Golda Meir foi a primeira e única mulher a ser chefe de governo do Estado nazista de “Israel”, ocupando o cargo de primeiro-ministro entre os anos de 1969 e 1974, por um mandato. Dentre outras funções, ela também foi uma das signatárias da declaração de independência de “Israel”, em 1948, durante a Nakba e ministra das relações exteriores (1956 a 1966).
Filha de judeus ucranianaos, Golda Mabovitch nasceu em 3 de maio de 1898, em Kiev, no então Império Russo.
Já em 1906 emigrou junto de sua família para os Estados Unidos. Assim como os demais judeus sionistas que estiveram envolvidos na fundação do Estado de “Israel”, Meir jamais foi perseguida por ser judia. Nunca foi alvo de pogrom na Rússia czarista, nunca esteve em um campo de concentração nazista. De forma que a única mulher que governou “Israel”, também é um exemplo da farsa de que esse Estado nazista foi fundado para salvar os judeus de um segundo holocausto.
Apesar disto, ela sempre fez demagogia com o fato de seus pais terem sido alvos de antissemitismo, antes de ela nascer, quando ainda viviam no Império Russo. Curiosamente, eles não migraram para a Palestina, mas para os EUA.
Nos Estados Unidos, Meir cresceu no estado de Milwaukee, onde teve seu primeiro contato com o sionismo, ingressando no movimento sionista trabalhista. Foi então que, em 1921, migrou para a Palestina, com o seu marido. À época, a região já estava sob o domínio do imperialismo inglês.
No Mandato Britânico da Palestina, Meir atuou durante toda sua vida para o avanço do sionismo e, consequentemente, pela expulsão dos palestinos de suas terras. Por exemplo, ela chegou a ser a representante do Histadrut para o kibbutz (comunidade) de Merhavia, onde residia. O Histadrut é a Organização Geral dos Trabalhadores de “Israel”, a central sindical do sionismo. Atualmente com 800 mil membros, essa organização foi criada em 1920 nos assentamentos sionistas na Palestina Mandatória. Graças ao financiamento de sindicatos dos Estados Unidos e de países imperialistas europeus, não demorou para se tornar uma das principais organizações sionistas. Em 1934, Meir já fazia parte de seu comitê executivo, sendo eventualmente presidente do Departamento Político da central.
Durante a década de 1940, Meir trabalhou para a Agência Judaica, órgão operativo da Organização Sionista Mundial, e uma das principais entidades sionistas encarregadas de promover a migração de judeus para a Palestina e de angariar fundos para essa empreitada. Ela presidiu o Departamento Político da organização a partir de 1946.
Nessa posição, teve papel fundamental em viabilizar a limpeza étnica da Palestina, isto é, a ofensiva militar sionista que resultou na expulsão de quase 1 milhão de palestinos de suas terras, nos de 1947 e 1948. Meir fez isto levantando milhões de dólares para financiar a ofensiva genocida das milícias fascistas do sionismo (e depois das forças de ocupação). A quantia levantada foi de US$30 milhões. Após um discurso realizado em 2 de janeiro de 1948, na cidade de Chicago, Illinois, Meir visitou várias cidades dos EUA, onde recebeu financiamento de inúmeros burgueses norte-americanos, voltando para “Israel” em 18 de março.
Em suma, se durante anos o imperialismo britânico havia sido o principal financiador do sionismo e do projeto colonial sobre a Palestina, agora o imperialismo norte-americano já estava em cena. O financiamento imperialista foi de fundamental importância para a limpeza étnica. Afinal, antes de 1948, o orçamento anual tanto da Haganá (principal força militar sioista) quanto do Comitê Árabe Superior era de apenas US$2,25 milhões.
Destacando o papel fundamental de Golda Meir na limpeza étnica da Palestina, Davi Ben Gurion, o sanguinário fundador de “Israel”, certa vez escreveu que o papel de Meir como a “mulher judia que recebeu o dinheiro que tornou o estado possível” entraria para a história.
Em 14 de maio de 1948, Ben Gurion proclama a independência de “Israel”, e a declaração é assinada por 24 signatários, sendo Meir um deles.
Uma mulher a serviço da guerra contra o povo árabe
Conforme já informado no início deste artigo, Golda Meir foi ministra das relações exteriores entre os anos de 1956 e 1966.
Já no primeiro ano de seu termo, foi deflagrada a Guerra de Suez, quando “Israel”, Grã-Bretanha e França invadiram o Egito para derrubar o presidente do país e líder nacionalista Gamal Abdel Nasser e retomar o controle imperialista sobre o Canal de Suez. No que diz respeito ao aspecto político e diplomático, Meir foi responsável por coordenar previamente com os franceses a invasão.
Ao contrário do que prega a ideologia identitária, o fato de Golda Meir ser mulher não a colocava na fileira dos oprimidos e nem mudava a realidade de que ela era uma sionista, repressora dos palestinos, a serviço do imperialismo.
A guerra durou de 29 de outubro até 7 de novembro e, apesar de “Israel” ter ocupado a península do Sinai e a Faixa de Gaza, a ocupação durou apenas até março de 1957. Por sua vez, nem o Estado sionista e nem os imperialismos britânico e frânces conseguiram obter controle sobre o Canal de Suez. Assim, o Egito saiu vitorioso.
