Na última quarta-feira (13), a Casa dos Representantes, o equivalente norte-americano à Câmara dos Deputados brasileira, aprovou um projeto de lei que prevê o banimento do aplicativo de vídeos TikTok dos Estados Unidos. A votação teve um placar elástico: 325 votos favoráveis contra 65. No entanto, o projeto agora seguirá para o Senado, onde as previsões do que irá ocorrer não são muito claras.
Com mais de 170 milhões de usuários no país mais poderoso do mundo, o TikTok é integralmente gerido pela empresa ByteDance Ltd, contrariando a tendência até então estabelecida, em que as grandes plataformas eram todas completamente dominadas pelo capital norte-americano: Google, YouTube, Outlook, Facebook, Twitter, Instagram, etc.
Diante dessa situação inusitada, expressão de que a decadência do poderio do imperialismo norte-americano também já chegou à sua capacidade de monopólio do mercado das redes sociais, os parlamentares norte-americanos passaram a tratar o TikTok como uma grande ameaça à sociedade norte-americana. O pretexto para o banimento é a acusação de que, uma vez que o TikTok é administrado por uma empresa chinesa. Uma vez que a China é um país com um Estado altamente centralizado, isto poderia dar ao governo chinês dados dos 170 milhões de usuários norte-americanos, argumentam os defensores da medida.
Trata-se, obviamente, de um espetáculo de cinismo. Os Estados Unidos, sobretudo devido à atuação de organismos como a CIA, são conhecidos por espionar autoridades, figuras públicas e cidadãos do mundo inteiro. Há não muito tempo, Edward Snowden revelou que a maior empresa do Brasil, a Petrobrás, havia sido espionada pelo governo de Barack Obama, assim como a então presidenta, Dilma Rousseff.
Qual seria, então, o real motivo da preocupação dos parlamentares norte-americanos com o TikTok?
Além do problema puramente econômico – trata-se de uma fatia do mercado sendo absorvida pelos chineses -, há um problema político patente. O TikTok, por não está sob o controle direto do Departamento de Estado norte-americano, tem servido para denunciar muitos dos crimes cometidos pelo imperialismo.
Segundo reportagem recente de The New York Times, “o TikTok está cheio de vídeos virais lamentando a economia dos Estados Unidos”, que sugerem que o país está hoje em uma situação pior que estava em 1930. Já de acordo com The Wall Street Journal, após a Operação Dilúvio de al-Aqsa, o TikTok teria inundado os usuários com vídeos “inclinados para o lado palestino”.
Tudo se torna ainda mais preocupante para o regime norte-americano quando considerado que, segundo o jornal novaiorquino, “a plataforma tornou-se uma das maiores fontes de notícias do país, especialmente para pessoas com menos de 30 anos”.
Nem um dos principais órgãos de imprensa do imperialismo consegue esconder: o objetivo do banimento do TikTok é censurar toda a oposição à política genocida do imperialismo. O que não deixa dúvidas sobre isso é o infográfico abaixo, que mostra que, em sua esmagadora maioria, os usuários do TikTok são favoráveis à luta do povo palestino.





