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Editorial

Quem não é 1.000% Irã, é 100% Netaniahu

Após operação militar espetacular comandada pelo país persa, o silêncio na esquerda é quase que total

Ainda é difícil dimensionar com precisão o impacto da Operação Promessa Cumprida, lançada pela Guarda Revolucionária do Irã. Foram dezenas de VANTs (veículos aéreos não tripulados) e mísseis que ultrapassam o “domo de ferro” de “Israel”, expondo, para seus aliados e para seus inimigos, que a entidade sionista está muito, muito enfraquecida.

Alguns dados, no entanto, já permitem avaliar que o impacto é gigantesco. Algo que, no mínimo, faz com que esse deva ser considerado como o segundo acontecimento mais importante do século. Isso fica claro, por exemplo, na medida em que o próprio imperialismo admitiu que precisou gastar mais de 1,3 bilhão de dólares para minimizar as consequências do ataque iraniano, que, ainda assim, causou danos importantes, gastando pouco mais de um milhão de dólares para sua operação.

A importância do evento também pode ser expressa nas comemorações dos povos e das forças diretamente envolvidas na luta contra o Estado colonizador de “Israel”. Também pode ser apreciada pelo fato de que os VANTs iranianos passaram por cima de Telavive e de prédios importantes da administração sionista, sinalizando que o país persa terá condições de causar um grande estrago no dia em que julgar necessário.

Apesar desse efeito verdadeiramente espetacular, não se vê na esquerda brasileira, à exceção do Partido da Causa Operária (PCO), comemoração alguma. Os pequenos grupos que se arriscaram a dizer algo, como o Movimento Revolucionário dos Trabalhadores (MRT) e o Movimento Esquerda Socialista (MES), se não condenaram o Irã, também não viram a reação como um progresso para a luta de classes mundial. Para eles, a reação iraniana seria uma mera resposta a questões de sua política interna.

Em seu conjunto, a esquerda permanece calada. O que, passados quatro dias, já é dizer muito: estão contra a ação do Irã. Consideram que aquele evento nada tem a ver com a luta dos palestinos, nem com a luta dos oprimidos em geral. Não causa espanto: para organizações como o Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado (PSTU), o regime iraniano seria “reacionário” – e, portanto, deveria ser derrubado. O que o PSTU não explica, no entanto, é que a campanha contra o Irã vem do imperialismo, e que o imperialismo tenta desestabilizar o Irã justamente por coisas como a que ocorreram no dia 13 de abril. O Irã é um país com uma grande capacidade de intervenção na política do Oriente Médio em favor dos povos oprimidos.

Se deixar “Israel” completamente desmoralizado e paralisado, incapaz até mesmo de ameaçar verbalmente o Irã, não é algo a se comemorar; então a esquerda perdeu por completo o sentido do que deveria defender na Palestina. Não apoiar o Irã incondicionalmente na luta pela destruição do Estado sionista é apoiar a sobrevivência de “Israel”.

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