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Presidente do PCO

O que Rui Costa Pimenta conversou com o líder do Hamas?

"Esse foi um dos principais objetivos nossos nessa viagem: fazer essa entrevista e apresentar o outro lado da questão"

A tradicional Análise Política da Semana, que vai ao ar todos os sábados na Causa Operária TV, foi realizada excepcionalmente neste domingo, dia 25 de fevereiro.

E a razão para isto foi o retorno de Rui Costa Pimenta, presidente do Partido da Causa Operária (PCO), ao Brasil após mais de 10 dias no Catar, onde se reuniu com lideranças do movimento de resistência palestino, incluindo Ismail Hanié, o chefe o birô político do Hamas e líder desse partido.

Assim, foram três horas de uma análise histórica, em que Pimenta expôs os principais detalhes de sua viagem ao Catar e das reuniões com os líderes do Hamas, detalhes estes que ajudam a esclarecer o que é o Hamas e o papel desse partido na luta do povo palestino por sua libertação nacional. São informações que também desmascaram as mentiras que o sionismo e a imprensa imperialista vem inventando contra o Movimento de Resistência Islâmica.

Segundo o presidente do PCO, “a primeira coisa que aconteceu logo no dia seguinte da nossa chega [a Doha, no Catar] é que nós fomos recebidos e fizemos uma reunião com o ministro das Relações Exteriores do Hamas, o número dois na hierarquia política do partido. Mousa Abu Marzuk, uma pessoa muito importante, um velho militante da causa palestina de muitos anos“.

Nisto, Pimenta expôs uma brutalidade característica da ditadura nazista dos sionistas, que recai sobre os palestinos: “como todos os dirigentes palestinos, já perdeu vários familiares”.

Expondo que Marzuk percebeu a real disposição do Partido da Causa Operária em travar uma luta consequente em defesa dos palestinos, Rui Pimenta disse que o ministro “teve a gentileza de fazer uma reunião separado conosco porque ele estava com uma viagem marcada. Nós nos demos conta depois que a viagem que ele tinha marcado era uma viagem para o Egito para participar da reunião com os chefes de Estado para a negociação de prisioneiros em Gaza. Ele é o principal negociador do Hamas. É o homem encarregado oficialmente para as negociações de caráter internacional. É uma personagem muito importante. Fizemos com ele duas reuniões. Fomos recebidos com extrema gentileza pela direção do Hamas“.

Nisto, Pimenta aproveitou o gancho para desmascarar mitos a respeito do Hamas, de que seria um grupo escondido em cavernas ou em catacumbas, um grupo não civilizado ou algo semelhante. O dirigente partidário fez questão de frisar que a realidade não é essa, que o Hamas é uma “instituição no Catar, onde eles estão exilados”.

Explicou, então, algo muito interessante: o Hamas é como um governo palestino no exílio, em razão da perseguição feita por “Israel”:

“Residem oficialmente lá [no Catar] sob a proteção do governo, e funcionam como uma espécie de governo palestino no exílio. Eles têm várias sedes, um número grande de pessoas trabalha com a direção do Hamas. E nós fomos recebidos no escritório do que seria o Ministério das Relações Exteriores do Hamas.”

Rui Pimenta frisa, novamente, a gentileza exibida por Marzuk, que também mostra o reconhecimento do PCO e de seu comprometimento com a luta pelos palestinos e contra o sionismo. Segundo o dirigente:

“A atenção que nos foi dispensada pelo Dr. Abu Marzuk foi muito grande, a tal ponto de que nós estávamos fazendo uma longa entrevista com ele e o mesmo estava com o horário marcado para pegar o avião para ir ao Egito, para essa reunião importantíssima. Nós estávamos fazendo uma longa entrevista. Ele falou que tinha uma hora. Passou uma hora e eu falei ‘bom, estamos na metade da entrevista, mas vamos encontrar solução’. Daí ele falou ‘não, vocês vieram de longe, nós vamos fazer a entrevista inteira’.”

De forma que, com esse nível de organização política, o que o presidente do PCO encontrou no Catar foi “o verdadeiro governo palestino no exílio, bem organizado, com os responsáveis, com secretário, com secretário de imprensa etc.“.

