A Autoridade Nacional Palestina, ao contrário do que é dito pela imprensa imperialista, não é o real representante do povo palestino.
Seu governo é um preposto de “Israel” na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental, e seu presidente, Mahmoud Abbas, um cachorro pago pelo sionismo e pelo imperialismo para reprimir o povo palestino e sabotar o partido político que é o real representante daquele povo, o Hamas.
Vale ressaltar que, desde seu surgimento, é um governo que atua contrário ao povo palestino. Afinal, surgiu em 1994, como resultado do Acordo Gaza-Jericó, feito entre a OLP e o governo de “Israel”.
Um dos objetivos iniciais desse acordo era a formação de um governo interino, de um protótipo de um Estado Palestino, governo este que duraria por um período de cinco anos, governando sobre territórios da Cisjordânia e da Faixa de Gaza. Após este período, seriam feitas negociações finais a respeito da questão palestina.
O Acordo sobre a Faixa de Gaza e a Área de Jericó foi consequência do Acordo de Olso I, em que se concluíram os detalhes da farsa do “Estado” Palestino, e em que a criação da própria autoridade, um governo interino, já fora previsto.
O Acordo Gaza-Jericó foi assinado em 4 de maio de 1994, por Iasser Arafat e Isaque Rabin, os mesmos signatários do Acordo de Oslo. Uma situação que já expunha que a Autoridade seria uma instituição destinada a conter a luta do povo palestino contra o sionismo. Afinal, nos Acordos de Olso, o Fatá, que encabeçava a OLP, reconhecia a legitimidade do Estado de “Israel”.
Em segundo lugar, a natureza capituladora ficou manifesta nos territórios que constituíram o dito “Estado Palestino” sob o compando da Autoridade Nacional. Pelos termos originais do acordo, a autoridade governaria parcialmente as Áreas “A” (áreas urbanas) e “B” (áreas rurais) da Cisjordânia.
Enquanto que o controle sobre a Área “A” da Cisjordânia (áreas urbanas) seria um controle abrangendo assuntos civis e referentes à segurança, o controle sobre a Área “B” (áreas rurais) seria apenas de natureza civil. Não há que se falar em um Estado palestino se os palestinos não possuem um exército de um domínio militar sobre seus territórios, um exército que seja capaz de impedir que “Israel” lhe mantenha sob uma ditadura.
Além disto, como será exposto, a “segurança” exercida pela Autoridade Palestina sobre a população da Cisjordânia é uma ditadura a serviço de “Israel” e do imperialismo.
Ainda no que tange a questão territorial, deve-se mencionar também a “Área C”, que é a parte do território da Cisjordânia que está sob o controle direito do Estado de “Israel”, o que foi igualmente acordado nos Acordos de Oslo, demonstrando ainda mais a natureza capituladora da ANP.
Ademais, palestinos fora dos territórios ocupados e dentro de “Israel” não podem votar na Autoridade Palestina, outra demonstração de sua farsa como suposto representante dos palestinos.
Outros termos previsto pelo Acordo de Gaza-Jericó foi a retirada das forças israelenses de ocupação da cidade de Jericó, na Cisjordânia; a retirada parcial das mesmas da Faixa de Gaza; a criação da própria Autoridade Palestina e, igualmente, da Força Policial Civil Palestina.
Essa polícia é o principal auxiliar do sionismo na repressão dos palestinos da Cisjordânia.
Pois bem, conforme já exposto, quando foi criada, o que estava disposto inicialmente nos termos do acordo era que a Autoridade Palestina seria um governo interino, com duração pré determinada.
Contudo, em maio de 1999, cinco anos haviam se passado após os Acordos de Oslo.
Apesar das forças israelenses terem se retirado de Jericó e de 80% do território de Hebron, “Israel” não havia feito nada realmente efetivo para garantir que os palestinos pudessem realmente ter um Estado Palestino.
Isto é, nada havia sido feito a respeito dos direitos ao retorno dos palestinos; a continuidade territorial dos territórios palestinos (Gaza estava separada da Cisjordânia, esta última compreendida por 165 “ilhas” territoriais sob o controle parcial dos palestinos); o problema dos colonos e seus assentatamentos.
Apesar disto, a Autoridade Nacional Palestina tornou-se permanente, e uma aspecto fundamental da OLP e do Fatá.
Entre 11 e 25 de julho de 2000 ocorreu a cúpula de Camp David. O imperialismo e “Israel” tentaram, através dela, subjugar por completo o povo palestino através da Autoridade Palestina. Esta, por sua vez, buscou conquistar os direitos dos palestinos por meio de acordos.
Não deu certo.
Nisto, “Israel” continuou oprimindo o povo palestino, opressão na qual está inclusa o avanço dos colonos israelenses sobre as terras palestinas. De forma que a natureza capituladora da AP foi se tornando cada vez mais clara à medida em que a resistência palestina foi avançando em sua organização e “Israel” foi intensificando sua ditadura sobre os palestinos.
Os anos 2000 foram fundamentais para desmascarar por completo a Autoridade Nacional Palestina como o que eles realmente são: serviçais do imperialismo e mandatários de “Israel” na repressão ao povo palestino.
Em 28 de setembro de 2000 iniciou-se um movimento revolucionário do povo palestino, que ficou conhecido como a Segunda Intifada. A conjuntura foi o fracasso de Camp David. O estopim foi provocação de Ariel Sharon ao visitar a mesquita de al-Aqsa, em setembro de 2000.
