Nessa quarta-feira (20), foi publicada uma pesquisa Genial/Quaest relativa à avaliação que representantes do “mercado financeiro” – isto é, banqueiros e especuladores – têm do governo Lula e, principalmente, de sua equipe econômica. Foram feitas 101 entrevistas com executivos de fundos de investimento com sede no Rio de Janeiro e em São Paulo entre os dias 14 e 19 deste mês. O instituto ainda informa que teve como público-alvo “gestores, economistas, analistas e tomadores de decisão do mercado financeiro”.
Como em qualquer pesquisa divulgada por institutos burgueses, os dados servem para transmitir uma mensagem, fazer propaganda em prol dos interesses dos capitalistas. Com esta, não é diferente. Levando isso em consideração, pode-se entender os resultados apresentados como uma pressão que os capitalistas fazem contra o governo Lula.
Em primeiro lugar, a pesquisa destaca que, ao mesmo tempo em que a avaliação do governo Lula piorou, a de Haddad melhorou. Em novembro, 52% faziam uma análise negativa do governo, número que passou para 64%. No caso do ministro da Economia, aqueles que avaliam seu trabalho como positivo foi de 43% para 50%.
Em relação à economia propriamente dita, 99% acham que o governo não vai “zerar o déficit” este ano. Finalmente, 71% consideram que a política econômica de Lula está errada, e a pesquisa aponta que tal avaliação se deve ao “risco de intervencionismo”, apontado por 50% dos entrevistados como o maior risco.
No caso da Vale, por exemplo, 89% acham que, se o governo interferir na empresa, os investimentos estrangeiros no Brasil diminuirão – mais da metade (57%) admitiu ter mudado suas carteiras de investimento após as declarações de Lula.
Sobre o caso da Petrobrás, um dos mais comentados da última semana, 97% considera que a decisão de não distribuir os dividendos extraordinários foi errada, ao mesmo tempo em que 52% têm a expectativa de que serão pagos “em algum momento”.
Já nesta primeira seção, fica claro qual é o objetivo da pesquisa: a burguesia indica a Lula que rumos querem que o País tome no próximo período. Ou seja, se Lula impuser uma política fiscal extremamente dura e deixar o imperialismo saquear à vontade empresas como a Vale e a Petrobrás, então terá a benção dos banqueiros e especuladores.
Ainda no âmbito econômico, a porcentagem daqueles que aprovam a atuação do sabotador Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central (BC), aumentou de 85% para 94%. Mais uma prova de que ele age como um agente dos grandes capitalistas no Brasil, cujo principal objetivo é sabotar o desenvolvimento nacional.
Indo para a política internacional, a pesquisa informa que 45% (contra 28% registrado em novembro) dos entrevistados consideram que a imagem do Brasil no exterior piorou após as declarações acertadas de Lula sobre “Israel”. Em outras palavras, querem que o presidente defenda o genocídio em Gaza.
Não parece ser coincidência que esta pesquisa tenha sido publicada poucos dias após a primeira reunião ministerial de Lula, na qual foi feito um balanço de que o governo ainda tem muito que fazer. Afinal, fato é que o presidente não atingiu nenhum de seus principais objetivos e promessas feitas durante a campanha eleitoral justamente por conta do cerco que a burguesia lhe impõe.