Quanto ao conteúdo da conversa que tiveram com o Dr. Marzuk, Rui Pimenta expôs que foi um diálogo em que foi explicado “o que estava acontecendo no Brasil, a posição do governo brasileiro sobre a Palestina”.

Então, o presidente do PCO expôs a principal razão da viagem ao Catar, para encontrar com os dirigentes do Hamas:

“O ponto mais importante nesse trabalho, que nós temos aqui, que é o nosso principal objetivo, é contar a história do outro lado […] Fizemos uma entrevista com ele procurando colocar todas as questões […] que são objeto de falsificação […] é uma longa entrevista de mais de trinta perguntas.”

E então, Pimenta aproveitou para citar várias das perguntas que foram feitas, deixando claro que as respostas serão publicadas logo menos. “Esse foi um dos principais objetivos nossos nessa viagem: fazer essa entrevista e apresentar o outro lado da questão”, reiterou Pimenta.

Foi então relatado um caso que serve para mostrar que o Hamas é o verdadeiro representante do povo palestino. Rui Pimenta citou que eles foram convidados para um piquenique à noite, um evento social comum no Catar, dada as altas temperaturas durante o dia. Lá, conheceram várias pessoas, dentre elas um empresário. Abaixo, o que disse Pimenta a respeito desse encontro:

“Nós conhecemos ali um cidadão que é um empresário. Ele não é do Hamas. E no piquenique não falou nada sobre isto, apenas que não era do Hamas. Fomos almoçar com ele no dia seguinte, pois ele havia pedido para nos mostrar que tem vários projetos de ajuda para os palestinos, projetos educacionais e outros. Mas uma coisa curiosa que eu acho que dá bem o clima da situação em relação à Palestina é o seguinte: eles serviram pra gente umas tâmaras enormes. E aí ele falou ‘os nossos soldados se alimentam dessas tâmaras aqui na Faixa de Gaza’. O que é interessante porque ele não sendo do Hamas falou ‘os nossos soldados’.”

Com isso, Pimenta explicou que essa compreensão de que não se trata de uma guerra entre “Israel” e o Hamas, mas contra os palestinos, sendo o Hamas o principal partido representante do povo palestino, é algo que “vocês sente em toda a populaçã palestina, pelo menos o que a gente vio no Catar”.

A reunião mais importante ocorreu no sábado, dia 17 de fevereiro.

Segundo o presidente do PCO, não foi uma reunião com Ismail Hanié, mas uma reunião com o birô político do Hamas. “Com exceção do Dr. Abu Marzuk, que estava viajando, todos os principais dirigentes do Hamas participaram da reunião, o que nós interpretamos como um sinal de respeito muito grande por aquilo que nós estamos fazendo“, disse.

A reunião durou cerca de duas horas. Rui Pimenta explicou que um dos objetivos da visita também era “fazer uma entrevista com o próprio Ismail, que é o principal líder do Hamas”. Contudo, foi-lhe informado “que ele não dá entrevistas” em razão do tempo disponível. E então, Pimenta explicou que sugeriu que Ismail fizesse uma declaração para o povo brasileiro. Como a reunião ocorreu muito bem, o líder do Hamas decidiu fazer a declaração! A qual será publicada assim que for devidamente traduzida.

Rui Pimenta, então, contou a respeito de uma “visita muito especial” que a delegação do PCO fez, que foi aos feridos de Gaza que estão em  um hospital no Catar.

“O sionismo não permite que a maioria dos feridos saia da Faixa de Gaza. Segundo foi informado, eles não permitem especialmente que os feridos graves saiam, pois a expectativa deles é que se a pessoa ficar lá, não vai ter o tratamento adequado e vai morrer. O que é um outro crime que eles estão cometendo. Destruíram os hospitais e não deixam os feridos graves saírem. Até o momento em que estávamos lá, só haviam saído de Gaza quatro mil pessoas, de 80 mil.”