Os palestinos se revoltaram com a presença desse carniceiro que esteve à frente do Massacre de Sabra e Chatila em um dos locais mais sagrados para a religião muçulmana.
Por essa razão, desencadearam protestos, os quais foram reprimidos pela ditadura fascista de “Israel”, que assassinou vários palestinos no processo.
A repressão gerou uma revolta ainda maior desse povo martirizado, e teve início a Segunda Intifada.
Por não conseguir se colocar à altura da situação, a Autoridade Nacional Palestina, que já tinha pouca legitimidade perante os palestinos, foi perdendo ainda mais. O Fatá, partido político no comando da AP, também desmoralizou-se.
O Hamas, por sua vez, cresceu em decorrência de sua luta consequente, abnegada e sem nenhuma forma de capitulação perante “Israel”
De forma que foi se tornando, progressivamente, o principal representante político do povo palestino.
Assim, em 2006, após a Segunda Intifada, houve eleições para o Conselho Legislativo Palestino, o parlamento oficial da Autoridade Palestina. Apesar de a autoridade em si ser uma farsa, e não haver um Estado Palestino de fato, em razão da ditadura que “Israel” exerce sobre a Cisjordânia e a Faixa de Gaza, praticamente fazendo dos enclaves dois campos de concentração, o Hamas participou das eleições, com a finalidade de confirmar eleitoralmente a realidade que havia se concretizado no decorrer da Segunda Intifada: a de que o Movimento de Resistência Islâmica era o principal representante do povo palestino.
De um total de 132 cadeiras, o Hamas, tendo por líder Ismail Hanié, conquistou 74, mais do que a maioria absoluta do parlamento. Já o Fatá conquistou apenas 45. Com a vitória, um novo governo da Autoridade Palestina foi formado em 29 de março de 2006, tendo Ismail Hanié como seu líder.
Se um dia a Autoridade Palestina havia sido uma farsa, agora, com o Hamas à sua frente, a principal organização revolucionária do povo palestino, o aparato da autoridade posava um grande perigo a “Israel” e ao imperialismo.
Assim, o Estado sionista, utilizando o sequestro de Gilad Shalit como pretexto, invadiu a Cisjordânia e prendeu inúmeros dirigentes do Hamas, justamente no local onde o partido não era tão forte, se em comparação com a Faixa de Gaza. Em comparação, o Fatá era mais organizado lá, e seu então líder, Mahmoud Abbas, colaborou com o ataque de “Israel” ao Hamas.
Com essa ofensiva, o imperialismo tentou impor ao Hamas três condições para se manter como governo da Autoridade Palestina: reconhecimento dos acordos entre “Israel” e a OLP, reconhecimento da legitimidade do Estado sionista, e renúcia do apoio ao “terrorismo”.
Naturalmente, como organização revolucionária que era (e continua sendo), o Hamas recusou essas condições.
Então, nos anos de 2006 e 2007 o imperialismo impôs sanções sobre o governo da Autoridade Palestina liderado pelo Hamas e também sobre líderes do partido.
Mostrando que Mahmoud Abbas estava a serviço do imperialismo para esmagar o povo palestino e sua principal organização de resistência, o Hamas, o dinheiro internacional que deveria ser destinado ao governo eleito da Autoridade, isto é, o do Hamas, passou a ir diretamente para Abbas.
O Movimento de Resistência Islâmica tentou, por diversas vezes, fazer um acordo com o Fatá, liderado por Mahmoud Abbas, para manter a unidade da Autoridade Palestina, o que facilitaria a luta contra o sionismo.
Apesar de ter sido vitorioso nas eleições, o Hamas aceitou fazer um governo de unidade com o Fatá em 2007, governo este que durou pouco tempo. Afinal, o Abbas e o Fatá, estando a serviço do imperialismo e do sionismo, não estavam interessados na unidade do povo palestino, mas em sua divisão.
O Hamas acabou se estabelecendo como o governo da Faixa de Gaza, e o Fatá como o da Cisjordânia, sendo que passou a ser reconhecido como a Autoridade Palestina pela comunidade internacional, isto é, pelo imperialismo.
Atualmente. a Autoridade Palestina continua recebendo financiamento do imperialismo (tanto dos Estados Unidos quanto da União Europeia), sendo que os recursos vão diretamente para o gabinete de seu presidente, Mahmoud Abbas desde 2006, após o Hamas ter vencido as eleições legislativas palestinas e ter se tornado, oficialmente, o principal partido representante do povo palestino.
Durante todos esses anos, a Força de Polícia Civil Palestina, aparato de repressão oficial da Autoridade Palestina, vem agindo como braço de “Israel” na Cisjordânia, auxiliando as forças israelenses de ocupação a realizar inúmeras das prisões administrativas de palestinos, sejam eles militante ativos da luta contra sionismo, sejam apenas pessoas comuns.
Para exemplificar o quão Mahmoud Abbas, presidente da AP, é um cachorro a serviço de “Israel”, apenas desde o dia 7 de outubro mais de 7.250 palestinos foram presos na Cisjordânia, conforme informações da Comissão de Assuntos de Detidos e Ex-Detidos e a Sociedade de Prisioneiros Palestinos (PPS).
Assim, não é coincidência que o Hamas é partido que representa o povo palestino, e que este possui uma hostilidade manifesta em relação à Autoridade Nacional Palestina, conforme relatou Rui Costa Pimenta, presidente do Partido da Causa Operária, após ida ao Catar, onde se encontrou com líderes do Hamas e com vários palestinos que estão refugiados naquele país.