No dia 31 de março, aconteceu mais um ato em São Paulo organizado pelo movimento em solidariedade à Palestina. Convocado publicamente de última hora, o ato se chocou com o horário para o qual o Partido da Causa Operária (PCO) estava chamando um ato contra os 60 anos do golpe militar de 1964.
O PCO, por seu turno, decidiu se integrar ao ato em solidariedade à Palestina e convocar o ato contra o golpe militar para o mesmo horário. A Direção do Partido também decidiu incorporar a questão palestina como uma das principais bandeiras da manifestação.
Mesmo diante desses acontecimentos, o quadro no ato de apoio à Palestina foi uma repetição piorada em comparação aos anteriores. O PCO foi responsável por levar mais de 80% dos manifestantes, enquanto as outras organizações não levaram mais que três ou quatro “representantes”.
O ato do último domingo é um retrato preciso do que está acontecendo com o movimento de apoio à Palestina no Brasil. Enquanto o PCO segue fazendo da defesa do povo palestino a questão central de sua atividade política, todo o conjunto da esquerda nacional decidiu abandonar o heroico povo que está pegando em armas contra o mais perverso regime de apartheid existente nos dias de hoje.
Não é exagero. Desde o início do ano, não houve um único ato grande em apoio à Palestina. Atos como os que aconteceram em outubro e novembro, que, embora não tivessem sido massivos, contaram com uma quantidade expressiva de organizações, não são mais convocados. No 8 de março, data em que tradicionalmente o conjunto da esquerda sai às ruas, a questão palestina não teve destaque. Pior: o PCO, que levou a defesa da mulher palestina para o ato, foi censurado e atacado pela polícia a pedido da autodeclarada organização da manifestação.
É realmente impressionante a falta de ânimo para a luta contra o genocídio do povo palestino. É impressionante que o assassinato de 15 mil crianças não comova a esquerda, nem o governo brasileiro.
A situação gravíssima mostra que, seja por mero oportunismo eleitoral, seja por medo do sionismo, ou seja, pela atividade corruptora de instituições como a Open Society, que financia ONGs, partidos e candidatos; a esquerda, à exceção do PCO e de grupos muito pequenos, como a FEPAL, decidiu deixar a questão palestina de lado.