No artigo Como a fala de Lula sobre o Holocausto foi vista dentro do Itamaraty, publicado em sua coluna de fofocas da revista Veja, Matheus Leitão, filho da golpista venal Miriam Leitão, afirma que “uma parcela importante do corpo técnico do Itamaraty não está de acordo com a declaração de Lula comparando os atuais crimes de guerra cometidos por Israel em Gaza — após o ato terrorista do dia 7 de outubro — com o Holocausto”.
Quem seria esse tal “corpo técnico”? Matheus Leitão, obviamente, não explicita. Mas ainda que haja um grupo de pessoas no Itamaraty que discorde da fala de Lula – afinal, nem no primeiro escalão de ministros Lula conta apenas com aliados -, o que se poderia falar dessas pessoas? Ora, que estão ao lado de figuras como o nazista Benjamin Netaniahu, que retaliou o presidente da República, e do soldado israelense André Lajst, cuja missão no último período é de propagar mentiras sobre a resistência palestina. Sendo assim, se de fato há essas pessoas no Itamaraty, Lula não deveria lhe dar ouvidos.
Mas tudo fica ainda pior quando o fofoqueiro da Veja tenta explicar a posição do tal “corpo técnico”. Diz ele:
“A distorção feita por Lula sobre o Holocausto, contudo, é vista como um erro que pode colocar a credibilidade internacional do país — e a do próprio petista — em cheque (sic).”
A preocupação seria, portanto, com uma certa “credibilidade internacional”. Consideremos, por um minuto, que isso fizesse de fato sentido. Seríamos, então, obrigados a perguntar: o que teria maior importância para Lula, presidente de um dos países mais importantes do planeta, maior liderança de massas de seu país e um dos mais respeitados líderes políticos do mundo: rechaçar um genocídio em curso ou se preocupar com sua “credibilidade”?
É óbvio que, quando Matheus Leitão fala em “credibilidade”, ele quer dizer algo muito específico: a “credibilidade” perante os Estados Unidos, o Reino Unido e a França – em resumo, perante o imperialismo. O termo “credibilidade” deveria, portanto, ser substituído por “capachismo”. Assim seria mais honesto por parte do Leitão filho.
A preocupação do fofoqueiro da Veja é que Lula seja “bem visto” por monstros como Joe Biden, que acabou de destinar quase meio trilhão de reais para os exércitos fascistas da Ucrânia e de “Israel” e que está iniciando uma guerra com um dos povos mais miseráveis do planeta, que são os iemenitas. Lula deveria manter sua “credibilidade” com ditadores como Emmanuel Macron, que chegou a proibir que houvesse manifestações contrárias ao genocídio na Faixa de Gaza. Lula, por fim, deveria se fazer de bom moço perante a monarquia britânica, a mesma que apoiou a invasão do Iraque, que deixou um saldo de mais de um milhão de mortos.
Não bastasse sua subserviência aos piores inimigos da humanidade, Leitão ainda mente descaradamente:
“O temor agora, no Itamaraty, é o de que isso se agrave a ponto de ser comparado à gestão bolsonarista, vista como pária vergonhoso internacionalmente.”
Ora, apoiar o povo palestino e criticar as ações de “Israel” seria, segundo o fofoqueiro, uma atitude de um pária internacional! Lula, ao criticar Benjamin Netaniahu, estaria, portanto, a um passo de se tornar um Vladimir Zelenski, aquele que todos, inclusive o próprio Lula, evitam encontrar!
Em que mundo Matheus Leitão vive? Trata-se exatamente do contrário. Quem vem se tornando cada vez mais isolado é “Israel”. Na mais recente assembleia da Organização das Nações Unidas (ONU) acerca de um cessar-fogo na Faixa de Gaza – isto é, a interrupção dos bombardeios israelenses -, 153 países votaram a favor, com apenas 10 votos contrários e 23 abstenções. Em outra votação com significado semelhante, ocorrida em novembro de 2023, apenas Estados Unidos e “Israel” ficaram contra o fim do bloqueio econômico a Cuba.
“Israel” é que já é um pária internacional. Mais de 90% dos governos do mundo condenam o genocídio e consideram que o que Lula disse é correto. Governos, porque os povos de todos os países estão horrorizados e revoltados com o que os sionistas estão fazendo em Gaza.