Os governadores de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), viajaram para “Israel”, encontrando-se com o primeiro-ministro do país artificial, Benjamin Netaniahu, e também o presidente do Estado sionista, Isaac Herzog, no último dia 19. Em publicação nas redes sociais X e Instagram, os bolsonaristas declararam ter ido ao enclave imperialista criticar a defesa do povo palestino feita pelo presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, deixando claro, também, que a visita era uma apresentação dos dois principais líderes da direita – abaixo de Jair Bolsonaro (PL) – no País atualmente, para que recebam as bençãos do sionismo a uma eventual candidatura de ambos.
No X, Freitas não chegou a fazer menção direta a Lula, mas declarou “repúdio ao terrorismo” e “votos de sucesso” ao Estado sionista. Disse o ocupante do Palácio dos Bandeirantes:
“Dando sequência a nossa passagem por Israel, fomos muito bem recebidos pelo Primeiro-Ministro Benjamin Netanyahu. Um gesto importante para estreitar laços entre São Paulo e Israel, um país que é hub de tecnologias importantes em setores estratégicos e que podem fazer a diferença para nosso estado. Reforçamos a nossa solidariedade ao povo de Israel, nosso repúdio ao terrorismo, nossos votos de sucesso nas tratativas para libertação dos reféns e construção de um caminho para a paz.”
https://twitter.com/tarcisiogdf/status/1770190237005975750
Menos contido, o governador goiano deixou mais evidente o caráter de entrevista de emprego que a viagem teve, colocando as posições da direita como destaque entre os assuntos discutidos, “os impactos do conflito”, “o rastro de destruição” além de seu “pedido de desculpas a todos os israelenses” devido ao que chamou de “fala infeliz do presidente da república”. Abaixo, a mensagem de Caiado publicada em seu perfil no Instagram:
“Nossa agenda do dia em Israel começou com uma visita ao presidente do país, @isaacherzog. Conversamos sobre os impactos do conflito, o rastro de destruição deixado e reforçamos a importância do diálogo e da promoção da paz. Fiz questão também de levar o meu pedido de desculpas a todos os israelenses por uma fala infeliz do presidente da república comparando a guerra ao holocausto. Saibam que serão sempre bem-vindos ao nosso estado.”
https://www.instagram.com/p/C4sgYZcurDt/?img_index=1
Sem uma mudança no atual cenário político e mantendo-se a inelegibilidade do ex-presidente, a burguesia busca o seu candidato para impedir uma eventual reeleição de Lula em 2026. No mesmo dia da visita, a jornalista global Andréia Sadi publicou no sítio g1 uma matéria anunciando que “em conversas reservadas, Tarcísio tem repetido que quer fazer os 8 anos do governo de São Paulo”, contudo, o “Centrão tem pressionado e acredita que ele tenha dado todos sinais e gestos a Bolsonaro para sair com benção do ex-presidente, principalmente após o ato de 25 de fevereiro na avenida Paulista.” (“Com Bolsonaro inelegível, Centrão se articula para pressionar Tarcísio a sair candidato ao Planalto em 2026”).
Freitas, no entanto, tem a concorrência do goiano da fascista União Democrática Ruralista (UDR), que após a expulsão de Luciano Bivar do União Brasil, ganhou força em um dos maiores partidos da direita brasileira.
“A reunião da Executiva Nacional do União Brasil não selou apenas a decisão de afastar do cargo o presidente da legenda, deputado Luciano Bivar (PE)”, informa o colunista do portal Uol (do Grupo Folha), Tales Faria, “serviu também como uma espécie de pré-lançamento informal da candidatura do governador de Goiás, Ronaldo Caiado, a presidente da República em 2026.” (“Centrão prepara superpartido e Ronaldo Caiado como presidente contra o PT”, 19/3/20024). Também aqui, o impulsionamento a uma eventual candidatura de Caiado aparece no dia de sua viagem, o que naturalmente não é uma coincidência.
Segundo o colunista, o ex-UDR tem a seu favor a inelegibilidade de Bolsonaro e uma suposta recusa de Freitas, que, por alguma razão inexplicada, “prefere disputar a reeleição como governador de São Paulo.” “Deputados, senadores, governadores e prefeitos terminaram o encontro [que sacramentou a expulsão de Bivar] aos gritos de ‘Caiado presidente’, dando a entender que a aliança com Luiz Inácio Lula da Silva e o PT não resistirá à próxima eleição presidencial”, conclui o colunista de Uol.
Independente de quem seja escolhido pela burguesia para a disputa presidencial de 2026, fica evidente que a direita já está se mobilizando para tentar voltar ao poder pela via menos traumática, com uma vitória eleitoral. Ambos, Freitas e Caiado, estiveram no ato de 25 de fevereiro, realizado na avenida Paulista, em São Paulo, convocado por Bolsonaro.
Mais importante ainda, além de se apresentarem para o público da direita brasileira, apresentaram-se para os patrões imperialistas, na atual conjuntura uníssonos em apoio a “Israel”. Evidenciando o acirramento da luta de classes provocada pela o avanço da Revolução Palestina, o sionismo demonstra que ainda continua sendo sustentando e impulsionado pelo imperialismo ao impor a necessidade de os direitistas brasileiros serem aprovados por ele. Coloca às claras também a ofensiva sionista contra o Brasil e a necessidade de a esquerda combatê-la com a máxima firmeza.