Nessa quinta-feira (7), Joe Biden, presidente dos Estados Unidos, proferiu o seu “Discurso sobre o Estado da União”, basicamente uma mensagem anual do presidente dos EUA, feita perante sessão conjunta do Congresso norte-americano, sobre a condição atual do país.
Em um momento em que o imperialismo nunca esteve tão fraco, e os povos oprimidos do mundo se insurgem contra sua ditadura, o discurso de Biden não foi um discurso para a nação, mas um discurso eleitoral, com objetivo de recuperar o apoio de seu eleitorado, apoio este que foi perdido, principalmente, pelos fracassos do imperialismo na Ucrânia e na Palestina e pela crise econômica interna.
No Leste Europeu, a cada dia, a derrota militar dos EUA para a Rússia fica mais próxima de se consumar. Caso ela seja concretizada, as chances de Biden ser derrotado por Trump nas eleições aumentarão ainda mais. Assim, em seu discurso, o presidente norte-americano prometeu apoio à Ucrânia, instando o Congresso a desbloquear o envio de 61 bilhões de dólares à Ucrânia, que foi aprovado no Senado em 13 de fevereiro, mas que tende a ser rejeitado na Câmara dos Representantes.
Ao se referir aos congressistas que não querem aprovar o envio de dinheiro a Zelenksi, Biden disse que “a assistência à Ucrânia está sendo bloqueada por aqueles que querem que nos afastemos da nossa liderança no mundo”.
Jogando para a torcida, tentando conquistar algum tipo de nacionalismo do eleitor norte-americano, Biden declarou o seguinte:
“Se alguém nesta sala pensa que Putin irá parar na Ucrânia, garanto-vos que não o fará.
Mas a Ucrânia pode deter Putin se estivermos ao lado da Ucrânia e fornecermos as armas de que necessita para se defender. É tudo o que a Ucrânia pede. Eles não estão pedindo soldados americanos.
Na verdade, não há soldados americanos em guerra na Ucrânia. E estou determinado a continuar assim”
Nesse sentido, condenou Trump por ter dito a Putin “faça o que quiser”. Segundo Biden, é “ultrajante”, “perigoso e inaceitável” “um ex-presidente […] curvando-se diante de um líder russo”.
Em uma bravata, disse:
“A minha mensagem ao Presidente Putin, que conheço há muito tempo, é simples: não iremos desistir. Não vamos nos curvar. Não vou me curvar.”
Em suma, um discurso eleitoral para tentar convencer o povo norte-americano a continuar apoiando a agressão imperialista contra a Rússia na Ucrânia.
A campanha eleitoral também se manifestou em relação à Guerra Palestina-“Israel”.
Tendo em vista que os EUA e seu governo são os principais financiadores do genocídio contra o povo palestino, Biden perdeu enorme apoio de seu eleitorado.
Na tentativa de reverter isto, anunciou em seu discurso que os EUA irão construir um porto temporário no litoral de Gaza para que os palestinos recebam ajuda humanitária.
Uma medida puramente demagógica, tendo em vista que o governo Biden segue dando bilhões de dólares para “Israel” despejar bombas sobre os palestinos. Tanto é assim que o governo já descartou a hipótese de parar o envio de armas a “Israel” como forma de obrigar o Estado sionista a permitir a entrada de ajuda humanitária em Gaza.
Mostrando que é um apoiador incondicional de “Israel”, disse que o Estado sionista “tem o direito de perseguir o Hamas”. E, ao defender a solução de dois Estados, declarou ser: “um apoiante vitalício de Israel e o único presidente norte-americano a visitar Israel em tempo de guerra”.
Aqui, novamente, fica patente o caráter eleitoral de seu discurso. Enquanto anuncia a criação de porto temporário em Gaza, que poderá “receber grandes remessas transportando alimentos, água, remédios e abrigo temporário”, tenta recuperar o seu eleitorado que apoia a Palestina, fingindo que está fazendo o mínimo.
Por outro lado, ao se mostrar incondicionalmente ao lado de “Israel”, como verdadeiro sionista que é, mostra que não quer perder apoio dos sionistas e de seu lobby.
Biden também arranjou espaço para a demagogia identitária em seu discurso: defendeu demagogicamente o direito ao aborto e os direitos reprodutivos das mulheres, culpando Trump pela Suprema Corte ter anulado a decisão Roe v. Wade, que costumava proteger relativamente o direito ao aborto nos EUA:
“Mas o meu antecessor assumiu o cargo determinado para ver Roe v. Wade anulado. Ele é o motivo pelo qual foi derrubado. Na verdade, ele se gaba disso. Veja o caos que resultou.
[…]
Meu Deus, que liberdades você tirará a seguir?
Na sua decisão de anular Roe v. Wade, a maioria do Supremo Tribunal escreveu: ‘As mulheres não ficam sem poder eleitoral ou político’.
Claramente, aqueles que se gabam de derrubar Roe v. Wade não têm ideia do poder das mulheres na América.
Eles descobriram, porém, quando a liberdade reprodutiva esteve na votação e venceu em 2022, 2023, e eles vão descobrir novamente, em 2024.
Se os americanos me enviarem um Congresso que apoie o direito de escolha, prometo a vocês que restaurarei Roe v. Wade como a lei do país novamente!”
Em suma, pediu para as mulheres norte-americanas votarem nele e em um Congresso que seja seu aliado, com a promessa demagógica de aprovar uma lei favorável ao aborto.
Como prova definitiva de que o discurso de Biden foi um discurso típico de campanha eleitoral, ele mencionou Trump (utilizando o termo “meu antecessor”) mais de 10 vezes, fazendo menções ao ex-presidente em cada um dos tópicos tratados. Isso quando o discurso deveria ser sobre a atual situação dos Estados Unidos, que pouco tem a ver com o ex-presidente.
Assim, Biden aproveita todas as oportunidades para fazer campanha eleitoral contra Trump, que fica cada vez mais popular.
O discurso do presidente é uma manifestação das derrotas militares do imperialismo na Ucrânia e na Palestina, que vem minando a popularidade de seu homem de confiança, Joe Biden, o que pode resultar na eleição de Trump, algo que aprofundará a crise imperialista.