Um dia após o ataque histórico da República Islâmica do Irã contra o Estado sionista de “Israel” através da “Operação Promessa Verdadeira”, o mundo ainda discute a retaliação iraniana aos atentados sionistas contra a manifestação em memória do general Qasem Soleimani, ocorrido no aniversário de seu assassinato em 3 de janeiro, e o bombardeio da missão diplomática persa na Síria, no último dia 1º.
Após uma indefinição na quantidade de drones camicases e mísseis, o imperialismo contou em mais de 300 artefatos disparados contra alvos militares israelenses, enaltecendo que a maioria foi interceptada pelo sistema de defesa anti-aérea sionista conhecido como “Domo de Ferro”, sem esconder, no entanto, que alguns artefatos ultrapassaram o bloqueio e atingiram o território israelense pela primeira vez, desde a Guerra do Yom Kippur (1973).
Teerã (sede do governo iraniano) não confirma quantos artefatos foram usados, mas destacou a “vitória limpa” obtida entre a noite do dia 13 e a madrugada do dia 14. Além disso, o órgão Tehran Times destaca que a retaliação comprovou “a alta precisão” dos mísseis e drones persas:
“Os mísseis e drones foram disparados de regiões de todo o Irã. Eles passaram por cidades populosas no Iraque, na Síria, na Jordânia e na Palestina ocupada antes de atingir dois alvos militares israelenses, sendo um deles uma grande base de inteligência, a Base Aérea de Nevatim, de onde um jato F-35 decolou para atingir o consulado do Irã em Damasco. Nenhum local civil foi danificado no processo, o que comprova a alta precisão das armas iranianas.” (“Clean Victory”, 14/4/2024).
Já o primeiro-ministro de “Israel”, Benjamin Netaniahu, publicou uma mensagem no X no último dia 14, informando: “Interceptamos. Bloqueamos. Juntos venceremos”. Além do primeiro-ministro, o ministro da Defesa, Yoav Gallant, também se manifestou, informando que “a campanha ainda não terminou. Estamos alertas e fortes”.
Na manhã do domingo (14), porém, o que se viu na reunião do gabinete de guerra para discutir as opções israelenses foi divisão. Até o final do fechamento desta edição do Diário Causa Operária, o único informe concreto era de que “não havia uma decisão” sobre qual seria a resposta de Telavive (sede do governo sionista).
“Após mais de três horas de deliberações na tarde de domingo”, informa o sítio sionista The Times of Israel, “o gabinete de guerra de Israel, composto por cinco pessoas, não chegou a uma decisão sobre como o país responderia à barragem maciça de mísseis e drones do Irã na noite de sábado.” (“War cabinet said to favor hitting back at Iran but divided over when and how”, Jeremy Sharon, 15/4/2023). A matéria continua informando uma divisão na cúpula sionista:
“Autoridades israelenses citadas pela Reuters disseram que o gabinete de guerra é favorável a uma retaliação contra o Irã, mas está dividido quanto ao momento e à escala de tal resposta.” (Idem).
Além do desacordo interno, o imperialismo tampouco se mostrou inclinado a apoiar uma nova ação israelense contra a nação persa. Outro sítio tratando do tema, o norte-americano Axios, destaca declarações dadas pelo presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, sobre uma possível reação israelense:
“‘Eu disse ao primeiro-ministro Netaniahu que Israel demonstrou uma capacidade notável de se defender e derrotar até mesmo ataques sem precedentes – enviando uma mensagem clara aos seus inimigos de que eles não podem ameaçar efetivamente a segurança de Israel’, disse Biden.” (“Biden told Netanyahu U.S. won’t support an Israeli counterattack on Iran”, Barak Ravid, 14/4/2024).
Citando fontes anônimas, o sítio informa ainda que “nos bastidores”, o presidente Biden considerou o desfecho uma “vitória” e aconselhou o primeiro-ministro israelense a “aceitá-la”: “‘Você conseguiu uma vitória. Aceite a vitória’, disse Biden a Netanyahu, de acordo com a autoridade. A autoridade informou que quando Biden disse a Netanyahu que os EUA não participarão de nenhuma operação ofensiva contra o Irã e não apoiarão tais operações, Netanyahu disse que entendia.”
Axios não foi o único a reportar a decisão do governo norte-americano de seguir o conselho de Teerã e “ficar longe”. Um dos principais órgãos de imprensa do imperialismo, o britânico Financial Times informa que “Biden aconselhou Israel a adotar uma abordagem ponderada. ‘O presidente foi claro. Não queremos ver isso se intensificar’, disse John Kirby, porta-voz do Conselho de Segurança Nacional dos EUA, no programa Meet the Press da NBC. ‘Não estamos buscando uma guerra mais ampla com o Irã’.” (“Biden urges restraint on Israel after Iran’s drone and missile attack”, Neri Zilber em Tel Aviv, James Shotter em Jerusalém, Bita Ghaffari em Teerã, Henry Foy em Bruxelas e Alex Rogers em Washington, 14/4/2024).
Do outro lado do Atlântico, “Charles Michel, presidente do Conselho da União Europeia, disse que uma reunião de emergência dos líderes do G7 no domingo ‘condenou unanimemente o ataque sem precedentes do Irã contra Israel’”, continua a matéria de Financial Times, acrescentando que “‘todas as partes devem exercer restrição. Continuaremos todos os nossos esforços para trabalhar em direção à desescalada”, acrescentou ele”, conclui.
Atentos aos movimentos, o comando militar iraniano anunciou que o resultado da retaliação foi “significativamente melhor do que o previsto” (“IRGC chief: Strike on ‘Israel’ more successful than expected”, Al Mayadeen 14/4/2024):
“O comandante do Corpo de Guardas da Revolução Iraniana, General de Brigada Hussein Salami, disse que os relatórios verificados mostraram que a resposta iraniana foi significativamente mais bem-sucedida do que o previsto. Reiterando os comentários de Bagheri, o chefe do IRGC disse que a República Islâmica ‘realizou uma operação limitada, que foi proporcional aos atos malignos do regime sionista’”.
Não há dúvidas quanto a vitória monumental do Irã e, em contrapartida, da derrota igualmente expressiva do imperialismo. O ataque mostrou que o governo persa conhecia a capacidade do sistema de defesa anti-aérea israelense, o “Domo de Ferro”, sendo capaz também de superá-lo. À demonstração de força militar, Teerã demonstrou ainda habilidade para neutralizar uma retaliação imperialista, um indicativo de força política que engrandece a vitória persa.
Os bombardeios iranianos realizados no dia 13 abrem um novo capítulo na grande luta que se desenvolve no Oriente Médio, com grande potencial para desestabilizar o planeta de uma maneira ainda não vista em muitas décadas. O ataque de sábado consolidou a hegemonia militar persa na Ásia Menor e, ao mesmo tempo, deixou claro a fragilidade do imperialismo, que jamais aceitaria tamanha demonstração de força e organização, porém claramente se viu sem alternativa, exceto aceitar a derrota momentânea.
O desenrolar deste evento, se a “Operação Promessa Verdadeira” abriu o caminho para uma derrota definitiva das forças imperialistas ou a ditadura mundial conseguirá reverter a dura situação, ainda não é possível prever, mas certamente, uma nova etapa se descortina com a ação iraniana, com a nação persa em uma posição imensuravelmente mais vantajosa para libertar a si própria e seus vizinhos, da opressão odiosa do imperialismo.