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Literatura

184 anos de Émile Zola, escritor que denunciou o caso Dreyfuss

O escritor francês deixou sua marca na literatura mundial e na luta por justiça

Nascido em Paris, em 2 de abril de 1840, Émile Zola passou sua infância no sul da França. Já aos 13 anos, escrevia textos literários no colégio Bourbon onde estudava e tinha entre seus amigos o pintor Paul Cézanne. A infância foi difícil, especialmente após a morte do pai, quando ele tinha sete anos. As dificuldades financeiras moveram a família de Zola para Paris, onde sua mãe passou a trabalhar como doméstica enquanto ele buscava trabalho nas docas e tentava cursar Direito na universidade.

O fracasso na seleção do curso de Direito e a situação de ser sustentado pela mãe empurrou Zola para longe da família. Aos 22 anos, ele começou a trabalhar na editora Hachette e no jornal L’Événement. Seus textos polêmicos, que desagradavam tanto à editora quanto o jornal, logo lhe custaram os dois empregos.  Após casar-se com Éléonore-Alexandrine Meley, Zola passou a se dedicar a escrita romancista e filiou-se a corrente literária do naturalismo, tornando-se seu principal expoente.

Em 1885, Émile Zola lançou seu mais poderoso romance intitulado Germinal, que conta a história de uma revolta de mineiros na fictícia cidade de Montsou, que para muitos estudiosos trata-se de Marchiennes-Ville, localizada no norte da França e palco de inúmeros levantes de mineiros.  O livro retrata os primórdios do capitalismo industrial, onde os trabalhadores eram massacrados no fundo da mina enquanto suas famílias passavam fome na superfície. O livro foi referência para a criação futura da Internacional Socialista.

Mas não foi apenas na literatura que Zola mobilizou as relações humanas. O caso do julgamento do capitão de Artilharia do Estado-Maior do Exército francês, Albert Dreyfuss, acusado de traição com os alemães, colocou Zola nos holofotes e mostrou o quando o escritor era preocupado com a justiça. Em defesa de Dreyfuss, Zola escreveu a famosa carta J’ccuse (“Eu acuso”, em português), dirigida ao Presidente da França, na qual o escritor foi em defesa de um homem injustamente acusado e enganosamente punido.

A farsa do julgamento de Dreyfuss trouxe à baila elementos como o julgamento prévio pela imprensa e a sociedade, que se apressaram a condená-lo sem a devida apuração dos fatos; tudo isso recoberto pelo discurso do antissemitismo, que funcionou e funciona até hoje como um guarda-chuva que abriga todo tipo de injustiça e atrocidades.

Na Carta, Zola nominou quem ele estava acusando, descreveu fatos sobre a prisão de Dreyfuss e as ameaças que a sua esposa sofreu e explanou o roteiro da farsa que envergonhou toda a França. A carta em questão, trata-se, certamente, de uma peça literária, e, francamente, de um documento facilmente assumido como uma peça jurídica.

A história de Émile Zola não se resume à carta, mas, certamente, tem nela um grande marco de sua vida. O escritor naturalista, que rasgava as páginas com a verdade da vida, nua e crua, não desapareceu ou usou de subterfúgios linguísticos, ou políticos frente ao caso Dreyfuss. Com isso, demostrou que, assim como a ciência, a arte deve cumprir um papel social e, que, dependendo do fato e da época, constitui-se como arma em defesa daqueles que carecem da justiça e que são vítimas de tribunais diversos.

Aqui, devemos ter atenção ao substrato do fato. Para camuflar a realidade, traz-se ao primeiro plano fatos inventados, como aconteceu no caso Dreyfuss; encobre-se a farsa com o mais puro extrato de uma ideologia; muda-se o foco e transforma-se vítima em algoz.  Estamos vivendo exatamente esta situação no ataque a Palestina. Caso vivo, possivelmente Zola nos brindaria com sua caneta visceral e afiada, que descortinaria a verdade.

Hoje, dois de abril, é o aniversário daquele que se expressava pelas suas personagens, é lido pelas histórias que escreveu, sendo visto como pessoa de posição e com clareza da realidade.

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