A primeira mulher liderando “Israel”
“Nunca houve palestinos”
Golda Meir assumiu o cargo de primeiro-ministro em 17 de março de 1969, servindo na função até 3 de junho de 1974.
Em 15 de junho do primeiro ano de seu mandato, em entrevista para o jornal britânico The Sunday Times, Meir afirmou que “nunca houve palestinos”, um dos exemplos mais marcantes de como o sionismo realizava a limpeza étnica da palestina não apenas de forma física, mas também cultural, através da negação da nacionalidade palestina.
O jornalista Frank Giles, que realizava a entrevista, havia perguntado se Golda Meir achava que “o surgimento das forças de combate palestinas, os Fedayeen” era “um novo fator importante no Oriente Médio?” Ao que a sionista respondeu:
“Importante, não. Um novo fator, sim. Nunca houve palestinos. Quando houve um povo palestino independente com um Estado palestino? Ou era o sul da Síria antes da Primeira Guerra Mundial e depois era uma Palestina incluindo a Jordânia. Não era como se houvesse um povo palestino na Palestina que se considerasse um povo palestino e nós viemos e expulsamo-os e tomamos-lhes o seu país. Eles não existiam.”
Uma mostra do caráter reacionário de Meir e de que o sionistas sempre recorreram à falsificação da realidade como modus operandi para realizar a limpeza étnica da Palestina. Afinal, já nas décadas de 1920 e 1930, o povo palestino travou grandes lutas contra o domínio britânico sobre a Palestina e a invasão sionista, impulsionada pelo imperialismo inglês. As maiores batalhas foram a Revolta de 1929 e a Revolução de 1936.
Vale citar também que Golda Meir sempre foi da corrente “de esquerda” do sionismo, especificamente do “trabalhismo”. Por anos foi filiada ao Mapai, e depois ao HaAvoda (Partido Trabalhista Israelense). Uma comprovação de que não existe sionistas de esquerda.
Ordenou o assassinato de palestinos pelo Mossad
No dia 5 de setembro de 1972, membros da resistência palestina Setembro Negro infiltraram-se na Vila Olímpica em Munique, Alemanha Oriental. O objetivo era fazer prisioneiros membros da equipe olímpica de “Israel”, para então trocá-los por prisioneiros palestinos que estavam encarcerados na masmorras sionistas. Buscavam também a libertação de Andreas Baader e Ulrike Meinhof, os fundadores do Baader-Meinhof (Fação do Exército Vermelho), guerrilha de esquerda que atuava na Alemanha Ocidental, nos anos 70.
A ação não foi bem sucedida, o que resultou na morte de vários atletas e técnicos da equipe olímpica israelense.
Utilizando isto como pretexto, Golda Meir ordenou que o Mossad realizasse uma caçada humana contra as lideranças da resistência palestina. Foi desatada a Operação Ira de Deus, já no ano de 1972 e pode ter durado mais de 20 anos. Mostrando que não apenas os homens sionistas são carniceiros, mas também as mulheres
A guerra do Ramadá e o fim de Golda Meir
Em 6 de outubro de 1973, uma coalizão de países árabes, liderada pelo Egito e pela Síria, lançaram uma ofensiva militar surpresa contra “Israel”. Era uma tentativa de retomar os territórios que os sionistas haviam tomado dos árabes na Guerra dos Seis Dias, em 1967: as Colinas do Golã, a Península do Sinai, a Faixa de Gaza e a Cisjordânia.
A ofensiva foi um abalo para o governo de Meir devido ao fato de ter sido realizada no feriado do Yom Kippur, comemoração sagrada para o judaísmo. Por sua vez, era o décimo dia do Ramadã daquele ano. Assim, a guerra que é mais comumente conhecida como Guerra do Yom Kippur, também é chamada de Guerra do Ramadã. Afinal, foi uma reação árabe contra “Israel” e o sionismo.
Assim como sempre ocorre quando os palestinos ou demais povos árabes reagiram contra a ditadura nazista de “Israel”, os sionistas reagiram com a mais abjeta violência. A guerra resultou na morte de cerca de 18 mil mortos, do lado da coalizão árabe.
O imperialismo tenta propagandear o resultado da guerra como uma vitória para “Israel”. Afinal, apesar de o Egito ter ocupado a margem leste do canal de Suez, a maior parte das conquistas territoriais foram feitas pelos sionistas. Contudo, o Estado sionista e o imperialismo acabariam derrotados, pois a guerra acabou resultando na Crise do Petróleo, que foi, por sua vez, uma crise geral do capitalismo, isto é, do imperialismo, encerrando definitivamente o ciclo de desenvolvimento no pós-Guerra.
A crise fortaleceu a extrema-direita e o principal partido deste campo, o Likud (do atual primeiro-ministro, Benjamin Netaniahu). Golda Meir caiu em 3 de junho de 1974, graças à reação dos árabes à repressão que “Israel” havia realizado nos anos anteriores.
Meir morreu em 8 de dezembro de 1978, tendo como legado o de uma carniceira sionista que teve papel fundamental na limpeza étnica da Palestina, tanto financiando as tropas fascistas que expulsaram os palestinos de suas terras, quanto negando a nacionalista palestina diante de todo mundo.