Pimenta, então, cita vários casos de palestinos que foram gravemente feridos e que estavam internados em um hospital no Catar. Crianças e adolescentes com membros amputados, com seus parentes já assassinados por israel. É um milagre que muitos estejam vivos. “É uma das coisas mais criminosas e monstruosas que a gente já viu na história. Era difícil realmente se controlar ali“, disse, emocionado, o presidente do PCO.

Apesar da situação, Pimenta fez questão de frisar o otimismo com que os palestinos lá encaravam toda a situação: “os palestinos que a gente encontrou, você não via o pessoal lá chorando, se lamentando […] eles mantinham o espírito positivo“.

E a respeito dessa visita ao hospital, Rui explicou que, em nenhum momento desde o 7 de outubro, Mahmoud Abbas, o presidente da Autoridade Nacional Palestina, visitou os feridos pelos bombardeios israelenses. Enquanto que Ismail Hanié, líder do Hamas, não só visitou, como em suas visitas, passou horas com os pacientes. De forma que o povo palestino vê a Autoridade Nacional como seu inimigo:

“Um fato interessante nessa visita ao hospital foi o seguinte: o Mahmoud Abbas, chefe da Autoridade Palestina, esteve em Doha para uma reunião, mas não teve a capacidade de visitar nenhum dos feridos. Já o Ismail Hanié, ao contrário, esteve no hospital e ficou várias horas lá conversando com pessoal. E todo mundo falava isso com um grande sentimento de hostilidade contra a autoridade Nacional Palestina que, pelo que a gente viu, é um inimigo do povo palestino. Todo mundo vê a coisa desse ponto de vista, nós ouvimos vários comentários.”

E, reiterando a confiança que o povo palestino repousa na luta revolucionária do Hamas, Rui Pimenta disse que “não encontramos ninguém que não falasse que os palestinos não vão sair vitoriosos dessa”. Nesse sentido, expôs que há uma situação revolucionária na Palestina e que “a coisa só não explode em uma revolução por causa da pressão que é exercida pelas forças militares do imperialismo”.

Esclarecendo essa afirmação, Rui Pimenta diz que “o que caracteriza fundamentalmente uma situação revolucionária é uma mudança na atitude subjetiva das pessoas em relação ao que está acontecendo. É aquela situação em que as amplas massas chegam à conclusão que precisam resolver o problema de uma maneira definitiva, derrubar o governo e conquistar o poder”.

E então declara que o que o Partido da Causa Operária pretende fazer “é colocar todas essas informações em vídeo, colocar essas informações no papel também, distribuir amplamente, expor o que é que o Hamas realmente pensa e defende, fazer esse esclarecimento junto a autoridades públicas, fazer uma campanha junto a setores que se posicionam a favor da Palestina, mas tem uma restrição ao Hamas“.

Nesse sentido, Rui Pimenta denunciou a ditadura da Autoridade Palestina na Cisjordânia, que já prendeu mais de 12 mil palestinos, agindo como mandatário de “Israel” na contenção do Hamas. Ele afirmou que, se “você não considerada adequadamente o papel do Hamas nos acontecimentos atuais da Palestina, você está defendendo um povo palestino abstrato. Pois o povo não é uma somatória de indivíduos, ele tem que ter uma forma organizada. Assim, deve-se considerar esse povo do ponto de vista da organização que ele tem, e a principal organização é o Hamas. O povo palestino é o Hamas. Isto é incontroverso“.

Por fim, cumprindo seu objetivo de desmascarar as calúnias de “Israel” contra o Hamas, Rui Pimenta, ao responder uma pergunta, informou que o PCO irá dialogar com o governo brasileiro para propor o estabelecimento de uma comissão para investigar o que realmente aconteceu no dia 7 de outubro. Inclusive, forneceu uma informação reveladora:

“A direção do Hamas me disse que, quando apareceu a denúncia de que houve estupros, assassinatos de bebê, Ismail Hanié entrou em contato com os israelenses e disse ‘apresentem as provas, pois se alguém [do Hamas] fez isto, nós vamos punir’. Mas nunca foi apresentada nenhuma prova.”

Uma demonstração de que o imperialismo e o sionismo estão interessados em criar pretextos para tirar a legitimidade do Hamas como o principal representante do povo palestino, e da luta armada desse povo contra “Israel” e o sionismo.

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