A semana começou com a notícia da libertação da cidade de Avdeevka pelos russos. O anúncio foi feito pelo Ministro da Defesa Sergei Shoigu e, como lembra matéria do Sputnik, tratava-se de um reduto das Forças Armadas da Ucrânia há mais de 10 anos. Mesmo sendo uma cidade pequena, fica muito perto de Donetsk e teria sido descrito por alguns analistas militares como “o local mais fortificado da Terra”, uma espécie de “cidade fortaleza”. Foram meses de embates e progressos estratégicos até o cerco do restante dos soldados ucranianos, que prenunciou essa que pode ser considerada uma das mais importantes vitórias desde fevereiro de 2022. A tomada da cidade tende a dificultar que a Ucrânia mantenha bombardeios em Donetsk.
Em entrevista à Sputnik, o especialista em relações exteriores e segurança Mark Sleboda apontou que “a ordem de retirada só foi dada dois dias depois que as tropas do regime de Kiev já haviam abandonado em massa as suas posições”. O governo Zelenski chegou a afirmar que a cidade não havia sido conquistada de fato, pois os ucranianos optaram por não seguir defendendo a importante posição. No entanto, o estado desordenado que os russos encontraram, incluindo diversos veículos e equipamentos abandonados, expõe que Kiev não esperava por esse desfecho na cidade.
O especialista apontou alguns dos fatores que levaram à derrubada dessa que seria uma base especialmente protegida. Em primeiro lugar, cita a baixa qualidade dos soldados ucranianos nessa altura da guerra. Muitos deles inclusive sendo parte do contingente recrutado à força e com pouco tempo de treinamento. No final de janeiro, o governo Zelenski apresentou projeto de lei para intensificar o recrutamento, o que repercutiu muito mal na Ucrânia. Pessoas com problemas de saúde, incluindo muitos idosos, têm sido intimados a servir de bucha de canhão nessa aventura militar do imperialismo.
Para além da falta de soldados qualificados, a dificuldade ucraniana em abastecer seu estoque de munições foi apontada como um segundo aspecto importante da derrota de Zelenski em Avdeevka. Com o início do recente e monstruoso ataque israelense na Faixa de Gaza, o abastecimento para a Ucrânia foi imediatamente racionado. Sendo uma posição mais importante para o imperialismo, “Israel” passou na frente da fila por verbas e armamentos. Esse fator contribui para o agravamento da deserção, que tem sido um problema para o exército ucraniano já há algum tempo.
Em terceiro lugar, Sleboda cita os problemas na comunicação ucraniana, aparentemente causados pela chamada “guerra eletrônica”. A Ucrânia faz uso dos serviços da Starlink, fornecidos pela empresa de Elon Musk, a SpaceX. A interferência dos técnicos russos fez com que muitas tropas ucranianas ficassem completamente perdidas na reta final da batalha.
Além desses fatores, ele cita ainda a atual falta de defesas aéreas disponíveis para os ucranianos e o uso intensivo pelos russos das bombas guiadas de longo alcance FAB-500 e UPAB-500. Tratam-se de bombas extremamente precisas e letais, sendo usadas em larga escala pela Rússia nessa etapa da guerra.
Sleboda aponta ainda as maneiras opostas com a qual os dois governos lidam com suas ações militares. Enquanto os ucranianos fazem enorme alarde, inclusive para angariar recursos nos países imperialistas que patrocinam a guerra, os russos mantêm o silêncio. Ele destaca que o nome Avdeevka só chegou a ser citado pelo Ministério da Defesa após a libertação da cidade.
O prognóstico do especialista é que as Forças Armadas da Rússia avancem com tranquilidade para pequenas cidades e aldeias próximas, já que a fortificação encontrada em Avdeevka não se encontra no restante da região. Ele conclui dizendo que a capitulação final da Ucrânia parece inevitável. Mesmo se os Estados Unidos voltarem a financiar o governo ucraniano, eles não possuem capacidade militar-industrial para alcançar os russos e esse dinheiro será gasto em mais propaganda e ações para coagir civis ucranianos para integrar o exército.