No último domingo (18), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que o que “Israel” está fazendo contra os palestinos em Gaza só pode ser comparado ao que Adolf Hitler fez contra os judeus durante a Segunda Guerra Mundial.
“O que está acontecendo em Gaza não aconteceu em nenhum outro momento histórico, só quando Hitler resolveu matar os judeus”, afirmou o presidente durante entrevista coletiva em Adis Adeba, capital da Etiópia.
Lula também declarou que “[…] não tem nenhuma explicação o comportamento de Israel, a pretexto de derrotar o Hamas, está matando mulheres e crianças, coisa jamais vista em qualquer guerra que eu tenha conhecimento”.
A declaração do chefe do Executivo brasileiro é absolutamente acertada. Mas há mais que pode ser dito.
Em primeiro lugar, o que “Israel” está fazendo em Gaza conseguiu superar a atividade nazista durante a Segunda Guerra. A começar pelo fato de que a Faixa de Gaza é o maior campo de concentração a céu aberto da história, no sentido de que, por conta do Estado sionista, a região é submetida a uma série de restrições.
“Israel” controla, por exemplo, a entrada de água, alimentos e energia. Nesse sentido, a esmagadora maioria dos palestinos que moram em Gaza não tem acesso a água potável: segundo dados da Organização das Nações Unidas (ONU), antes mesmo da deflagração da atual etapa do conflito, em 7 de outubro de 2023, mais de 95% da água e Gaza era imprópria para o consumo.
Esse bloqueio aumentou dramaticamente o número de doenças relacionada ao consumo de água imprópria, gerando, por exemplo, surtos de cólera e de outras doenças infecciosas.
Sem contar no fato de que Gaza é rodeada por muros e cercas que são vigiados dia e noite por guardas sionistas, garantindo a restrição da saída da região não só pela via terrestre, mas também marítima e aérea.
Em segundo lugar, devemos relembrar que não foi o nazismo quem praticou os piores crimes contra a humanidade: foi o imperialismo, mais especificamente, os Estados Unidos e a Inglaterra.
São inúmeros os exemplos que comprovam isso, mas vejamos um: ao final da Segunda Guerra Mundial, os Estados Unidos mataram mais de 200 mil pessoas em questões de minutos com as bombas atômicas jogadas em Hiroxima e Nagasaqui. Apesar de os nazistas terem matado milhões de pessoas, o fizeram ao longo de anos, enquanto que os norte-americanos, em uma tacada só, destruíram a vida de centenas de milhares de pessoas.
Em relação à Inglaterra também não faltam exemplos. Em 1952, Churchill, querendo utilizar as terras férteis do Quênia, matou mais de 100 mil quenianos, fazendo, ainda, 320 mil prisioneiros. No Iraque, mais recentemente, os ingleses invadiram o país, em conjunto com os EUA, e mataram mais de um milhão de pessoas, além de promover um dos maiores deslocamentos de seres humanos de todos os tempos.
Por fim, devemos lembrar que o sionismo, apesar de não ter surgido do imperialismo, só cresceu e ganhou a importância que tem hoje em dia por meio de um financiamento imperialista gigantesco. Portanto, é, também, uma ideologia imperialista.
E foi em nome dessa ideologia que os sionistas cometeram crimes impensáveis, como foi a Nakba, que resultou na expulsão de milhões de palestinos e em massacres grotescos, como o de Sabra e Chatila, que vitimou mais de quatro mil pessoas. É em nome do sionismo que “Israel” já matou mais de 35 mil palestinos em apenas quatro meses.
Nesse sentido, a colocação de Lula, com uma pequena correção, indica quão criminosa é a atuação do Estado de “Israel” contra o povo palestino. Um Estado verdadeiramente nazista que está disposto a cometer as maiores atrocidades da história.
Não é à toa que o grupo de judeus ortodoxos Torah Judaism, defendendo o presidente Lula, afirmou que “Israel é muito pior que os nazistas”.