O ano era 1929. As massas palestinas se levantaram em revolta contra a crescente invasão sionista, que era impulsionada e apoiada pelo imperialismo britânico.
O acontecimento ficou conhecido como a Revolta Palestina de 1929 e, embora não tenha sido um levante revolucionário do escopo da Revolução Palestina de 1936, foi uma etapa de enorme importância no desenvolvimento da luta do povo palestino e de sua nacionalidade.
Foi nessa conjuntura que foi criada a Associação de Mulheres Árabes da Palestina.
Envoltas na luta de massas, mulheres palestinas decidiram criar o Comitê Executivo das Mulheres Árabes, o que ocorreu em 26 de outubro de 1929, em Jerusalém, Mandato Britânico da Palestina.
Em uma demonstração de que, novamente, os palestinos estiveram na vanguarda da luta contra o imperialismo no mundo árabe, o Comitê organizou a primeira conferência internacional de mulheres no mundo árabe e islâmico. A conferência ficou conhecida como Primeiro Congresso das Mulheres Árabes Palestinas ou simplesmente Primeiro Congresso das Mulheres Árabes.
Em demonstração de que as mulheres palestinas estavam se mobilizando em defesa de seu povo, o Congresso contou com grande participação, reunindo 200 mulheres muçulmanas e cristãs palestinas.
Foi durante a conferência que a Associação de Mulheres Árabes da Palestina foi criada.
Mas este não foi o único resultado do Congresso. Após trabalhos e deliberações, foram aprovadas três resoluções, nomeadamente:
- A revogação da Declaração de Balfour, de 1917;
- O reconhecimento do direito da Palestina a um governo nacional proporcionalmente representativo;
- O desenvolvimento das indústrias palestinas.
Por estas resoluções, pode-se constar que, apesar do atraso econômico da sociedade Palestina, a situação revolucionária da revolta de 1929 havia dado um grande impulso na consciência política do povo palestino, inclusive das mulheres palestinas.
A revogação da Declaração de Balfour demonstrou o anseio das palestinas pela libertação nacional, tanto do imperialismo britânico, quanto da ofensiva sionista. Pois foi nessa declaração que a Inglaterra declarou formalmente, pela primeira vez, o apoio do imperialismo ao projeto colonial do sionismo para a Palestina.
Quanto às segunda e terceira resoluções (governo nacional representativo na Palestina e desenvolvimento da indústria), são exemplos do desenvolvimento da nacionalidade palestina, afinal, são reivindicações tipicamente nacionalistas.
Assim, a Associação de Mulheres Árabes da Palestina foi acontecimento de grande importância na luta da mulher palestina pela libertação nacional de seu povo.
Suas fundadoras foram: Wahida al-Khalidi (presidente), Matiel Mogannam e Katrin Deeb (secretárias), Shahinda Duzdar (tesoureira), Naimiti al-Husayni, Tarab Abd al-Hadi, Mary Shihada, Anisa al-Khadra, Khadija al-Husayni, Diya al-Nashashibi, Melia Sakakini, Zlikha al-Shihabi, Kamil Budayri, Fatima al-Husayni, Zahiya alNashashibi e Saʿdiyya al-Alami.