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Oriente Médio

O que está acontecendo na Palestina é uma revolução

Segundo Rui Costa Pimenta, presidente do Partido da Causa Operária, a revolução ainda não explodiu por causa da pressão exercida pelo imperialismo

Em 7 de outubro de 2023, a resistência palestina, sob a liderança do Hamas, desferiu um profundo golpe contra “Israel” com a Operação Dilúvio de al-Aqsa. Através de incursões via terra, mar e ar, os combatentes palestinos adentraram no território roubado por “Israel”, atacaram bases militares das forças de ocupação, aniquilaram tropas sionistas e levaram vários prisioneiros para a Faixa de Gaza.

Foi uma operação que revelou a debilidade do Estado sionista perante todo o mundo, acentuando ainda mais a crise do imperialismo. Isto, por si só, fez do Dilúvio de al-Aqsa uma ação revolucionária.

Agora, após quase cinco meses de “Israel” perpetrando um genocídio contra Gaza, e ataques diários contra palestinos na Cisjordânia (na tentativa de derrotar o Hamas e a resistência), toda a situação na Palestina é revolucionária.

Há, de fato, uma revolução ocorrendo na Palestina.

Quem atesta isso é Rui Costa Pimenta, presidente do Partido da Causa Operária, que expôs, na edição do dia 25 de fevereiro da Análise Política da Semana, os detalhes de sua ida ao a Catar para se encontrar com as lideranças do Hamas.

Segundo o presidente do PCO, “a viagem foi bastante esclarecedora, porque uma coisa é você ver as coisas nos noticiários; outra coisa é conversar com as pessoas, de carne e osso”. Pimenta ainda afirmou que os palestinos são um “povo extraordinário”, em razão de sua luta histórica contra o sionismo.

Durante uma visita do presidente do PCO a um hospital onde havia feridos resgatados de Gaza, uma pessoa relatou que Mahmoud Abbas, presidente da Autoridade Nacional Palestina, não os visitou quando esteve no Catar. E isto foi relatado por todos com muito ódio, deixando claro que a AP é um inimigo do povo palestino:

“Um fato interessante nessa visita ao hospital foi o seguinte: a mãe da moça que perdeu a perna falou que o Mahmoud Abbas, chefe da Autoridade Palestina, esteve em Doha para uma reunião, mas não teve a capacidade de visitar nenhum dos feridos. Já o o Ismail Hanié, ao contrário, esteve no hospital e ficou várias horas lá conversando com pessoal. Todo mundo falava isso daí com um grande sentimento de hostilidade.

A Autoridade Nacional Palestina, pelo que a gente viu, é um inimigo do povo palestino”.

Essa é uma das muitas demonstrações do sentimento revolucionário que toma conta desse povo martirizado. Afinal, a AP é quem governa a Cisjordânia e quem aparece perante a comunidade internacional como representante do povo palestino. Assim, trata-se de um sentimento de revolta contra o poder constituído.

Pimenta também expôs que esse sentimento de revolta com a situação, e de que ela não pode ser resolvida por meios pacíficos, por meio de acordos, também foi visto quando ele concedeu duas entrevistas à rede de televisão Al Jazeera:

“Na Al Jazeera, quando eu dei as duas entrevistas, eu notei que o pessoal tinha gostado. O pessoal que trabalha lá (o cidadão do microfone) tinha gostado muito das entrevistas. Quando eu comecei a ver isto, eu tirei a conclusão de que o pessoal gostava porque eu falei várias vezes que o problema palestino não vai ser resolvido pela diplomacia, só pode ser resolvido pela força. Daí na segunda entrevista, quando nós estávamos saindo, aparece um cidadão, também palestino. Era o tradutor (…) Nos disse que falamos claramente o que todo mundo está pensando. Ele falou: essa questão aqui, de negociação com ‘Israel’, isso aí não tem futuro nenhum. Nós estamos vendo isso há muitos anos. A única solução aqui é pela força.

Pimenta, então, disse que teve a impressão de que este é o pensamento de todos os palestinos, frisando que não viu, em nenhum momento, ninguém defendendo acordo de paz com “Israel”.

Diante desse sentimento generalizado de revolta contra o sionismo, o presidente do PCO pode concluir que “o que estamos vendo na Palestina é uma revolução”.

Esclarecendo porque isto seria uma revolução, Pimenta explica que “o que caracteriza fundamentalmente uma situação revolucionária é uma mudança na atitude subjetiva das pessoas em relação ao que está acontecendo. A situação revolucionária é aquela em que as amplas massas chegam à conclusão de que precisam resolver o problema de uma maneira definitiva. Derrubar o governo. Conquistar o poder. E foi exatamente isso que nós vimos ali em relação aos palestinos. Todos eles acham que a situação chegou a um limite, e que a questão precisaria ser resolvida agora. É um clima generalizado.”

Então, compara a situação com a Faixa de Gaza e a Cisjordânia, onde “Israel” perpetra o genocídio há quase cinco meses:

“Eu imagino que se o pessoal que está lá [no Catar], a uma certa distância da Palestina, pensa assim, o pessoal que está Palestina pensa isso daí três vezes mais”.

Contudo, Rui Pimenta esclarece que se trata de uma revolução contida. Segundo o dirigente, “a coisa só não explode em uma revolução por causa da pressão que é exercida pelas forças militares do imperialismo. Não fosse isto, haveria uma revolução na Palestina inteirinha”.

