Está chegando o Dia Internacional da Mulher Trabalhadora, o 8 de Março, e a defesa da mulher palestina terá de ser a questão central das mobilizações populares. Afinal, é necessário parar o genocídio monstruoso que “Israel” perpetrada diariamente contra elas.
Como vem sendo demonstrado pela resistência armada do Hamas e de demais organizações palestinas, é apenas através da luta com armas na mão que será possível derrotar o Estado sionista.
Assim, é importante lembrarmos a história de Leila Khaled, refugiada palestina de 79 anos de idade que, quando jovem, travou a luta armada contra “Israel”.
Khaled nasceu no dia 9 de abril de 1944, na cidade de Haifa, no Mandato Britânico da Palestina. Assim como se deu como muitos dos palestinos que fizeram parte da resistência a partir da década de 60, Leila e sua família tiveram de fugir da Palestina no ano de 1948, para sobreviverem à Nakba, isto é, a limpeza étnica desencadeada pelo sionismo, com o apoio do imperialismo britânico, norte-americano e do stalinismo.
Fugiram para o Líbano, onde estabeleceram residência, possivelmente em um campo de refugiados.
Ela iniciou sua militância política contra o sionismo aos 15 anos, quando, por influência de seu irmão, juntou-se ao Movimento Nacionalista Árabe, organização de tipo pan-arabista que tinha por objetivo principal a unidade do povo árabe. Fundada em 1951 por ninguém menos que o médico George Habash, quem eventualmente viria a ser o fundador da Frente Popular para a Libertação da Palestina (FPLP), o movimento teve grande influência em impulsionar a luta do povo palestino.
A FPLP foi criada em 1967, após a Guerra dos Seis Dias, e se especializou em sequestro de aeronaves como atos de resistência à ditadura do sionismo e do imperialismo contra os palestinos. Em seu auge, foi o segundo maior partido da Organização para a Libertação da Palestina (OLP), atrás apenas do Fatá, de Yasser Arafat.
Foi através de sua militância no Movimento Nacionalista Árabe que Leila Khaled se tornou militante da FPLP. Como combatente da resistência palestina, seu principal feito foi o sequestro do Voo 840 da Trans World Airlines. O voo estava programado para sair de Roma, Itália, para Telavive, “Israel”, no dia 29 de agosto de 1969.
Leila, então, comandou a ação, sequestrando a aeronave. A razão para isto foi que Isaque Rabin, então embaixador de “Israel” nos EUA (e futuramente primeiro-ministro), deveria estar no voo. Contudo, não estava. A ação de resistência, no entanto, não foi em vão, pois Thomas D. Boyatt, diplomata norte-americano, estava a bordo.
O avião foi desviado para Damasco, capital da Síria, país que havia lutado ao lado do Egito (República Árabe Unida) contra “Israel” na Guerra dos Seis Dias. Mas antes disto, segundo relatou Khaled em entrevista concedida ao jornal britânico The Guardian, em 2001, ela fez o piloto sobrevoar Haifa, para que ela pudesse ver a cidade onde havia nascido.
No aeroporto de Damasco, Leila e seus companheiros evacuaram a aeronave, libertando os reféns, inclusive o diplomata norte-americano, e então eles explodiram o “nariz” do Boeing 707. Ninguém foi ferido.
Ela e seus companheiros foram presos pelas autoridades sírias, as quais liberaram também os 12 membros da tripulação e 95 passageiros do voo. Contudo, o governo manteve detidos seis passageiros israelenses, quatro dos quais foram liberados no dia 30 de agosto. Os dois últimos foram trocados por 71 soldados egípcios e sírios, que haviam sido feitos prisioneiros por “Israel”. Assim, a ação de Leila havia sido vitoriosa, pois causou uma derrota a “Israel”, fazendo avançar a luta da resistência palestina.
Eventualmente, ela e seus companheiros foram libertos pelo governo sírio, no mês de outubro.
Após o ocorrido, em outra oportunidade, o fotógrafo Eddie Adams tirou a famosa fotografia de Leila empunhando um rifle AK-47, e usando um lenço kafié, foto esta que rodou o mundo de forma semelhante (mas em menor escala) do que ocorreu com a foto “Guerrilheiro Heróico”, de Ernesto Che Guevara:


Mostrando profundo compromisso com a causa da resistência palestina, Leila Khaled fez inúmeras cirurgias plásticas para modificar sua aparência, a fim de contornar a vigilância do aparato de inteligência do imperialismo e do sionismo. Em razão disto, participou de mais um sequestro de aeronaves. No caso, o sequestro do Voo 219, das El Al, empresa de aviação israelense.
Esse sequestro foi realizado em 6 de setembro de 1970, por Khaled e Patrick Argüello, um militante nicaraguense da Frente Sandinista de Libertação Nacional (FSLN). O voo ia de Amsterdã para Nova Iorque, e o sequestro fez parte dos famosos sequestros do campo de Dawson, uma série de sequestros quase simultâneos de aeronaves, desatados pela FPLP.
Os sequestros do campo de Dawson eram parte da campanha da resistência palestina na conjuntura do Setembro Negro, quando o imperialismo impulsionou a monarquia da Jordânia para expulsar a OLP do país.
No voo, havia 138 passageiros, dos quais 118 eram israelenses e 9 norte-americanos.
Embora o sequestro não tenha sido bem-sucedido, a ação serviu para atrair a atenção do mundo para a questão palestina, contribuindo para avançar a luta desse povo martirizado contra a ditadura nazista de “Israel”
Atualmente, aos 79 anos, Leila Khaled não trava mais a luta armada. Mas seu legado não pode ser apagado da história da resistência palestina.