hesbolá é o partido que mais combate o sionismo auxiliando o povo palestino na luta para acabar com a ditadura nazista de “Israel”. Não é coincidência, pois o Partido de Alá surgiu, na década de 1980, como uma resposta do povo do Líbano contra os massacres perpetrados por “Israel” e pelas milícias fascistas dos cristãos maronitas (ex.: Massacre de Sabra e Chatila).
Embora a Primeira Guerra do Líbano tenha acabado oficialmente em 1990, “Israel” manteve sua ocupação criminosa do sul do país dos cedros, especificamente da região da fronteira. Sob a justificativa de estabelecer uma “Zona de Segurança” contra a resistência palestina, os invasores sionistas permaneceram lá até 2000, quando foram expulsos pelo Hesbolá. Durante a década que permaneceram ocupando o sul do Líbano, perpetraram inúmeros massacres, uns diretamente, outros através de seus fantoches maronitas, cuja principal força militar era o Exército do Sul do Líbano. Um desses massacres foi o de Qana.
O massacre foi perpetrado diretamente por “Israel” em 18 de abril de 1996.
A conjuntura política da época era a luta do povo libanês para libertar o sul do país, expulsando os invasores sionistas da região e pondo fim ao artificial “Estado Livre do Líbano”, fantoche de “Israel”.
Essa luta era encabeçada pelo Hesbolá, que, na época, já era a principal organização armada libanesa lutando contra o sionismo e a ditadura imperialista na região.
Até o dia 11 de abril, existia extra-oficialmente um cessar-fogo entre “Israel” e o Hesbolá, trégua não escrita firmada em 1993 após “Israel” fracassar em destruir o partido através da “Operação Prestação de Contas”, que durou de 25 a 31 de julho e resultou na morte de 140 civis libaneses, 500 feridos e mais de 300 mil deslocados. Segundo a trégua, civis não poderiam ser alvos.
Em 30 de março de 1996, dois libaneses foram assassinados pelas forças israelenses de ocupação, quando um míssil atingiu uma torre de água no município de Iater, sul do Líbano. “Israel”, como de costume, violou o cessar-fogo de 1993. O Hesbolá respondeu lançando foguetes contra posições das forças de ocupação ao norte de “Israel”. Em 9 de abril, mais mísseis foram lançados pelo Hesbolá após as tropas sionistas terem assassinado um menino de 14 anos na aldeia de Baraxite.
Foi então que, em 11 de abril de 1996, “Israel” desatou a Operação Vinhas da Ira, operação militar que durou até o dia 27. Durante ela, as forças israelenses de ocupação tentaram dobrar o Hesbolá atacando a população civil libanesa, não apenas do sul do país, principal ponto de apoio do partido, mas também em Beirute (capital), cujo porto foi bloqueado pela marinha israelense. Os portos de Sidon e Tire, ao sul, também foram bloqueados. Exatamente o mesmo modus operandi utilizado por “Israel” atualmente em relação à Faixa de Gaza, apenas em menor escala.
Durante a Operação Vinhas da Ira, o Estado nazissionista realizou mais de 1.100 ataques aéreos e bombardeios extensivos, para os quais utilizou mais de 25 mil projéteis. A maioria desses ataques foi feito contra a população civil. Em um deles, “Israel” acabou atingindo um complexo das Nações Unidas. Especificamente, um complexo da UNIFIL, sigla em inglês para Força Interina das Nações Unidas no Líbano, força militar do imperialismo para a “manutenção da paz” no Líbano. Criada em 1978, como toda força militar imperialista organizada para “manter a paz”, seu real objetivo era frear a luta revolucionária do povo libanês contra “Israel” e o imperialismo, especialmente a luta do Hesbolá. Qualquer antagonismo da UNIFIL em relação a “Israel” era apena no sentido de garantir que o Estado sionista não exagerasse em sua violência fascista, para evitar que o imperialismo perdesse o controle sobre a região. Sendo assim, não teria problema se o ataque de “Israel” à UNIFIL tivesse aniquilado militares do imperialismo. Serviria para aumentar a crise.
O problema foi que no complexo da UNIFIL em Qana estavam abrigados mais de 800 civis libaneses que se refugiavam dos bombardeios sionistas. O complexo foi atacado com barragem de artilharia, utilizando munições de 155 mm, resultando no assassinato de 106 civis libaneses.
A ONU acusou as forças israelenses de terem realizado o ataque deliberadamente. Como é típico por parte de “Israel”, negaram a acusação. Contudo, a alegação da ONU era fundamentada em vídeo gravado por soldado da UNIFIL que mostrou um VANT (veículo aéreo não tripulado, drone, em inglês) israelense sobrevoando o complexo, fazendo reconhecimento antes da ação.
Segundo concluiu a Human Rights Watch à época “a decisão daqueles que planejaram o ataque, de escolher uma mistura de projéteis de artilharia de alto explosivo que incluía projéteis anti-pessoal mortais projetados para maximizar as lesões no solo — e o disparo contínuo desses projéteis, sem aviso prévio, em proximidade próxima a uma grande concentração de civis —, violou um princípio fundamental do direito internacional humanitário”.
Em demonstração de que o Estado de “Israel” está entranhado de uma natureza genocida e nazista, Naftali Bennett, que comandou a ação que resultou no massacre, eventualmente se tornou primeiro-ministro de “Israel”. Foi chefe de governo do Estado sionista entre 13 de junho de 2021 e 30 de junho de 2022, sendo também vice-primeiro-ministro de Yair Lapid entre julho e novembro de 2022.
Uma amostra de que não é apenas Netaniahu que é genocida, mas sim toda a máquina política do Estado de “Israel” e o sionismo.