Desde o início da operação militar russa no leste da Ucrânia, o imperialismo vem falhando no seu esforço para flagelar o governo de Vladimir Putin e a Rússia como um todo. O bloqueio às tentativas russas de negociar uma paz e a imposição de duras sanções econômicas deveriam produzir como resultado uma crise econômica para desestabilizar o país e forçar a queda do governo nacionalista. Com nítido ressentimento e diante da destruição das forças militares ucranianas, uma série de artigos relacionam o bom desempenho da economia russa com sua capacidade em seguir travando a guerra contra o governo fantoche da Ucrânia.
A “guerra de Putin” ou “guerra de um czar” são termos que a imprensa burguesa usa para dar a entender que a invasão da Ucrânia em 2022 teria um caráter de expansão territorial, com dominação de um país vizinho. No entanto, ao falarem sobre as sanções, acabam tendo que lembrar que a Rússia sofre esse tipo de ofensiva desde 2014. Com o golpe do Euro Maidan e a escalada fascista liderada pelos grupos paramilitares de extrema direita, os russos organizaram um plebiscito, onde a população da Crimeia escolheu integrar a Federação Russa. Além de abrigar uma importante base da sua Marinha, a maioria da população de lá tem origem russa.
O que deixou a burguesia imperialista sem chão foi o completo fracasso das sanções impostas à Rússia. Essa arma de guerra, que tem o potencial de arrasar economias, não funcionou dessa vez com os russos. O esmagamento da economia russa era dado como certo pelos “analistas” a serviço do imperialismo. Ao invés de previsões objetivas, ficou provado que não passava de torcida. Quem mais apanhou nessa disputa entre a Rússia e o imperialismo norte-americano foram os países imperialistas da Europa. Submissos ao imperialismo mais poderoso, entraram de cabeça na aventura nazista na Ucrânia e arcaram com um alto custo.
Enquanto o Produto Interno Bruto (PIB) da Rússia cresceu cerca de 3,6%, o conjunto dos países da chamada “Zona do Euro”, que coincide mais ou menos com os países da União Europeia, teve crescimento do PIB por volta de 0,6%. O governo russo teve habilidade para seguir exportando suas matérias-primas, especialmente petróleo e gás natural. Muitas vezes para países que então revendiam para a Europa, encarecendo o fornecimento de energia para os países europeus. Ao mesmo tempo, a Rússia manteve aquecida sua indústria militar, de alta tecnologia. Foram resultados que surpreenderam os agentes do imperialismo.
Fica evidente que a estratégia era quebrar a economia russa, tornando as condições de vida tão insuportáveis para a população que esta se voltaria contra o governo. O objetivo de fazer o que chamam de “troca de regime” sempre cobra um alto preço na vida das populações onde o imperialismo decide intervir. O fracasso da operação, no entanto, parece estimular o oposto, um aumento na já alta popularidade de Putin na Rússia.
Importante citar que muitos países atrasados não embarcaram nas sanções e aproveitaram para aumentar o comércio com a Rússia. Por mais que sejam países em grande medida subjugados pelo imperialismo, eles não têm tanta gordura para queimar quanto os países imperialistas europeus. Um exemplo claro disso foi a postura ambígua do governo Bolsonaro, que mesmo capacho dos Estados Unidos teve que manter a postura com a Rússia diante da grave crise econômica.
Resta saber se a admissão de derrota em mais um terreno da guerra do imperialismo contra a Rússia indica a proximidade da desistência da aventura ucraniana. Há algumas semanas, a imprensa imperialista já soltou reportagens mostrando o fracasso militar ucraniano e questionando a montanha de recursos investidos no governo Zelenski, que, para piorar, tem sido apontado como um antro da corrupção. As acusações, nesse sentido, desgastam ainda mais a relação do governo Biden com a população dos Estados Unidos, que vê seu governo jogar dinheiro fora enquanto a situação social do país só se deteriora.