Na madrugada segunda-feira (11), a polícia cercou o assentamento Brasil 21, no município de Cuiabá, no Mato Grosso. A ação começou pela madrugada e na manha a polícia bloqueou as vias de acesso ao assentamento, e impediu que os trabalhadores retornassem. Às 10h da manhã a polícia invadiu violentamente e iniciou o despejo dos trabalhadores. A ação aconteceu a mando da Ávida Construtora.
Durante o despejo foram usadas de bombas de gás lacrimogêneo e tiros de borracha contra crianças, mulheres e idosos. Água e luz foram cortadas para inviabilizar ainda mais a permanência dos moradores na área.
A decisão judicial foi cumprida pela Prefeitura de Cuibá e pelo Governo de Mato Grosso e teve presença de alguns representantes políticos, como os deputados Valdir Barranco (PT) e Wilson Santos (PSD). O despejo foi tão violento que Santos foi atingido por uma bala de borracha.
O despejo terminou em um impasse e os trabalhadores e a polícia se mantiveram no local. Na manhã de quarta-feira (13) alguns deixaram a área rumo à Assembleia Legislativa de Mato Grosso para uma audiência pública para discutir a questão.
A comunidade organizou um canal oficial para arrecadar doações: Agência: 0001, Conta: 3928599-6, Instituição: 403 – Cora SCD Nome da Empresa: Associação de Moradores Do Loteamento Brasil 21 2, CNPJ: 50.536.328/0001-03
Em um comunicado oficial afirmaram: “gostaríamos de expressar nossa gratidão àqueles que têm demonstrado apoio e solidariedade às famílias em nossa região que enfrentam dificuldades. No entanto, para garantir transparência e segurança em todas as doações, informamos que as contribuições serão aceitas apenas através do PIX vinculado ao CNPJ da Associação Brasil 21”.
O problema dos despejos, da moradia e da terra só pode ser resolvido por meio do fim do latifúndio e da especulação imobiliária. A luta dos trabalhadores resistindo aos ataques da polícia e ocupando terras e terrenos urbanos é importante. Mas ela sempre deve ter como objetivo final a destruição dos maiores inimigos dos sem terra e dos sem teto.
Por fim, é preciso deixar claro que a questão do armamento é crucial para esse tipo de situação. Um assentamento com trabalhadores armados é muito mais difícil de ser despejado do que um onde os trabalhadores estão indefesos. O mesmo vale para as aldeias e retomadas dos índios, os quilombos e todas as comunidades do campo, e também da cidade.