Rui Costa Pimenta, presidente do Partido da Causa Operária (PCO), esteve em uma importante viagem ao Catar, onde se reuniu, além de representantes da resistência palestina, com Ismail Hanié, líder político do Movimento de Resistência Islâmica (o Hamas). O Partido tem se destacado por sua defesa intransigente à luta do povo palestino, sendo, inclusive, alvo de processos por parte de sionistas e outros direitistas que acusam o PCO e seus militantes de serem antissemitas.
Quem é Ismail Hanié
Hanié tem 61 anos e nasceu no campo de refugiados de Al-Shati, na Faixa de Gaza. Seus pais se refugiaram durante a guerra árabe-israelense de 1948. Ele é formado em literatura árabe pela Universidade Islâmica de Gaza. A universidade tem sido alvo constante de bombardeios pelos sionistas, que usam a desculpa, reproduzida pela imprensa burguesa, de que ali seria um centro de treinamento de terroristas.
Hanié é um dos mais jovens fundadores do Hamas, durante seu curso universitário foi integrante do ‘Bloco de Estudantes Islâmicos’, movimento precursor do Hamas. Foi detido pelas forças sionistas por participar de protestos. Em 1988 foi preso novamente e condenado pelas autoridades israelenses a três anos de prisão. Em 1992 foi liberto e deportado para o sul do Líbano. Em 1993 retornou a Gaza e foi nomeado reitor da Universidade Islâmica.
Hanié foi detido também pela Autoridade Palestina, serviçal do sionismo, por considerar as atividades e ideologia de seu grupo como uma ameaça aos Acordos de Oslo. Acordos que os sionistas nunca tiveram a intenção de cumprir. Em 2003 havia aproximadamente 100 mil colonos israelenses na Cisjordânia. Hoje, esse número ultrapassa os 700 mil, o que prova que os sionistas nunca abandonaram seu propósito de expulsar todos os palestinos de suas terras.
Hanié entrou para o Hamas na década de 1980, quando se tornou um de seus líderes. Foi eleito para o Conselho Legislativo Palestino no mandato de 1996 a 2006. Em 2006, o Hamas obteve sua primeira vitória nas eleições legislativas, e Hanié e tornou primeiro-ministro da Autoridade Nacional Palestina (ANP).
Em 2006 foi formado o primeiro governo de coalizão entre o Fatá e o Hamas. Aquelas foram apenas a segunda eleição realizada na entidade autônoma constituída em 1994. O Hamas obteve maioria absoluta com 74 deputados eleitos, 24 cadeiras a mais que o partido de Mahmoud Abbas, líder do Fatá após a morte de Iasser Arafat.
A divisão entre o Hamas e o Fatá
A eleição do Hamas nunca foi aceita pelos sionistas, que logo trataram de colocar Abbas para agir. Em 2007 quase se iniciou uma curta guerra entre os palestinos, que terminou no controle da Cisjordânia pelo Fatá, e a Faixa de Gaza pelo Hamas. Hanié foi deposto por Mahmoud Abbas, que nomeou Salam Faiad, manobra que foi denunciada pelo Conselho Legislativo Palestino, que continuo a reconhecer Ismail Hanié. Faiad limitou sua jurisdição à Cisjordânia e Hanié continuou governando Gaza. Essa separação entre os governos durou até 2014, quando se formou um governo de unidade nacional baseado em um acordo Fatá-Hamas. O governo de unidade foi considerado expirado pelo Hamas em 2016.
Ismael Hanié permaneceu como líder em Gaza até outubro de 2017. Foi reeleito líder político do Hamas por mais quatro anos e hoje vive no Catar.
Todo o problema do imperialismo com Hanié vem de sua militância política. Defensor da resistência armada contra a ocupação colonialista israelense, não reconhece Israel e defende a criação de um Estado palestino independente.
No ano de 1997, o xeique Ahmed Iassin, fundador e líder espiritual do Hamas, colocou Hanié como chefe de seu gabinete pessoal. Com os assassinatos de Abdal-Aziz al-Rantisi (2003), e do Iassin (2004), ambas vítimas do Estado sionista, Ismail Hanié se tornou líder do Hamas.
Perseguição imperialista
Os líderes do Hamas têm sido alvo incessante de assassinatos praticados pelos sionistas, cuja intenção é decapitar o movimento de resistência islâmica. No entanto, enquanto se dedica a assassinatos pontuais, o Hamas e outras organizações de resistência desferiram um golpe fatal no sionismo.
Em 7 de outubro de 2023, os combatentes palestinos atacaram o Estado sionista e fizeram vários reféns. Derrubaram o mito de que Israel seria uma fortaleza intransponível. A fraqueza israelense foi tão flagrante que os Estados Unidos logo trataram de enviar porta-aviões e navios de guerra para defender seu braço armado colonialista no Oriente Médio.
Como era esperado, os sionistas iniciaram um dos ataques mais covardes registrados na história. Mataram, até agora, mais de 12 mil crianças. Israel tem se dedicado a matar jornalistas na tentativa de esconder suas atrocidades. O número já chega a 132.
Os sionistas mataram inúmeros intelectuais, professores, médicos, destruíram escolas, universidades, hospitais em uma escala jamais vista. É um genocídio praticado ao vivo e em cores, patrocinado diretamente pelo imperialismo, pelos países que se dizem defensores da democracia, da liberdade e dos direitos humanos.
O nome de Ismail Hanié é um destaque em um dos movimentos mais importantes do século XXI. Ele faz parte de um grupo de pessoas que não se curvaram diante das forças mais poderosas de assassinas que a humanidade já conheceu, e que, mesmo assim, preferiu lutar.