Circula na Internet um vídeo intitulado MBL refuta presidente do PCO, em que um integrante do Movimento Brasil Livre (MBL), uma espécie de think tank neoliberal, se propõe a refutar as posições apresentadas pelo presidente nacional do Partido da Causa Operária (PCO), Rui Costa Pimenta, sobre a questão do terrorismo.
A discussão parte de um corte de uma edição do programa Análise da 3ª, publicado pelo canal Rádio Causa Operária, em que Rui Pimenta explica que o “terrorismo” já foi reivindicado por organizações reconhecidas internacionalmente como parte da luta dos povos por sua libertação. Incapaz de rebater os argumentos levantados por Pimenta, o apresentador se limita à sua posição de papagaio do imperialismo e de “Israel”, apresentando o “terrorismo” em si como algo indefensável.
Ao tentar debochar da posição apresentada pelo presidente do PCO, o rapaz do MBL se saiu como uma verdadeira pérola de ignorância. Diante do argumento de Pimenta de que a resistência francesa contra o nazismo saudava os “sabotadores” e os “terroristas”, o apresentador diz:
“Ele está falando da resistência francesa, eu imagino que ele está falando da revolução francesa, da queda da Bastilha […], que basicamente quando chegou ao poder, matou todo mundo.”
Aqui, o rapaz revela muito mais que sua ignorância. Para ele, não apenas a justa luta dos palestinos contra “Israel” deveria ser condenada por ser “terrorismo”, mas também a luta da burguesia francesa contra a monarquia! Isto é, o MBL, na medida em que se coloca como escudeiro da burguesia na sua opressão contra os povos do mundo, tem uma ideologia tão reacionária que, para se opor à luta dos oprimidos hoje, se opõe à própria ideia de que a burguesia pegou em armas no passado contra os seus opressores.
O MBL mostra que é tão reacionário em suas formulações que defende, finalmente, a monarquia. Afinal, se nenhum povo teria o direito de reagir violentamente à opressão que sofre, a burguesia deveria estar até os dias de hoje sob o jugo da aristocracia medieval.
Ao fazer a defesa da monarquia contra a insurreição revolucionária da burguesia na França em 1789, o rapaz do MBL abre o jogo. Sua oposição à luta dos oprimidos, hoje chamada de “terrorismo” pela imprensa imperialista, não é uma questão moral. É a pura defesa do status quo. O MBL é contra o que chama de “terrorismo” porque é contra a ideia de que se possa contestar a ordem vigente. Em outras palavras, porque expressa as ideias reacionárias dos opressores.
Depois de alguns minutos, alguém corrige a gafe do apresentador: “ah, ele estava falando da resistência contra os nazistas”. Ele, então, se justifica: “é uma outra força que invadiu um país, que tomou conta daquele lugar, que começou a mandar pessoas para campos de concentração”…
Rapidamente, ao saber que se tratava da resistência contra o nazismo, o rapaz do MBL mudou de posição! Mas, por quê? O que haveria de tão específico no nazismo que justificaria até mesmo o uso de métodos que ele diz ser “terroristas”?
A resposta é simples. Porque, no caso do nazismo, os mesmos opressores que temem a ideia de povos pegando em armas contra a ordem vigente fizeram do nazismo um espantalho para justificar todas as suas atrocidades. É em nome do combate ao nazismo – ou ao similar “autoritarismo” – que o imperialismo leva adiante sua política monstruosa contra os povos.
O que deixa isso claro, e é até constrangedor de se falar, é a própria fala do apresentador. Se, diante de “uma outra força que invadiu um país, que tomou conta daquele lugar, que começou a mandar pessoas para campos de concentração”, o “terrorismo” estaria justificado, por que então a luta dos palestinos não estaria?
Fato é que invadir países, escravizar sua população e saquear suas riquezas é exatamente o que o imperialismo vem fazendo ininterruptamente há mais de um século. É o que faz na África, é o que fazia até há pouco no Afeganistão. O rapaz do MBL, no entanto, é incapaz de enxergar isso justamente porque é um garoto de recados dos dominadores do mundo. Isto é, daqueles que merecem ser derrubados com a mais implacável violência possível.