Nessa segunda-feira (18), novo relatório da Organização das Nações Unidas (ONU) foi publicado apontando que a situação de fome extrema na Faixa de Gaza é cada vez maior.
Segundo a agência, mais de 70% dos 2,3 milhões de palestinos que moram em Gaza estão sofrendo uma “fome catastrófica”. Especificando, no relatório consta informações sobre o quão dramática é a situação na região norte de Gaza, onde há ainda cerca de 300 mil pessoas presas, que não conseguiram fugir dos criminosos bombardeios israelenses, durante a primeira fase do genocídio (8 de outubro a 23 de novembro). Essas pessoas estão tendo que consumir ração animal para não morrerem de fome.
Isso fez com que pelo menos uma criança tenha morrido intoxicada por ter de comer um pão feito de forragem, ante a falta de farinha, conforme já relatado neste Diário.
O número de crianças palestinas mortas por fome severa e desidratação decorrente da fome já ultrapassa 28, e mais serão mortas de fome pelos israelenses. Afinal, conforme constatado pela Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina no Próximo Oriente (UNRWA, na sigla em inglês), um em cada três crianças de Gaza com menos de dois anos sofre de subnutrição aguda no norte de Gaza.
Enquanto isso, “Israel” segue fazendo tudo o que pode para bloquear a entrada de ajuda humanitária. Quando caminhões de comida conseguem entrar no enclave, as forças israelenses de ocupação fuzilam e atropelam palestinos que tentam pegar comida.
Mais de 100 palestinos assassinados em novo ‘Massacre da Farinha’
Trata-se de um verdadeiro genocídio e uma política deliberada para expulsar os palestinos de uma vez por todas da Palestina.
O relatório da ONU também aponta que toda a população de Gaza “enfrenta elevados níveis de escassez alimentar aguda”, conforme noticiado pela emissora catarense Al Jazeera. Desse total, praticamente a metade (1,1 milhão de palestinos) enfrenta situação de fome extrema, sendo o relatório da Classificação Integrada da Fase de Segurança Alimentar (IPC).
Em entrevista à Al Jazeera, Nour Shawaf, conselheiro político do MENA na Oxfam, disse que “o que o relatório do IPC mostra é que já existe um risco iminente de fome no Norte de Gaza e um risco de fome em toda a Faixa [de Gaza]”, acrescentando que tudo isto é feito deliberadamente por “Israel”, que utiliza a fome como uma arma de guerra:
“Tudo isto é feito pelo homem, tudo isto é resultado de bombardeamentos contínuos, deslocamentos – bombardeamentos por parte de Israel e deslocamentos de palestinos através da Faixa. Isto é o resultado do uso da fome como arma de guerra.”
No mesmo sentido, temos a declaração de Volker Turk, Alto Comissário da ONU para Direitos Humanos:
“A extensão das contínuas restrições de Israel à entrada de ajuda em Gaza, juntamente com a forma como continua a conduzir as hostilidades, pode equivaler ao uso da fome como método de guerra, o que é um crime de guerra.”
Ele, inclusive, classificou “Israel” como potência ocupante, mostrando que mesmo representantes do imperialismo não conseguem mais esconder a natureza invasora e colonial do Estado nazista de “Israel”:
“Israel, como potência ocupante, tem a obrigação de garantir o fornecimento de alimentos e cuidados médicos à população proporcional às suas necessidades e de facilitar o trabalho das organizações humanitárias para prestar essa assistência.”
Contudo, a ajuda humanitária continua sendo bloqueada por “Israel”, de forma que um grande número de crianças em Gaza sofre de desnutrição grave, sem sequer ter energia para chorar, conforme relato de Catherine Russell, Diretora Executiva da UNICEF, ao programa “Face the Nation” da emissora CBS News, no domingo:
“Já estive em enfermarias de crianças que sofrem de anemia grave e desnutrição, toda a enfermaria está absolutamente silenciosa. Porque as crianças, os bebês… nem têm energia para chorar.”
Enquanto isso, Benjamin Netaniahu prepara as forças israelenses de ocupação para invadir Rafá, cidade ao sul de Gaza, que faz fronteira com o Egito, e onde estão refugiados mais de 1,6 milhão de palestinos.
Nessa terça-feira (19), o primeiro-ministro reiterou que invadirá Rafá, rejeitando as preocupações de cunho estratégico do imperialismo norte-americano. Na segunda-feira (18), Jake Sullivan, conselheiro de Segurança Nacional do governo Biden, declarou que “um plano militar não pode ter sucesso sem um plano humanitário e político integrado. E o presidente tem repetidamente defendido que as operações militares contínuas precisam estar ligadas a um jogo final estratégico claro”, informando que Biden pediu a Netaniahu para enviar “uma delegação de líderes militares a Washington para discutir a questão e apresentar uma abordagem alternativa para a luta contra o Hamas em Rafá”, conforme noticiou a emissora CNN Brasil.
Contudo, Netaniahu disse que deixou “extremamente claro” a Biden que irá invadir, sob o pretexto de combater o Hamas:
“[Israel] está determinada a completar a eliminação destes batalhões em Rafá, e não há maneira de fazer isso, exceto entrando no terreno.”
O primeiro-ministro já havia dito, anteriormente, que “nenhuma pressão internacional nos impedirá de alcançar todos os objetivos da guerra. Vamos agir em Rafá. Levará algumas semanas, mas acontecerá”.
Vale lembrar que as forças israelenses de ocupação não conseguiram nenhum objetivo militar significativo contra o Hamas e demais organizações da resistência durante as invasões anteriores. No combate terrestre, apenas amargou baixas em suas fileiras, o que aprofundou a crise dentro da sociedade israelense. Paralelamente, assassinou uma quantidade grotesca de civis palestinos.
Uma nova invasão não tende a ser diferente. Contudo, pode provocar um genocídio ainda maior, dado os milhões de palestinos que estão refugiados em Rafá. E essa crise poderia forçar outros países árabes e muçulmanos a agir militarmente contra “Israel”, em defesa dos palestinos, para não serem derrubados pela própria população.
Diante dessa expansão do conflito, os EUA seriam forçados a intervir militarmente em defesa de “Israel” para tentar salvar o Estado sionista de sua destruição.
Conforme já apontado por este Diário, é isto que o governo Netaniahu pretende com a invasão de Rafá, mesmo com a fome extrema que se intensifica em Gaza.




