Na última terça-feira (26), ocorreram eleições municipais em “Israel”. No total, prefeitos e membros do conselho local de 197 vilas e cidades e 45 representantes do conselho regional serão eleitos.
A votação começou às 7h e foi até 22h. As eleições em questão foram adiadas duas vezes, de 31 de outubro para 31 de janeiro e, então, para a terça-feira em decorrência do genocídio que “Israel” está causando na Faixa de Gaza.
Sete milhões de israelenses estão aptos para votar, incluindo dezenas de milhares de soldados fascistas que votaram durante o serviço militar em Gaza ou nas bases israelenses onde estão. Estimativas do Ministério do Interior ao longo do dia afirmam que a participação foi inferior à das últimas eleições de 2018.
Segundo informações divulgadas pela emissora catarense Al Jazeera por meio de seu correspondente Jerusalém Oriental Ocupada, partidos de extrema direita e ultraortodoxos sionistas alcançaram vitórias significativas no pleito.
Jerusalém viu uma das maiores vitórias da extrema direita de “Israel”, que ganhou a maioria dos assentos municipais locais. O prefeito Moshe Leon, do Likud, obteve uma votação esmagadora para permanecer no cargo.
“Os resultados municipais são altamente significativos em revelar tendências contínuas”, disse Daniel Seidmann, um advogado israelense especializado em questões legais e públicas em Jerusalém. “De fato, os ultraortodoxos ou a extrema direita ganharam a maioria, mas eles praticamente já comandavam as coisas [em Jerusalém]”.
A maioria dos residentes palestinos em Jerusalém vive do lado leste da cidade. Jerusalém Oriental foi ocupado por “Israel” após capturar terras árabes em 1967. Desde então, os palestinos em Jerusalém Oriental têm permissão para participar das eleições locais, mas não de um voto nacional.
No entanto, a maioria dos palestinos em Jerusalém Oriental Ocupada boicotou as eleições municipais para protestar contra a ocupação, como tradicionalmente fazem.
Em Telavive, Ron Huldai, ex-soldado das forças de ocupação israelenses e membro do partido Os Israelenses, foi eleito para mais um mandato como prefeito. Huldai tem sido o executivo-chefe da cidade por mais de duas décadas.
Huldai já entrou em embates com Netaniahu e com a extrema direita, no geral, no passado. Entretanto, apenas por questões secundárias, como currículo escolar e afins. Alguns analistas sionistas afirmam que o prefeito, membro de um partido “de esquerda”, foi reeleito para impedir que os candidatos de direita avançassem tanto.
Em Haifa, uma cidade no norte, as eleições irão para o segundo turno entre o ex-prefeito Yona Yahav, do Partido Trabalhista, e o advogado David Etzioni. Ambos são considerados “centristas”.
Entretanto, os resultados em Telavive e Haifa parecem ser exceções às vitórias mais amplas dos candidatos de direita ao redor de toda a ocupação sionista.
O prefeito de extrema direita Yair Revivo, do Likud, foi eleito prefeito da cidade mista palestino-israelense de Lide. Cidadãos palestinos na cidade denunciam que Revivo deliberadamente derrubou casas palestinas e supervisionou a imigração de israelenses de extrema direita – incluindo os membros das milícias fascistas da Cisjordânia.
Revivo, em conjunto com o ministro de Segurança Nacional de extrema direita de “Israel”, Itamar Ben-Gvir, também armou civis israelenses em Lide com rifles M16 após a operação do Hamas em 7 de outubro.
“Não há apoio para os árabes na cidade por parte do prefeito. Ele só apoia colonos israelenses”, disse Khaled Zabarka, advogado palestino e ativista de direitos humanos de Lide.
Zabarka acrescentou que os palestinos temem que Revivo escalone deliberadamente as tensões entre residentes palestinos e israelenses para pressionar os palestinos a deixar a cidade, embora a maioria seja muito pobre para se reestabelecer em outro lugar.
Seidmann, citado anteriormente, acredita que Jerusalém também é um barril de pólvora que poderia explodir a qualquer momento. Ele disse que os resultados da eleição sugerem que o prefeito Leon não será capaz de impedir forças de extrema direita de derrubar casas e marchar pelos bairros palestinos de Jerusalém.
“Haverá momentos em que o prefeito fechará os olhos e aceitará atos absolutamente repreensíveis”, disse Seidmann à Al Jazeera. “Não há benefício para ele em se esforçar para impedi-los”.