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Brasil

Para a imprensa burguesa, empresas deveriam controlar o País

Declaração de Lula sobre a atuação da mineradora Vale deixou a imprensa antinacional alvoroçada. Para ela, o presidente deveria ser um funcionário do capital estrangeiro.

No último dia 27, foi veiculada na RedeTV! uma entrevista com o presidente Lula, onde ele foi questionado sobre a sucessão no comando da Vale. A gigante brasileira da mineração, que foi entregue aos capitalistas por FHC, está perto de definir a manutenção do presidente Eduardo Bartolomeo ou sua sucessão. Na entrevista, Lula disse o óbvio, que “a Vale não pode pensar que é dona do Brasil“. Em seguida, acrescentou que “as empresas brasileiras precisam estar de acordo com aquilo que é o pensamento de desenvolvimento do governo brasileiro“. Nada mais natural, especialmente em relação à atividade de mineração, que é uma concessão estatal.

A imprensa golpista ficou histérica. Editoriais e colunas pipocaram atacando Lula e seu “intervencionismo“. O Estado de S. Paulo chegou a publicar uma nota intitulada “Lula não é dono do Brasil“, que foi republicada em diversos sites de notícias da rede do monopólio das comunicações no Brasil. O Globo emitiu o editorial “Lula extrapola suas atribuições ao tentar intervir na Vale“. Já a Folha de S. Paulo publicou uma coluna de Alexa Salomão intitulada “Fala de Lula sobre Vale foi recebida como ameaça para tentar recuperar poder“. Entre outras peças de propaganda antinacional que foram veiculadas nos últimos dias.

Uma declaração política do presidente da República foi tratada por essa imprensa entreguista como uma coerção, uma atitude intervencionista na empresa. A coluna de Salomão começa assim: “Ameaça. Chantagem. Retaliação. Ou a Vale faz o que o governo quer, ou será penalizada“. Segundo a colunista essa teria sido a impressão de “pessoas ligadas à companhia“. Os investidores, especialmente os estrangeiros, não poderiam contar com advogados mais decididos do que esses capachos do imperialismo. A paixão com a qual oferecem proteção àqueles que exploram nossas riquezas naturais mostra sem sombra de dúvidas que essa imprensa joga contra o Brasil e contra o povo brasileiro.

Lula criticou o desmonte pelo qual a Vale vem passando nos últimos anos: “A Vale, ultimamente, está vendendo mais ativo do que produzindo o minério de ferro“. Segundo Lula, a Vale deixa de explorar algumas minas há mais de 30 anos. E foi incisivo em relação ao funcionamento geral da empresa atualmente:

“A Vale ela não explica para a sociedade brasileira o compromisso dela com a empresa da Guiné-Conacri. Ele não explica por que desistiram de uma ação de 500 milhões de dólares porque a parte contrária descobriu que o diretor da Vale estava envolvido na corrupção e eles preferiram abandonar o processo. A Vale não explica porque que ela desistiu da mina de Moatize, em Moçambique, que foi um esforço para a gente conseguir. Então eu acho que a Vale tem que saber o seguinte: não é o Brasil que é da Vale. É a Vale que é do Brasil. Não é o Brasil que tem que prestar conta para a Vale, é a Vale tem que prestar conta para o Brasil.”

Ao falar sobre a necessidade de alinhamento das grandes empresas que atuam no país com o governo eleito, Lula citou o boicote à reconstrução da indústria naval que culminou com a saída do presidente Roger Agnelli da empresa em 2011. Durante o esforço desprendido pelo governo numa área estratégica, especialmente diante da descoberta do petróleo do pré-sal no litoral brasileiro, a Vale contratou três navios de 400 mil toneladas da China. Assim como fez a Petrobrás por muito tempo, empresas do tamanho da Vale, ainda mais sendo construídas com o dinheiro público, são fundamentais para o desenvolvimento econômico do Brasil. Mas para isso, precisam atuar em sintonia com os projetos de desenvolvimento nacional e não entregues à sanha insaciável e imediatista do mercado financeiro. Lula ainda citou a privatização da Eletrobrás como um crime de lesa-pátria, outra verdade inconveniente para o imperialismo e seus capachos na imprensa brasileira.

A coluna da Folha de S. Paulo cita o racha que ocorreu na assembleia do conselho da Vale no começo de fevereiro. Foram seis votos favoráveis à recondução de Bartolomeo, seis contrários e uma abstenção. Os seis conselheiros que votaram pela manutenção do presidente da empresa foram cinco “independentes” e mais o representante da japonesa Mitsui. Os votos contrários foram dos dois representantes da Previ, o do Bradesco, dois “independentes” e o representante dos trabalhadores. O representante da brasileira Cosan se absteve. Fica claro que os maiores interessados na manutenção do atual presidente são investidores estrangeiros, que estão ganhando muito dinheiro com a venda dos ativos da empresa.

Segundo O Globo, Lula não poderia nem falar sobre os “passivos ambientais” que a Vale “precisa lidar“. Ou seja, o presidente do país não pode vir a público criticar a sequência de desastres ambientais protagonizados pela empresa. Lendo a posição dessa imprensa, podemos chegar à conclusão que o papel do presidente deveria ser atender aos desejos das empresas privadas que atuam no Brasil. O presidente eleito não deveria encher o saco desses heróis da economia que são os investidores, especialmente os estrangeiros. Seu trabalho seria criar um ambiente “confiável“, onde o santo dinheiro desses investidores teria tratamento melhor que a população que elegeu o governo.

A defesa do enquadramento das empresas gigantes a um projeto de desenvolvimento nacional é tratada como mera “vontade” ou capricho de Lula, ignorando que foi eleito defendendo essa plataforma desenvolvimentista. Lula não falou nada demais e o que disse em relação à Vale é verdade. No entanto, não podemos ignorar que é um tratamento insuficiente diante do quão estratégico é o setor da mineração. Esse tipo de atividade deveria estar sob controle direto do governo e direcionado para atender aos interesses nacionais, de forma a beneficiar o conjunto da população brasileira. Assim como a Vale, para levar adiante um programa de desenvolvimento nacional de grande porte seria necessário estatizar todas as grandes empresas entregues ao imperialismo, como Telebrás, Eletrobrás e Petrobrás, entre outras.

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