Ouvido pela Sputnik, Scott Ritter, ex-inspetor de armas da ONU e ex-oficial de inteligência do Corpo de Fuzileiros Navais dos EUA, destacou ao órgão russo que, ao lançar seu ataque de retaliação com drones e mísseis contra o Estado de “Israel”, o Irã “restabeleceu sua capacidade de dissuasão”, disse (“Scott Ritter: Iran’s Retaliatory Attack ‘Reestablished Deterrence’ to Hold Israel, US in Check”, 14/4/2024).
“Israel acreditava que poderia lançar um ataque contra o Irã e não sofrer nenhuma consequência. Esse não é mais o caso”, analisou Ritter, ao que acrescentou:
“Neste momento, os oficiais militares israelenses estão analisando os danos causados às suas bases e entendem o seguinte: o Irã deliberadamente optou por não infligir uma ação extremamente letal”.
Entre a noite do último dia 13 e a madrugada do dia 14, o Irã lançou um ataque maciço de drones e mísseis contra “Israel”, com a ajuda do Hesbolá e do Iêmen. Mais de 300 projéteis foram disparados do Irã contra o território israelense, enquanto a missão iraniana na ONU declarava que seu ataque era meramente uma retaliação contra o Estado sionista.
Segundo a diplomacia do país, os ataques foram “concluídos” eo ataque “atingiu alvos designados”. Os militares da entidade sionista afirmaram que 99% dos projéteis foram interceptados, sem, no entanto, desmentir a afirmação dos iranianos.
Conforme a análise do ex-militar, o ataque foi projetado para enviar uma mensagem a “Israel” e também à principal potência imperialista do mundo, os EUA, “de que ele [o Irã] poderia fazer o que fez em Nevatim, em Ramona, em qualquer lugar de Israel, em qualquer lugar do Oriente Médio, e não haveria nada que os Estados Unidos ou Israel pudessem fazer em resposta”.
“Isso é dissuasão”, continua Ritter, “significa que, no futuro, se Israel ou os Estados Unidos planejarem realizar uma ação contra o Irã, eles terão que pesar as consequências de suas ações, sabendo que o Irã tem a capacidade de alcançar e atingir qualquer lugar, qualquer ponto, qualquer alvo na região em Israel ou fora de Israel, e não há nada que alguém possa fazer para impedir isso”.
O presidente norte-americano, Joe Biden, emitiu uma declaração sobre a retaliação iraniana contra “Israel” após falar, pelo telefone, com o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu. Biden condenou o ataque “nos termos mais fortes possíveis” e reafirmou o “compromisso inabalável” de Washington (capital dos EUA) de apoiar Israel. O presidente acrescentou ainda que não houve ataques às forças ou instalações dos EUA no sábado, mas que o país “permanecerá vigilante a todas as ameaças”.
O Secretário de Estado do governo Biden, Antony Blinken, acrescentou que os EUA “não buscam uma escalada”, mas que “continuarão a apoiar” “Israel”. “Consultarei aliados e parceiros na região e em todo o mundo nas próximas horas e dias”, concluiu Blinken.
Ao comentar a quantidade de conversas entre os líderes dos EUA e de “Israel”, Ritter destacou:
“É por isso que o presidente Biden tem estado ao telefone com Benjamin Netaniahu, o primeiro-ministro de Israel, dizendo-lhe: ‘Não retalie’. Os Estados Unidos não serão parceiros em nenhuma ação ofensiva contra o Irã. Não porque os Estados Unidos sejam amigos do Irã, mas porque os Estados Unidos entendem as consequências que advirão, caso ocorra um ataque desse tipo. Os Estados Unidos foram dissuadidos de tomar novas medidas contra o Irã”.
Para o ex-militar norte-americano, a questão mais importante no momento é: “o que Israel fará?”
“Há algum tempo”, analisa Ritter, “Israel vem tentando levar os Estados Unidos a um conflito maior com o Irã. Na verdade, algumas pessoas especularam que o ataque israelense contra o consulado iraniano em Damasco foi planejado exatamente para esse fim… Mas os iranianos foram muito inteligentes na elaboração de sua resposta – assim como fizeram quando retaliaram os Estados Unidos pelo assassinato de Qasem Soleimani em 2020”, disse.
O ex-militar lembrou que, na época, mais de uma dúzia de mísseis foram lançados pelo Irã contra a base aérea de Al-Asad, no Iraque, mas Teerã (capital iraniana) avisou Washington com antecedência que essa base seria atingida. Assim, acabaram destruindo prédios vazios, lembrou Ritter.
“Isso, no entanto, demonstrou aos Estados Unidos que eles tinham a capacidade de atacar qualquer base americana na região com extrema precisão e matar quantos americanos quisessem – se quisessem fazer isso. E os Estados Unidos foram dissuadidos de ações futuras desse tipo. Será que Israel será dissuadido?”, questionou.
Após o ataque sem precedentes do Irã, Telavive (capital de “Israel”) “entende que qualquer escalada pode significar a destruição de Israel”, observou Scott Ritter.
Até o fechamento desta edição do Diário Causa Operária, tomada nenhuma decisão havia sido tomada sobre a resposta israelense à retaliação iraniana. Segundo o jornal sionista The Times of Israel, uma possível resposta seria discutida em uma reunião do gabinete de guerra marcada para o final do domingo, porém nada havia sido informado até o dia seguinte. A resposta de “Israel”, informou o norte-americano The New York Times, será coordenada com seus aliados, segundo uma autoridade israelense anônima.
“Israel provavelmente não lançará uma resposta contra o Irã. Israel foi dissuadido de lançar essa resposta pelas ações iranianas. Nesse caso, podemos dizer que a operação ‘Promessa Verdadeira’ foi uma operação extraordinariamente bem-sucedida, não apenas para o Irã, mas também para o mundo, porque a dissuasão iraniana agora é uma realidade que pode manter Israel e os Estados Unidos sob controle”, concluiu Ritter.