Na última Análise Política da Semana, transmitida pela Causa Operária TV no sábado (30), o presidente do Partido da Causa Operária (PCO), Rui Costa Pimenta, afirmou que a esquerda precisa defender o Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST), coordenado pelo psolista Guilherme Boulos, após o movimento social ser criticado pela extrema direita ao publicar uma charge de Jesus Cristo sendo crucificado, com soldados romanos afirmando “bandido bom é bandido morto”, lema dos bolsonaristas.
Segundo Rui, “nós temos que defender o MTST, apesar de todas as nossas indisposições com o Boulos, porque é óbvio que o MTST tem todo direito de falar o que falou. Não é porque a extrema direita não gosta que o comentário é inapropriado”.
De acordo com ele, a comparação que foi feita é “apropriada”. “O que a extrema direita quer esconder é que transformou a população pobre em uma população que pode ser exterminada. O governo Tarcísio de Freitas [de São Paulo] matou mais de 50 pessoas na Baixada Santista. Diz o governo que foi tudo enfrentamento a bala, ou seja, seria uma guerra lá, seria uma Faixa de Gaza sem as bombas. Assim as pessoas são exterminadas, pois a extrema direita acha que pobre não é gente”, destacou.
“Se você cometeu crime eles falam, ‘bandido bom é bandido morto’. E não são só os piores crimes, é qualquer pessoa condenada pela justiça. E no caso, Jesus foi condenado, ou seja, do ponto de vista da história da Bíblia, Jesus era um criminoso, um subversivo. As pessoas se esquecem que quando os romanos colocaram a cruz e Jesus no Monte Calvário escreveram ‘Jesus Nazareno, rei dos judeus’, ou seja, uma ironia, o suposto rei dos judeus agora estava na cruz. Sofre uma punição exemplar, foi tortura. Foi punido não só pelo crime, mas para servir de exemplo para os outros. Tal qual foi o esquartejamento de Tiradentes pela coroa portuguesa. A punição exemplar é uma coisa de opressores.”
“Os bolsonaristas falam: ‘estão associando Jesus ao crime’. A imagem de Jesus, pregado na cruz, é a imagem do criminoso. Só se pregava na cruz os criminosos. Para os primeiros cristãos, era uma forma de orgulho. Jesus não era chefe de polícia, era um cidadão comum que desafiou as leis da época. Foi preso, julgado, condenado e crucificado. Tem até uma parte da liturgia católica que fala exatamente assim. Quer dizer, Jesus era um criminoso. Ele inclusive não era inocente, foi condenado por algo que fez, desafiou o poder. Além disso, se o argumento for esse [que ele era inocente], tem que defender várias pessoas que hoje estão na cadeia, pois são inocentes.”
“Pela lógica bolsonarista, foi certo o que os romanos fizeram. Condenaram o criminoso. Lhe botaram uma coroa de espinhos, o obrigaram a subir o Monte Calvário e deixaram-no na cruz para morrer. Como estamos na Páscoa, um feriado cristão, devemos lembrar isso. Toda a história de Jesus tem início em uma condenação judicial. Um processo de tortura, de punição exemplar”, concluiu.
Rui também criticou os cristãos que defendem o genocídio cometido pelo Estado de “Israel” na Palestina. Aliás, sobre a guerra, ele comentou a decisão do Conselho de Segurança da ONU, que aprovou a resolução exigindo cessar-fogo imediato em Gaza. “A importância da resolução do Conselho de Segurança da ONU é apenas da atitude adotada pelos norte-americanos, mostra que a situação está no fundo do poço. Nos Estados Unidos há uma verdadeira rebelião dentro do Partido Democrata dos EUA. Até uma parte dos sionistas rachou, querem o fim da guerra, ou seja, chegou no fundo do poço. Aqui temos que chamar atenção para algo que está passando despercebido. A derrota que Israel está sofrendo tem tudo a ver com a resistência palestina“, disse.
“O que está acontecendo hoje, se não fosse pela resistência, aconteceria, só que de forma mais lenta. A guerra abriu uma crise gigantesca mundial e ela é obra da resistência armada palestina, em primeiro lugar o Hamas. ‘Israel’ não consegue dobrar a resistência palestina. Nem precisamos dizer que a resistência não tem culpa nenhuma do que está acontecendo com o povo palestino. Quando os alemães invadiram a França, a resistência atuou da mesma forma que o Hamas, até de forma mais violenta. Os alemães então retaliaram. Se alguém falasse que a culpa da ação dos alemães era da resistência, seria um absurdo. Da mesma forma, a culpa é dos norte-americanos e dos sionistas inteiramente.”
“Como a resistência palestina vem lutando e infringindo pesas perdas ao exército israelense, a situação se desenvolveu para o último voto da ONU, que o imperialismo deu o sinal de que não dá para continuar assim.”
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