O que é um fato. Afinal, já no dia 7 de outubro, apenas horas após a Operação Dilúvio de al-Aqsa, os Estados Unidos começaram a enviar navios de guerras e aviões para socorrer o sionismo. No que diz respeito ao capital, o imperialismo norte-americano, já em novembro, aprovou o envio de ajuda militar orçada em 124 bilhões de dólares. De forma que “Israel” recebeu dos EUA mais financiamento de guerra do que qualquer outro país desde a Segunda Guerra Mundial.

Apesar disto, a situação permanece sendo revolucionária, conforme apontou Pimenta.

Mesmo tendo assassinado mais de 30 mil palestinos e ferido mais de 80 mil, “Israel” não conseguiu impor nenhuma derrota militar ao Hamas e demais organizações da resistência.

Tanto é assim que diariamente a resistência segue promovendo pesados ataques e baixas nas tropas sionistas. Apenas para exemplificar, vale citar os feitos das brigadas palestinas no dia 27 de fevereiro, conforme noticiado pela Press TV:

Operações das Brigadas Al-Qassam:

– Alvejou um bulldozer D9 de um militar israelense com foguetes Yassin-105, fazendo-o pegar fogo, perto da mesquita Musab bin Umair, a leste do bairro de Al-Zaytoun, cidade de Gaza.
– Destruiu um tanque Merkava com um foguete Yassin-105 nas proximidades da área de Al-Musallabah, bairro de Al-Zaytoun, cidade de Gaza.
– Golpeou com morteiros uma reunião de soldados israelenses ao redor da área de Al-Musallabah, bairro de Al-Zaytoun, a leste da cidade de Gaza.
– Alvejou um tanque Merkava com um foguete Yassin-05 na área de Al-Baldah, cidade de Khan Younis, sul da Faixa de Gaza.
– Violentos confrontos com as forças israelitas entre as ruas 8 e 9, a sul do bairro de Al-Zaytoun, na cidade de Gaza.

Operações das Brigadas Al-Quds:

– Destruiu um veículo militar israelense com um dispositivo explosivo “Thaqqib – Barrel” ao redor da junção Doulah, ao sul do bairro de Al-Zaytoun, cidade de Gaza.
– Destruiu um veículo militar israelense com um dispositivo explosivo “Thaqqib” na rua Al-Sikka, a leste do bairro Al-Zaytoun, cidade de Gaza.
– Emboscou uma força israelense em uma operação bem planejada dentro de um prédio que foi explodido com um foguete não detonado nas proximidades de Doulah Junction, ao sul do bairro de Al-Zaytoun, na cidade de Gaza.
– Atirou contra uma reunião de soldados israelenses perto da Mesquita Ali, a sudoeste do bairro de Al-Zaytoun, na Cidade de Gaza, com morteiros calibre 60.

Operações das Brigadas dos Mártires de Al-Aqsa:

– Destruiu um veículo militar israelense com um dispositivo explosivo “Asif”, seguido por um foguete RPG, incendiando-o no bairro de Al-Zaytoun, a sudeste da cidade de Gaza.
– Atacou uma reunião de soldados israelenses no eixo ao redor de Doulah Junction, ao sul do bairro de Al-Zaytoun, Cidade de Gaza, com morteiros calibre 60.
– Atacou uma reunião de soldados israelenses no eixo norte da mesquita Musab bin Umair, a leste do bairro de Zaytoun, com morteiros calibre 60.

Operações das Brigadas Mujahideen em 27 de fevereiro:

– Destruiu um tanque Merkava-4 com um foguete duplo no eixo sul do bairro de Al-Zaytoun.
– Alvejou um veículo militar israelense com um foguete antitanque no eixo de Al-Zaytoun, cidade de Gaza.
– Travou confrontos ferozes com soldados israelitas, utilizando armas adequadas, nos eixos no bairro de Al-Zaytoun, na Cidade de Gaza, resultando em vítimas.
– Operações das Brigadas Abu Ali Mustafa em 27 de fevereiro:
– Alvejou as formações táticas militares israelenses a leste de Gaza e o eixo de combate no bairro de Al-Zaytoun com morteiros.

Deve-se atentar ainda para o fato de que organizações de diversas orientações ideológicas (sunitas, xiitas e mesmo aqueles que se declaram marxistas) estão atuando em conjunto, colocando suas diferenças de lado na luta armada contra “Israel”, o que mostra uma unidade do povo palestino contra o sionismo. Dentre ela, as principais:

– Hamas
– Jiade Islâmica Palestina
– Comitês de Resistência Popular
– Frente Popular para a Libertação da Palestina
– Frente Democrática para a Libertação da Palestina
– Brigadas dos Mártires de al-Aqsa

Sobre essa última, ela atua na Cisjordânia, onde vem ocorrendo greves (inclusive greve geral) desde dezembro de 2023, em resposta aos ataques de “Israel” contra a Palestina. E isto mesmo sob a ditadura da Autoridade Palestina e seu presidente, Mahmoud Abbas, um cachorro a serviço dos sionistas e do imperialismo.

A situação revolucionária é tão evidente que o primeiro-ministro da Autoridade Palestina, Mohammed Shtayyeh, e seu gabinete apresentaram suas renúncias a Abbas, nessa segunda-feira (26). Uma profunda crise para a ditadura que “Israel” exerce através da Autoridade Palestina.

E uma demonstração da Revolução Palestina que ocorre.

Por quanto tempo o imperialismo conseguirá contê-la?

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