Na última sexta-feira, 8 de março, o sítio Brasil 247 publicou nova coluna de Moisés Mendes, intitulada A situação confortável dos defensores de neonazistas. O articulista, na peça, propõe ser necessária no Brasil uma campanha maior em defesa da censura, com destaque para representantes públicos eleitos, e assim inicia sua colocação:
“Nikolas Ferreira pode ficar tranquilo […] porque a luta contra quem aceita discurso neonazista não é uma grande preocupação dos brasileiros. Também não é essa a questão prioritária dos judeus de extrema direita”.
“Se Nikolas Ferreira disser de novo que defende a liberdade de expressão de quem prega o direito de organização e de fala dos nazistas, não acontecerá nada”.
“Se disser, como disse em entrevista a um podcast em 2022, que negar o Holocausto é normal, porque ‘a própria comunidade judaica’ respeita o direito de quem não acredita nos crimes de Hitler, ficará impune e continuará presidindo a comissão.”
Para Moisés Mendes, discursos devem ser aceitos para poderem ser pronunciados. E os judeus de extrema direita deveriam aparentemente se preocupar com isso, apesar do fato de o sionismo ter se aliado ao fascismo e buscado se aliar ao nazismo na década de 1930, e hoje o governo do Estado sionista de “Israel” ser aliado de toda sorte de nazistas, como os do governo golpista da Ucrânia, mantido por milícias fascistas.
Ainda, o Brasil, onde mal existem judeus, numa situação política em que o sionismo, auto afirmado enquanto movimento judeu, apesar de em contradição com este, se aliar a todo tipo de extrema direita, de onde sairiam os nazistas? Se toda a extrema direita, salvo raríssimas e diminutas exceções, está apoiando ativamente a supremacia sionista, de onde viria o antissemitismo? O coloca Moisés Mendes diz não faz o menor sentido, o antissemitismo hoje, no mundo, não é um fato político relevante.
E qual o problema em se negar o holocausto? Há quem afirme que a Revolução Cubana estabeleceu uma ditadura contra o povo cubano, e há quem exalte o processo revolucionário e a vitória do povo cubano sobre o imperialismo. Seria necessário proibir a negação de alguma dessas posições? No Brasil, setores da sociedade negam os crimes da ditadura, e outros exaltam tais crimes, qual negação deveria ser proibida?
“Não acontecerá nada nem se Bolsonaro chamar de novo a deputada nazista Beatrix von Storch ao Brasil e tirar foto abraçado a essa alemã neta de um amigo e ministro de Hitler, como fez em julho de 2021.”
Deveria ser proibido agora se reunir com pessoas de acordo com aprovação estatal? Num único artigo, o colunista do Brasil 247 consegue a proeza de defender o fim da liberdade de expressão, do direito de organização, do direito de reunião, praticamente um retorno à ditadura de 1964.
“Não acontecerá nada nem se o supremacista bolsonarista Filipe Martins, que está preso como golpista, sair da cadeia e voltar a fazer com os dedos e em público, no momento da libertação, o sinal do supremacismo neonazista. Como fez no Senado em março de 2021.”
Moisés Mendes chega ao ponto de, em nome de um suposto combate à extrema direita, defender o estabelecimento, no Estado brasileiro — cujo regime golpista foi apenas parcialmente derrotado na eleição presidencial —, de uma polícia política. Quem sabe ela viria a se chamar Departamento de Ordem Política e Social, ou algo do tipo. O que vem depois pelas palavras de Mendes é igualmente aberrante:
“Não acontecerá nada com Nikolas Ferreira, porque segundo a grande imprensa sua eleição para a Comissão de Educação é um problema para Lula e para o governo, e não para escolas, professores, estudantes, suas famílias e para o país.”
“Os jornalões dizem, desde a escolha do deputado negacionista, que isso significa uma afronta a Lula. Não se trata, segundo as corporações de mídia e seus colunistas lavajatistas, de uma agressão à educação. Não há uma linha contra a eleição de Nikolas para chefiar a comissão.”
Para Moisés Mendes, que escreve num veículo de esquerda, o Brasil 247, quem tem que fazer campanha política contra a direita são os jornais da burguesia, os órgãos golpistas, que apoiaram até a ditadura militar. Não existe a possibilidade, pelo visto, de mobilizar os trabalhadores da educação e a população em torno de suas demandas concretas. Para Moisés Mendes, esse trabalho cabe à Globo.
Ora, temos exposta uma falência política completa. O povo brasileiro não se mobiliza porque a extrema direita judaica, os jornais pró-imperialistas e outras figuras nefastas não mobilizam o povo. Muito bem, e onde entra a esquerda no cenário pintado pelo articulista? Ao fim e ao cabo, essa conversa de neonazismo requentada por Moisés Mendes nada mais é que a política do sionismo, de se escorar num antissemitismo que não existe mais no cenário político para justificar o genocídio, o massacre, um verdadeiro holocausto praticado contra o povo palestino. Assim, o chamado ao combate ao “antissemitismo” é, de fato, uma peça de propaganda de apoio ao sionismo, ao Estado nazissionista de “Israel”.
Ao passo em que um setor da esquerda fica pasmo esperando que os golpistas de 2016 — e até que os golpistas de 1964, que deram seus veículos para a repressão e a tortura, como a Folha de S.Paulo — mobilize a população contra a extrema direita, insuflada por esses mesmos setores hoje ditos “democráticos” para dar o golpe de 2016, a extrema direita se organiza. É preciso parar com as expectativas de que a direita imperialista “democrática”, principal patrocinadora do genocídio na Palestina, faça alguma coisa. São eles o inimigo, eles que mobilizaram, e eles que utilizarão a extrema direita como arma contra a esquerda assim que considerarem necessário.