No ano de 1572, uma obra monumental emergiu das prensas de Lisboa, a mais importante obra da língua portuguesa. Essa obra era “Os Lusíadas”, a epopeia épica de Luís Vaz de Camões. A obra, na verdade, a expressão do ápice da revolução burguesa de Portugal. A Revolução da Avis deu início a desse processe em 1383, as grandes navegações o ampliaram. Os Lusíadas é, na verdade, a história dos próprios heróis dessa revolução.
A estrutura externa da obra, revelada na primeira edição, é notável por sua meticulosa organização. “Os Lusíadas” é dividido em dez partes, cada uma denominada de “canto”, com uma média de 110 estrofes em oitavas decassilábicas. A estrutura rítmica é cuidadosamente planejada, com rimas cruzadas nos seis primeiros versos e rimas emparelhadas nos dois últimos (AB AB AB CC).
Camões, imbuído da estética renascentista, incorporou elementos gregos e romanos na obra. O ponto culminante da narrativa, a chegada à Índia por Vasco da Gama, foi estrategicamente posicionado no ponto que divide a obra na proporção áurea, demonstrando a influência da matemática e proporções na composição artística.
“Os Lusíadas” não hesita em incorporar elementos mitológicos, com deuses greco-romanos intervindo na narrativa. A máquina do mundo, onde os deuses confessam sua fictícia existência para criar uma narrativa mais agradável, destaca a habilidade de Camões em conciliar mitologia com a fé cristã predominante na época.
A primeira edição de “Os Lusíadas” não apenas marcou o início de uma nova era na literatura portuguesa, mas também estabeleceu a obra como um épico nacional. Hoje, essa edição inaugural é um tesouro literário, testemunhando a visão de Camões, sua maestria poética e a riqueza da herança cultural portuguesa.
Dentre os admiradores dessa grandiosa obra estavam os bandeirantes, que adentravam o território do Brasil com cópias suas para os inspirar nos feitos heroicos que eles mesmos realizam.